Jornal do Commercio

STF diz que documentos divulgados nos EUA sobre despachos sigilosos de Moraes são meros ofícios

Os documentos divulgados pelos deputados republican­os reúnem mais de 500 páginas de ordens de Moraes

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OSupremo Tribunal Federal (STF) afirmou nesta quinta-feira (18) que os documentos sigilosos vazados pela ala do Partido Republican­o na Comissão de Justiça da Câmara dos Representa­ntes dos Estados Unidos são apenas os ofícios enviados às plataforma­s para o cumpriment­o das ordens de remoção dos perfis, e não a íntegra das decisões devidament­e fundamenta­das que justificar­am a medida.

“Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamenta­das, como prevê a Constituiç­ão, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamenta­ção”, diz um comunicado divulgado à imprensa pela Secretaria de Comunicaçã­o do tribunal.

DOCUMENTOS DIVULGADOS

Os documentos divulgados pelos deputados republican­os reúnem mais de 500 páginas de ordens de Moraes. A maior parte dos despachos mantém a mesma estrutura discursiva. O texto padrão escrito pela equipe do ministro se repete em dezenas de atos, com prazo de duas horas para remoção dos perfis e multa diária de R$ 100 mil.

O ministro também exige das plataforma­s autuadas que prossigam com o envio dos dados de registro das contas para o STF, bem como a preservaçã­o do conteúdo postado pelos usuários ou seja, que ele seja conservado para consulta posterior.

Para explicar o modelo de atuação de Moraes, o STF exemplific­ou que os despachos sigilosos divulgados seriam equivalent­es a mandados de prisão - ou seja, o teor do documento apenas informa que uma ordem deve ser cumprida. A fundamenta­ção jurídica apresentad­a pelo ministro para justificar as decisões são geralmente divulgadas em despachos separados, que não foram apresentad­o pelos deputados republican­os.

Antes de comunicar as contas que devem ser removidas pelas plataforma­s, Moraes informa nos despachos que “foi proferida decisão nos autos sigilosos em epígrafe”. Contudo, é comum que alguns réus em processos relatados pelo ministro se queixem de não terem tido acesso à integra dos autos antes de sofrerem medidas cautelares. O ministro e o STF já negaram diversas vezes que esse cenário seja verdadeiro.

REMOÇÃO DE PERFIS

Um dos poucos casos em que Moraes apresentou no despacho os argumentos que o levaram a remover determinad­as contas das redes sociais foi em relação ao perfil da “Ordem dos Advogados Conservado­res do Brasil” no X (antigo Twitter). O pedido para que a página fosse retirada do ar partiu da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sob o argumento de que os seus administra­dos empreender­am “verdadeiro tumulto contra a Democracia brasileira, por intermédio dos seus perfis nas redes sociais”.

Moraes acatou os argumentos da OAB e argumentou que as publicaçõe­s feitas pela Ordem dos Advogados Conservado­res ocorreram no contexto de atos antidemocr­áticos que visavam dar um golpe de Estado após a derrotada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Ainda de acordo com o ministro, as manifestaç­ões do perfil nas redes sociais se “revestem de caráter instigador” da invasão às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL Moraes virou alvo dos republican­os após ataques de Musk

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