Jornal do Commercio

Empresa Vera Cruz ignora regras impostas pelo governo de Pernambuco e MPPE com ônibus quebrados nas ruas do Grande Recife

A Vera Cruz não poderia ter veículos quebrados nas ruas do Grande Recife até o fim do ano, mas flagrantes mostram que a determinaç­ão não está sendo cumprida

- ROBERTA SOARES

Aempresa de ônibus Vera Cruz, uma das permission­árias do transporte público da Região Metropolit­ana do Recife, tem ignorado o acordo feito com o governo de Pernambuco e mediado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Flagrantes de ônibus quebrados ou com dificuldad­es visíveis de manutenção, inclusive com passageiro­s tendo que empurrar os coletivos para que sigam viagem.

As imagens mostram um coletivo da Vera Cruz quebrado na PE-17, conhecida como Estrada da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes - área de atuação da empresa - sendo empurrado por passageiro­s. O fato teria acontecido na manhã de terça-feira (16/4). Outros flagrantes que mostram as frequentes quebras e problemas mecânicos da frota da Vera Cruz também têm circulado nas redes sociais, comprovand­o que a operadora não está conseguind­o atender ao que foi determinad­o no acordo.

Entre as exigências a serem cumpridas pela empresa de ônibus Vera Cruz para continuar como permission­ária do Sistema de Transporte Público de Passageiro­s da Região Metropolit­ana do Recife (STPP/RMR) - a empresa pediu para entregar linhas e permutar outras - estava a de que a empresa não poderia ter veículos quebrados nas ruas e avenidas do Grande Recife até o fim do ano, com exceções que deveriam ser analisadas pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolit­ano (CTM), gestor do STPP/RMR.

Pelo menos é o que foi acordado no TAC (Termo de Ajustament­o de Conduta) firmado no início de abril entre a Vera Cruz e o governo de Pernambuco, e mediado pela Promotoria de Transporte­s do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A Vera Cruz também teria que apresentar 70 carros para serem vistoriado­s e aprovados até o dia 15 de abril e outros 26 até o dia 30 de abril, totalizand­o 179 veículos aptos a operarem até o fim do mês.

O governo de Pernambuco não se posicionou sobre os flagrantes e o cumpriment­o do TAC firmado com a Vera Cruz. E a empresa não tem se posicionad­o sobre o assunto desde o pedido de entrega de parte da operação.

EMPRESA RECUOU DA ENTREGA DAS LINHAS APÓS ESTADO AMEAÇAR SUSPENDER A PERMISSÃO

A empresa de ônibus Vera Cruz desistiu de entregar nove linhas de ônibus, permutar e compartilh­ar outras sete, depois que o governo do Estado ameaçou suspender a permissão da empresa, conhecida pelos problemas históricos na prestação do serviço de transporte público.

A Vera Cruz também se compromete­u a manter, no mínimo, durante 12 meses, zero autuações por frota reduzida, descumprim­ento de ordens de serviço de ônibus (OSO) ou operação de veículo retido. Além disso, deverá reduzir em, pelo menos, 90% as constataçõ­es de horário não realizado e Plataforma­s Elevatória­s Veiculares (PEV) quebradas.

A empresa deverá, ainda, manter no mínimo 171 veículos de tipologia aprovada pelo Conselho Superior de Transporte Metropolit­ano (CSTM) para operação nas linhas designadas para a empresa, além de outros na frota reserva, todos com certificad­o de vistoria válido. E, em até 60 dias, a Vera Cruz não poderá figurar entre as maiores participaç­ões proporcion­ais no quantitati­vo de reclamaçõe­s registrada­s no CTM.

Por fim, a Vera Cruz não poderá ter veículos quebrados em via pública até o fim do ano, com exceções que deverão ser analisadas pelo CTM - obrigação que mais interessa ao passageiro, vale destacar. E, ainda, implantar programa de combate à evasão de receitas em suas linhas.

PEDIDO DE ENTREGA DE LINHAS

No início de março, a Vera Cruz tinha pedido para devolver ao Estado a operação de nove linhas na área Sul do Recife, em Jaboatão dos Guararapes, no Cabo de Santo Agostinho e em Ipojuca. E mais: a unificação de duas linhas, o compartilh­amento e a permuta de outras cinco linhas. A Vera Cruz é uma das oito permission­árias do sistema, ou seja, que não têm contrato de licitação.

O governo de Pernambuco entrou pesado contra a má operação da empresa, com um rigor que não era visto há muitos anos na gestão do sistema. O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolit­ano - que gere o sistema de ônibus na RMR - decidiu instaurar um processo de revogação da permissão da operadora e suspender a operação, por 90 dias, de 14 linhas de ônibus operadas pela empresa.

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Acordo foi mediado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e prevê a renovação da frota ainda em abril

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