Viva a Academia Pernambucana de Letras
Viva nossos acadêmicos! E viva a cultura popular e profunda, que está na alma do povo brasileiro!
Éalegria, honra e grande privilégio pertencer à Academia Pernambucana de Letras. Estar entre os que dedicam suas vidas ao ofício de pensar e de escrever. Que vivem ad lu cem( para aluz ), não por acaso lema desta casa. Um templo de palavra sede ideias quete ma relevante missão de “velar pelo passado literário, estimular seu estudo e lutar pela preservação das suas obras” como está nos Estatutos. E, também, trabalhar na “defesa da língua portuguesa e da cultura ”, lema da academia Brasileira de Letras.
São dois belos compromissos. Que proteger acultura (do latim colere, cultivar) é compreendera importância dos conhecimentos produzidos e transmitidos pelo homem. E valorizara língua significa não apenas compreender seu caráter de realidade virtual, conjunto de símbolos articulados para produzi rumai deia. é ir muito além. É aceitar novas formas de expressão, em permanente processo demudança, nos seus ambientes próprios – o artesanato, a dança, o canto, as maneiras de fazer, ver ou representa reos sabores–que devem todos ser compreendidos como linguagem, no tanto em que expressam a própria identidade dos povos a que pertencem. Revelando tradições. mediando hábitos. Transmitindo valores de natureza variada–econômicos, sociais, políticos, religiosos, étnicos, estéticos.
À nossa Academia não faltam antecipações e pioneirismos. Foi a primeira a ter uma mulher entre seus membros, em 1920, Edwirges Rocha de Sá Pereira; no início como sócia correspondente, depois como membro efetivo. Nela, presto homenagem a todas as mulheres dessa casa – especialmente a Margarida Cantarelli, patrimônio pernambucano, que agora está celebrando seus 80 anos. Foi a primeira Academia a compreender que também música é linguagem, ao acolher agrande pianista Elyanna Caldas – que coordena, todos os domingos, o programa Música na APL, apresentando compositores clássicos, grupos populares e bandas. como foi, também, a primeira academia a acolher alguém que escreve sobre gastronomia, compreendendoque os hábitos alimentares são um elemento importante de cultura. eça de queiroz até dizia “entre todas as manifestações culturais, aquela que melhor revela o gênio de uma raça é sua culinária”.
Também lá estão representantes da sociedade pernambucana. Atores e teatrólogos, como waldemare reinaldo de Oliveira. o cronista social e crítico de cinema José de Souza Alencar. Sem contar médicos de diversas áreas, advogados, jornalistas, poetas, professores. E educadores, consciente da dimensão transformadora da educação no desenvolvimento de uma comunidade. Nada é mais urgente e modernizante. Nada é mais importante e necessário. Nada é mais novo e democrático.
Carneiro Vilela, fundador dessa Academia (em 26 de janeiro de 1901), dizia que elas devem também ser vistas “como agentes ativos no processo global do desenvolvimento da comunidade – com promoção de cursos de extensão cultural, concessãode prêmios para incentivo da criação artística e literária, apoio às inteligências jovens”. daí que, todo sosanos, a Academia concede esses prêmios a jovens escritores; oferece cursos, ciclo de palestras sobre os mais variados temas, e Rodas de Conversa (sempre aos sábados, hoje soba responsabilidade do acadêmico Cicero Belmar). Sempre com grande público.
Também participa de Festivais de Literatura (Fliporto, Bienal do Livro, Riomar); homenageia movimentos culturais importantes como a Semana de Arte Moderna, o Movimento Regionalista, livros e escritores da nossa cultura. Celebra indistintamente escritores e poetas, eruditos e populares – o Dia do Escritor foi comemorado com os cantadores Ivanildo Vila Nova e Oliveira de Panela, mais José Paulo Cavalcanti Filho. Homenageamos de M iró da Muribeca( que agradeceu comovido) azé dantas (coma presença de Iolanda, sua viúva ). em nossos jardins aconteceram Feira do Livro Infantil, Feira de artesanato ( Recife Feitoà mão) e de antigas. sem contara Campanha do livro solidário, que arrecadou 50 mil títulos logo distribuídos a Escolas atingidas por enchentes. Só aqueles que não frequentam acasa, ressenti dosou os que tiverem fel demais na alma, podem ignorar essas ações. E o trabalho sério que tem sido feito. Os acadêmicos, portanto, todo seles têm obrigaçãode zelar e defende reste imenso patrimônio cultural de Pernambuco.
Bom lembrar sempre que as Academias não se fazem com pessoas isoladas, por mais brilhantes que sejam. Elas resultam de uma ação coletiva. Compartilhada. E existem não pelo esforço de uma geração, mas de várias. Em conhecimentos acumulados e superpostos. Somos anões nos ombros de gigantes, como na célebre imagem de Bernard de Chartres, depois aproveitada por tantos escritores–desde montaigne (Viva Lourival Holanda, presidente da Academia e grande especialista nesse autor) até monteiro lobato. é o futuro nos ombros do passado. O hoje depois do ontem. Bem-visto, há dois tipos de anões. Uns são como os de Chartres, fascinados pelo futuro. Outros, apenas conformados com suas baixas estaturas.
Segundo nosso confrade querido Antônio Correa, “Que outros daqui a 50 anos empunhem o penacho, com as pessoas que nos sucederem, para que as gerações futuras compreendam o empenho e a dedicação de um grupo de abnegados que fizeram da cultura, a ela se dedicando, uma das razões maiores do seu viver”. Viva nossa Academia Pernambucana de Letras! Viva nossos acadêmicos! E viva acultura popular e profunda, que está na alma do povo brasileiro!