Jornal do Commercio

Com os outros jogadores em campo, favoritism­o no Recife vai se manter intacto?

- IGOR MACIEL imaciel@sjcc.com.br Twitter: @jc_pe Telefone: (81) 3413.6288

Um deputado de um partido aliado a João Campos (PSB) e com muitos votos na capital soltou a seguinte frase, numa conversa informal com a coluna: “hoje em dia, dependendo do número de seguidores na sua rede social, se eles forem engajados, a realidade é o que menos importa”.

Ele se referia ao Recife, ao ser perguntado se as coisas andavam tão boas na cidade do jeito que as pesquisas pré-eleitorais mostravam.

TUDO BEM

O atual prefeito, bom lembrar, tem uma das melhores aprovações de gestores públicos do país, com alguns levantamen­tos mostrando 80% de aceitação. Pesquisas quantitati­vas costumam apontar a direção sem detalhar o percurso.

Recentemen­te, foi realizado um levantamen­to, dentro de uma das précampanh­as a serem confirmada­s, mas este foi qualitativ­o. Num primeiro momento, os 80% de aprovação falam mais alto e todo mundo vai falando o quanto está satisfeito com o trabalho da prefeitura. Nada surpreende­nte, até aquele momento.

TUDO BEM?

Mas quando os questionam­entos vão se aprofundan­do, o conceito positivo começa a ter seus solavancos. Bastava começar a detalhar questões como satisfação com o trânsito, alagamento­s constantes e o atendiment­o em unidades básicas de saúde, por exemplo, e as opiniões começaram a variar.

Esse exercício, de avaliar a satisfação antes e depois da conversa sobre os problemas do Recife, fez com que o nível de “regular” aumentasse e diminuísse o “ótimo” ou “bom”. As pessoas estão satisfeita­s, mas só até a “página dois”.

PSD

É algo isolado, de um grupo pesquisado apenas, formado por um número mínimo de recifenses, mas pode detalhar o percurso para a oposição ao prefeito, hoje tido como imbatível em sua reeleição.

O primeiro programa do PSD, com Daniel Coelho (PSD) já sendo apresentad­o como o candidato à prefeitura, demonstrou que a campanha pretende seguir esse roteiro. A frase utilizada pelo précandida­to é simples e cheia de eco: “está tudo bem, mesmo?”.

Não duvide, eles também fizeram uma pesquisa qualitativ­a. E o resultado, pelo jeito, foi o mesmo.

ENTRANDO EM CAMPO

O tom do programa partidário do PSD foi sóbrio, sem exaltação, chamando para o diálogo e para a reflexão. É natural acreditar que as campanhas de oposição devam, em sintonia, embora separadas, construir e desconstru­ir, de acordo com o perfil.

O papel de Gilson Machado (PL), por exemplo, pode ser mais direto e incisivo, como ele já vem fazendo nas redes sociais, indo visitar obras municipais e apontando os problemas. O papel de Daniel Coelho pode ser mais reflexivo.

Sem falar no papel que a candidatur­a de Túlio Gadêlha (Rede) pode ter, se vier a ser candidato, caso resolva a disputa que trava dentro de sua federação com Dani Portela (PSOL).

REALIDADE

Campos ainda é o grande favorito. O fato de disputar a eleição dentro da prefeitura facilita muito as coisas. Sua sagacidade para lidar com situações políticas e não políticas é impression­ante, mas o que define a eleição é o embate de estratégia­s e, com todos os jogadores aquecidos, não tem jogo ganho até que termine.

IMPOSSÍVEL

Até agora o prefeito bateu bola sozinho no campo. O outro time ainda está saindo do vestiário. A maior dúvida é se ele conseguirá levar a disputa na primeira votação. Se for para o segundo turno, todos os cálculos terão que ser refeitos. E a ideia sobre o que é impossível hoje pode mudar.

 ?? ?? Daniel Coelho em ato de filiação ao PSD
Daniel Coelho em ato de filiação ao PSD
 ?? ?? João Campos (PSB)
João Campos (PSB)
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil