Jornal do Commercio

TJPE vai decidir se mantém júri popular de acusado de matar Beatriz

Marcelo da Silva, réu confesso do assassinat­o da menina, responde por homicídio triplament­e qualificad­o. Ele está preso aguardando julgamento

- RAPHAEL GUERRA

O processo relacionad­o ao homem acusado pelo assassinat­o da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, ganhou um novo capítulo na última quarta-feira. A juíza Elane Brandão Ribeiro, da Vara do Tribunal do Júri do município, encaminhou para análise em instância superior do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) um recurso em sentido estrito interposto pela defesa do réu, que pede que ele não seja levado à júri popular.

A decisão pela pronúncia foi publicada em dezembro do ano passado. Dias depois, os advogados de Marcelo da Silva, réu confesso do crime que tirou a vida de Beatriz, apresentar­am as contrarraz­ões. Após análise, a magistrada decidiu manter a decisão de levar o réu a júri popular. Por isso, os autos seguiram para análise do recurso no 2° Grau.

O desembarga­dor Honório Gomes do Rego Filho, da 1ª Câmara Criminal do TJPE, será o relator do caso. Ele irá avaliar se mantém ou não a decisão da juíza de levar o réu a júri popular.

Marcelo da Silva está preso preventiva­mente. Ele responde pelo crime de homicídio triplament­e qualificad­o (motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulaç­ão, recurso que dificultou a defesa da vítima).

CRIME E CONFISSÃO

O crime aconteceu em 10 de dezembro de 2015, durante uma festa de formatura no Colégio Nossa Senhora Auxiliador­a, onde Beatriz estudava. A menina, que havia saído da quadra esportiva para beber água, foi encontrada morta em uma sala isolada. O corpo estava com várias marcas de facadas.

Por mais de seis anos, investigaç­ões foram realizadas - inclusive com troca de delegados e demissão de um dos peritos criminais.

A descoberta do assassino ocorreu duas semanas após os pais de Beatriz caminharem por 23 dias, de Petrolina até o Recife, para cobrar justiça. A mobilizaçã­o, que encontrou apoiadores em todas as cidades, teve repercussã­o nacional e expôs a demora da polícia para solucionar o crime.

A polícia conseguiu chegar até Marcelo em janeiro de 2022, por meio do cruzamento de DNA, a partir das amostras coletadas na faca usada para matar Beatriz.

Ele, que já estava preso por outro crime, confessou à polícia que havia entrado no colégio para conseguir dinheiro e que a menina teria se assustado ao encontrá-lo. Ele disse que esfaqueou a menina para que ela parasse de gritar. A confissão foi gravada em vídeo.

LAUDOS PERICIAIS

Na decisão de pronúncia, a juíza Elane Brandão Ribeiro destacou que foram identifica­das “escoriaçõe­s no corpo da ofendida (Beatriz), o que pode indicar que a conduta foi motivada pela recusa da vítima em anuir (consentir) com os interesses sexuais do acusado, conforme indicado na denúncia”.

Sobre a qualificad­ora do emprego de meio cruel, a magistrada citou que perícias indicaram que a criança “teria sido atingida, em diversas regiões do corpo, por reiterados golpes”. Ao todo, segundo laudo, havia 68 lesões na menina, sendo 51 provocadas por arma branca.

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ARQUIVO PESSOAL Beatriz Mota, de 7 anos, foi morta a facadas em festa de formatura no colégio onde estudava, em dezembro de 2015
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Marcelo da Silva disse que matou a criança a facadas para que ela parasse de gritar

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