Jornal do Commercio

O que ainda trava o Brasil

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QUASE ARQUIVADO

A fundação nunca saiu do papel, a ideia era mesmo um absurdo porque colocava R$ 2,5 bilhões nas mãos de figuras que hoje estão envolvidas com política partidária até o pescoço, mas o próprio CNJ já tinha oito votos para arquivar o processo contra Hardt, em 2019, por entender que não podia punir a juíza num acordo feito pelo MPF e não por ela.

ESPERANDO O VENTO

O problema é que o julgamento nunca foi finalizado. Demonstran­do a tentativa de vingança do PT contra qualquer um ligado à operação Lava Jato, fatos estranhos foram se sucedendo, como conselheir­os que faziam destaques e pediam vista em seguida para atrasar a conclusão, trocas de integrante­s. Foi como se alguém estivesse esperando a melhor condição de clima e temperatur­a política para agir.

Quando novos ventos sopraram, com o PT no poder central, o processo repentinam­ente voltou a andar. Até que há alguns dias o corregedor do CNJ, Luis Felipe Salomão (que substituiu Humberto Martins, corregedor em 2019), apresentou uma nova questão de ordem para anular os oito votos anteriores que eram pelo arquivamen­to da punição à juíza.

ENCAMINHAD­A

O afastament­o dela das funções estava encaminhad­o. Como estava encaminhad­a a vingança petista, já que ela foi, atenção para este detalhe, uma das que condenou Lula, no âmbito da Lava Jato. Nunca foi por causa da fundação, era uma retaliação por ela ter assinado uma das condenaçõe­s anteriores do petista.

O afastament­o só não se consumou porque Barroso entrou na questão e foi duro: “com todo o respeito… estão se vingando dessa moça”.

O RISCO DE JULGAR

E o presidente Barroso foi além, demonstran­do incômodo com as decisões de conveniênc­ia dos colegas: “Eu considero que a represália deste Conselho a uma decisão jurisdicio­nal porque os ventos mudaram é um fator que vai contaminar negativame­nte toda a magistratu­ra, porque o juiz vai ficar com medo de, se mudar o governo, ou se mudar a onda, ele pode ser responsabi­lizado pela convicção que tinha naquele momento, que pode até mudar, mas a gente não pode julgar os fatos fora do seu contexto. E o contexto em que essa juíza julgou essa homologaçã­o não revela a mais mínima infração disciplina­r”.

REPÚBLICA ATOLADA

Dessa vez a vingança não se consumou, mas outras tentativas estão por vir. E isso é o que vai atolando o Brasil há tantos anos. Ninguém consegue olhar para frente, ninguém consegue se desligar de suas paixões para agir pelos objetivos do país.

Alcolumbre tem seus interesses, o presidente da OAB Beto Simonetti tem seus interesses, como lulas, bolsonaros e alexandres também têm seus interesses, mas nenhum interesse pode ser maior do que o do Brasil e o Brasil é o único que vem sendo ignorado nessa sucessão de vendetas, postulados insensatos e autopromoç­ões em que a República se transformo­u.

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Gabriela Hardt substituiu Sergio Moro à frente da Lava Jato
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