Jornal do Commercio

Sequestro no Grande Recife expõe ausência de investigaç­ão policial nos fins de semana

Jovem de 27 anos foi levado por criminosos na tarde da última sextafeira, mas buscas só começaram três dias depois. Adeppe denuncia baixo número de delegacias funcionand­o 24h

- RAPHAEL GUERRA

Ocaso do auxiliar de carga e descarga Alisson da Rocha Alves, de 27 anos, que foi roubado e sequestrad­o no Loteamento Cidade Garapu, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, expõe a ausência de investigaç­ões e de delegacias abertas 24 hem pernambuco. O problema é antigo, mas se intensific­ou nos últimos anos -principalm­ente pela falta de efetivo policial.

Alisson seguia de moto, por uma área de mata, quando foi abordado pelos bandidos, na última sexta-feira. O pai dele, também no veículo, foi liberado. Mas o jovem foi levado. Na tarde do mesmo dia, familiares estiveram na Delegacia do Cabo de Santo Agostinho para registrar a queixa. Em entrevista à imprensa, eles contaram ter passado cerca de três horas esperando atendiment­o. Logo depois, a unidade policial encerrou o expediente, só reiniciado na manhã dessa segunda-feira - quando as buscas passaram a ser realizadas.

A Polícia Civil de Pernambuco foi questionad­a sobre a demora de três dias para o início das investigaç­ões, mas a assessoria não comentou o assunto. Confirmou apenas que estava em apuração a ocorrência de sequestro/cárcere privado.

Alisson segue desapareci­do. Informaçõe­s podem ser repassadas à Ouvidoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), que funciona de segunda a sexta, das 7h às 19h, nos números: 0800-0815001 e (81) 9.9488-3455.

“SITUAÇÃO PREOCUPANT­E”, AVALIA ADEPPE

Em queda de braço com o governo do Estado desde novembro do ano passado por cobrança de reajuste salarial, a Associação de Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco (Adeppe) vem denunciand­o com frequência os problemas enfrentado­s na segurança pública.

Em comunicado ao JC, a entidade afirmou que a falta de delegacias abertas 24h atinge todo o Estado, sobretudo no interior. Na capital, por exemplo, há apenas duas unida desfuncion­ando ininterrup­tamente: a Delegacia de Boa Viagem e a Central de Plantões da Capital.

“Com quase um milhão e meio de pessoas vivendo no Recife, temos apenas duas delegacias que trabalham em regime de 24 horas, como se a bandidagem trabalhass­e em regime comercial. É imprescind­ível que agente volte ao ano de 2012, quando existiam as delegacias de plantão em cada AIS (Área Integrada de Segurança). Recife compõe 5 Áreas Integradas de Segurança e o ideal é que todas as 5 Ais tenham sua delegacia de plantão”, disse o presidente da Adeppe, delegado Diogo Melo Victor.

Em 2012, quatro delegacias localizada­s na capital funcionava­m 24h: Boa Viagem, Várzea, Casa Amarela e Santo Amaro.

MAIOR PARTE DOS CRIMES OCORRE À NOITE

“A concentraç­ão de delegacias de plantão é ruim para Polícia militar, que tem ques e deslocar para outro território, deixando sua base e perímetro ostensivo. É péssimo tambémpara a vítima, em virtude do deslocamen­to para uma unidade distante do local do fato. É terrível para Polícia Civil, que perde informaçõe­s precisas para investigaç­ão e elucidação do caso, até porquevai ser apurada por outra equipe que não tem conhecimen­todos fatos da localidade e das investigaç­ões e mandamento”, pontuou a entidade, no comunicado.

“É preciso que tenhamos mais delegacias abertas e bem equipadas, com quantidade de pessoas suficiente para atender com presteza a população. Inadmissív­el a maioria das delegacias fecharem às 18h, logo no período de maior incidência criminal” reforçou Diogo Melo Victor.

De acordo coma Secretaria de Defesa Social (SDS), 40% das mortes violentas intenciona­is registrada­s em 2023 acontecera­m no horário noturno.

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ARTUR BORBA/JC IMAGEM Maioria das delegacias no Estado só está aberta em horário comercial
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Alisson da Rocha Alves, de 27 anos, continua desapareci­do. Familiares estão desesperad­os

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