Experimentos na pandemia
‘MEU QUINTAL É O MUNDO’
Durante a pandemia, Hannah pensou que deveria experimentar mais na música. Em 2017 ela tinha assistido uma palestra sobre a Berklee College of Music, que faz música para a indústria de entretenimento e para todo o tipo de mídia, principalmente digital. Ficou sabendo que tinha um recifense estudando lá.
“Era Bruno, um colega da univerdidade. Eu lembrava dele tocando violão sentado lá pelos bancos da Federal. Agora ele estava em Boston, fazendo trilhas sonoras para filmes e videogames. Eu pensei: se ele pode eu também posso. E lembrei da minha mãe falando que a gente precisa já se imaginar fazendo aquilo o que quer, antes mesmo de acontecer”, recorda.
A pianista conta que foi no site buscar informações sobre a escola e descobriu que ir para lá custava uma fortuna. Era preciso comprovar que dispunha de US$ 69 mil para custear o primeiro ano de estudos e moradia, antes de receber uma carta da escola e levar até o consulado para tirar o visto. Com a renda de motorista de ambulância do pai e de secretária de hospital da mãe, além dos seus trabalhos, como chegaria a esse valor?
Mesmo diante do que parecia impossível, ela fez o teste e foi aprovada. Depois passou um tempo cursando à distância, até que um dia chegou o momento de decidir se iria para lá. Os pais venderam o carro da família, Hannah vendeu todos os seus instrumentos musicais, inclusive o piano Fritz Dobbert, além de fazer uma vaquinha virtual para complementar o valor. Em 2021, na data do seu aniversário: 25 de junho, ela recebeu o visto.
A pianista recifense conta que quando surgiu a oportunidade, ela teve que decidir se pensava nas suas condições ou na sua vida. “Eu olhei para a minha vida, para todas as coisas que realizei. Se eu pensasse apenas nas minhas condições eu não iria a lugar nenhum. Eu pensei: você vai aceitar essa oportunidade ou vai ver como a algo que não é para você, como mais uma porta fechada da sua cara? Aí eu vendi o que pude, coloquei a minha cara na internet e consegui ajuda”, relembra.
Na metade de 2023 Hannah se formou na Berklee College of Music com experiência para criar trilhas sonoras para filmes, TV e videogames.
No curto tempo em Los Angeles já conquistou o prêmio Women in Game Audio, dedicado a mulheres que trabalham com áudio para videogames.
No seu currículo internacional já conta com composições para vigeogames (“Your Average Bear”, que pode ser baixado no Steam), curtas (“Inadequate”, que fez sua estréia no Poppy Jasper International Film Festivale agora em abril) e documentários (“Alive”, premiado no Hollywood Gold Awards em novembro de 2023). O plano, agora, é criar a trilha de um longa metragem.
“Para mim, a música é uma expressão da alma das pessoas e uma paixão na minha vida. Meu objetivo é compartilhar a minha história e inspirar pessoas a seguirem seus sonhos, porque se alguém conseguiu, a gente também pode!”, conclui Hannah, que desafiou o impossível e ouviu sua música ganhar o mundo.