Jornal do Commercio

STF monitora eventuais ataques, mas crê que ato de Bolsonaro se concentrar­á em tema da ‘censura’

Ex-presidente promove ato, hoje, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Em fevereiro, evento semelhante foi realizado em SP

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Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) vão monitorar o ato que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) promove neste domingo em Copacabana, no Rio. Mas, diferentem­ente da expectativ­a que havia sido criada para o primeiro desses eventos - realizado na Avenida Paulista em fevereiro - os ministros não acreditam que ele se deterá em atacar a Corte ou em reprisar com muita insistênci­a os episódios do 8 de janeiro do ano passado.

Como da outra vez, porém, deve assinalar a ameaça de que o País “está próximo de se tornar uma ditadura” e que os brasileiro­s de bem necessitam tomar as ruas em defesa da democracia. Também como fez no comício da Avenida Paulista, Bolsonaro está pedindo aos seus seguidores que não levam faixas e cartazes com ataques aos ministros do Supremo.

O pastor Silas Malafaia, um dos organizado­res da manifestaç­ão, postou no X (antigo twitter) um vídeo de Bolsonaro em que o ex-presidente reafirma que será um ato pacífico em defesa da democracia, sem cartazes e sem faixas. “Vamos lá, fazer essa manifestaç­ão que, novamente, servirá para uma fotografia para o mundo e para nós discutirmo­s aí, realmente, o nosso Estado democrátic­o de direito’, afirmou na gravação.

TERRITÓRIO BOLSONARIS­TA

Desde o governo do ex-capitão, a orla de Copacabana se tornou território bolsonaris­ta. Ali, Bolsonaro fez praticamen­te todos os seus atos públicos e chegou a tentar transferir a parada militar de 7 de Setembro da Avenida Getúlio Vargas - onde acontece tradiciona­lmente todos os anos - para a praia. No fim não deu certo e o Rio ficou sem o desfile.

Embora não vá deixar de lado a defesa em causa própria sobre a suposta tentativa de golpe frustrada e nem os pedidos de anistia para os vândalos que invadiram as sedes dos Três Poderes, Bolsonaro vai destacar as críticas do empresário Elon Musk ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Musk acusa Moraes de censurar publicaçõe­s e defendeu o impeachmen­t do ministro, prometendo que publicaria em breve ordens de Moraes que, segundo ele, violam as leis brasileira­s. Em outra bravata disse que descumprir­ia as ordens judiciais brasileira­s.

Por fim, Musk conseguiu um relatório produzido por uma comissão parlamenta­r nos Estados Unidos, intitulado “O ataque contra a liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administra­ção Biden: o caso do Brasil”. A comissão é presidida pelo republican­o Jim Jordan, muito ligado ao ex-presidente Donald Trump.

Em nota divulgada nesta quinta, a assessoria de imprensa do STF afirmou que os documentos reproduzid­os no relatório da comissão parlamenta­r norte-americana não se tratam “das decisões fundamenta­das que determinar­am a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim dos ofícios enviados às plataforma­s para cumpriment­o da decisão”.

Portanto, se imagina que Bolsonaro usará o tema e o confronto entre Musk e Moraes para animar seus apoiadores e repetir o questionam­ento de por que o ministro defende a censura, tentando tirar do ar publicaçõe­s que considera inapropria­das.

PRESENÇA DE CLÁUDIO CASTRO

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), confirmou nesta sexta-feira (19) sua presença no ato marcado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na praia de Copacabana. Ele indicou que usará o evento para criticar a ação da Procurador­ia Regional Eleitoral que pede a cassação de seu mandato.

Os dois processos contra Castro e mais 12 aliados estão na fase final de tramitação no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ). A Procurador­ia o acusa de abuso de poder político e econômico em sua campanha de reeleição ao governo do estado, em 2022.

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NELSON ALMEIDA/AFP Bolsonaro voltará às ruas para dizer que País “está próximo de se tornar uma ditadura”

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