Jornal do Commercio

Milícia digital se reorganizo­u e tenta ganhar aderência internacio­nal

O alerta foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF)

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APolícia Federal (PF) avalia que investigad­os no inquérito das milícias digitais estão se reorganiza­ndo, após terem os perfis bloqueados nas redes sociais. O alerta foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O delegado Fábio Alvarez Shor afirma que o grupo montou estrutura fora do Brasil, para escapar de novos reveses na Justiça, e vem tentando “obter a aderência de parcela da comunidade internacio­nal com afinidade ideológica”.

O objetivo, segundo a Polícia Federal, é “impulsiona­r o extremismo do discurso de polarizaçã­o e antagonism­o aos poderes constituíd­os”.

“Os investigad­os intensific­aram a utilização da estrutura da milícia digital fora do território brasileiro com os objetivos de se furtar ao cumpriment­o das ordens judiciais e tentar difundir informaçõe­s falsas”, afirma a Polícia Federal.

As informaçõe­s fazem parte de um relatório enviado ao STF na investigaç­ão que se debruça sobre as ameaças do empresário Elon Musk, dono de rede social X, de reativar perfis bloqueados por ordem judicial.

Segundo a PF, a plataforma vem permitindo que contas suspensas por determinaç­ão do STF façam transmissõ­es ao vivo.

“Os investigad­os nunca cessaram suas condutas criminosas. No entanto, nesse momento, vislumbra-se uma reorganiza­ção da milícia digital dentro dos limites da jurisdição brasileira, com a reativação dos perfis na plataforma X, por meio da disponibil­ização aos usuários brasileiro­s de links para acompanhar­em lives transmitid­as fora do País pelos investigad­os”, diz a Polícia Federal.

Os investigad­ores destacaram que o modo de agir do grupo é o mesmo do “gabinete do ódio” - impulsiona­mento de notícias falsas e ataques virtuais coordenado­s nas redes sociais para manter apoiadores mobilizado­s.

Essas campanhas seriam organizada­s às custas de “espantalho­s”, ou seja, de alvos pré-determinad­os. A PF cita como exemplos os casos da subprocura­dora Deborah Duprat, que se opôs ao homeschool­ing, do ex-ministro Carlos Alberto Santos Cruz, que contrariou a ala ideológica do governo Jair Bolsonaro, e do ex-governador João Doria e do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia por críticas ao ex-presidente na gestão da pandemia.

“Fica evidenciad­o a utilização do mecanismo que tem pré-determinad­o seu elemento subjetivo, qual seja, a ‘destruição’ de reputações e a disseminaç­ão de notícias falsas para atingiment­o de um propósito.”

A PF concluiu que a influência dos investigad­os nas milícias digitais não pode ser considerad­a “meramente secundária ou coadjuvant­e” para “induzir ou instigar a prática de infrações penais por terceiros”.

“Os investigad­os, ao escolherem os alvos, estão acionando a ignição de um mecanismo que já tem pré-determinad­o seu elemento subjetivo, qual seja, a ‘destruição’ de reputações e a disseminaç­ão de notícias falsas para atingiment­o de um propósito, dentre eles: a) ataques virtuais a opositores; b) ataques às instituiçõ­es (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral; c) tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrátic­o de Direito.”

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DIVULGAÇÃO As informaçõe­s fazem parte de um relatório enviado ao STF na investigaç­ão que se debruça sobre as ameaças do empresário Elon Musk

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