O problema é o vigia acabar acreditando que é dono da casa que protege
O vigia que guarda a casa precisa ver a área como um território a ser protegido, e não como sua propriedade. Porque neste segundo caso, os invasores não serão os únicos prejudicados e ele vai acabar atacando até a família que mora ali.
O vigia é o STF, hoje na figura de Alexandre de Moraes. A casa é a democracia. A família que mora ali é o conjunto do povo brasileiro, incluindo os outros poderes daquele coletivo.
INTERESSES
Caso pareça muito dura a comparação, peço perdão e ofereço uma variação de “defensores”, de vigias, daquele espaço. Ele pode se chamar Joaquim Barbosa ou Sergio Moro também, entre tantos outros com menor proeminência que se arvoram a defender territórios constitucionais como se daquilo dependesse a própria vida, sem declarar nenhum interesse aparente, até se descobrir que o tempo todo eles planejavam algo muito maior do que o salário no fim do dia.
PROMOTOR
Quem vê Alexandre de Moraes abraçado à Constituição e se emociona com essa paixão efusiva dele pela ordem democrática e pela segurança institucional pode não saber que antes de ser enviado ao STF por Michel Temer para ser ministro, ele já ensaiou ser candidato a prefeito de São Paulo.
Na capital paulista, Alexandre era muito conhecido por ter atuado em processos contra Paulo Maluf e ter virado um símbolo contra a corrupção na época. Notou alguma coincidência?
MIDIÁTICO
Na época em que Maluf foi prefeito, o atual magistrado era promotor de Justiça e sabia usar a mídia para se promover, fazia sempre movimentos midiáticos para alimentar a ideia de que era um paladino da Justiça contra a corrupção.
O ex-prefeito paulistano, que não estava sendo acusado injustamente, é bom que se diga, gritava aos quatro cantos que o promotor tinha interesses políticos para persegui-lo, mas ninguém acreditava porque, afinal, era apenas o velho corrupto Maluf reclamando de perseguição. Credibilidade não era algo que sobrava por ali.
NA POLÍTICA
O tempo mostrou que havia algum sentido na reclamação. Pouco depois, Alexandre virou secretário de segurança pública na gestão de Geraldo Alckmin em SP, depois passou a ser um tipo de secretário especial de tudo na gestão municipal de Gilberto Kassab (PSD) e se articulou para ser candidato à sucessão na prefeitura paulistana.
Alexandre chegou a ser tratado como précandidato, (do jeito que Maluf havia dito). Mas se desentendeu com o chefe e deu tudo errado na época.
MINISTRO
Em seguida, voltou ao cargo de secretário estadual de Segurança em SP e conheceu Michel Temer, ainda vicepresidente, para quem prestou alguns favores. Ficaram próximos. Temer virou presidente e chamou Alexandre para ser Ministro da Justiça. Ele voltou à carga das ações midiáticas.
Em uma de suas primeiras ações como ministro, foi ao Paraguai e apareceu em vídeo, de facão na mão, cortando pés de maconha. Todo mundo já sabia que Alexandre estava construindo sua candidatura para ser governador de São Paulo em 2018, não era segredo.