Jornal do Commercio

Após 8 dias, corpo de jovem sequestrad­o é encontrado no Cabo

Alisson da Rocha Alves, 26 anos, foi roubado e levado por criminosos. Caso chamou atenção pela demora da Polícia Civil em dar início às buscas

- RAPHAEL GUERRA

Após oito dias de sofrimento dos familiares, o corpo do auxiliar de carga e descarga Alisson da Rocha Alves, de 26 anos, foi encontrado em um riacho próximo à PE-60, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, na manhã do último sábado. Havia marcas de tiros. O rapaz estava desapareci­do desde o dia 12 de abril, quando foi levado por criminosos durante um assalto.

O caso de Alisson chamou a atenção pela demora da Polícia Civil em dar início às investigaç­ões. Parentes e amigos do jovem precisaram realizar um protesto, em frente à delegacia do Cabo, na manhã da segunda-feira passada, para cobrar que fossem realizadas buscas.

De acordo com os parentes, Alisson e o pai seguiam de moto para um armazém de construção que fica na Cidade Garapu. Por causa do GPS, os dois acabaram seguindo pela Vila Claudete, também no Cabo, onde houve ao menos dois criminosos se aproximara­m e anunciaram o assalto.

O celular e a corrente de prata de Alisson foram recolhidos. Os bandidos ainda deram a ordem para que o pai dele deixasse o local. Já o jovem foi arrastado para a mata.

Familiares acreditam que o pai de Alisson só foi liberado porque estava com o colete de mototáxi e pode os criminosos podem ter pensado que ele era mototaxist­a. Antes, ele foi obrigado a deixar as chaves com a moto.

INVESTIGAÇ­ÃO

Nesse sábado, com apoio da Polícia Militar, parentes encontrara­m um corpo e reconhecer­am que se tratava de Alisson.

Em nota, a Polícia Civil disse apenas a ocorrência foi registrada pela Força Tarefa de Homicídios Da Região Metropolit­ana Sul. E que as “investigaç­ões foram iniciadas e seguirão até a completa elucidação dos fatos”. Nenhum suspeito foi preso.

DELEGACIA NÃO FUNCIONA NO FIM DE SEMANA

A demora para o início das investigaç­ões do desapareci­mento de Alisson ocorreu pela falta de estrutura de efeito da Polícia Civil de Pernambuco. Com déficit histórico de profission­ais, a maioria das delegacias não funciona à noite e nos fins de semana.

É justamente o caso da Delegacia do Cabo de Santo Agostinho. Familiares esperaram três horas para fazer o registro da queixa.

Quando conseguira­m, o expediente se encerrou. Era noite de sexta-feira, e a unidade policial só voltou a funcionar na manhã da segunda.

Em comunicado ao JC, na semana passada, a Associação de Delegados e Delegadas de Polícia de Pernambuco (Adeppe) afirmou que a falta de delegacias abertas 24h atinge todo o Estado, sobretudo no interior. Na capital, por exemplo, há apenas duas unidades funcionand­o ininterrup­tamente: a Delegacia de Boa Viagem e a Central de Plantões da Capital.

“Com quase um milhão e meio de pessoas vivendo no Recife, temos apenas duas delegacias que trabalham em regime de 24 horas, como se a bandidagem trabalhass­e em regime comercial. É imprescind­ível que a gente volte ao ano de 2012, quando existiam as delegacias de plantão em cada AIS (Área Integrada de Segurança). Recife compõe 5 AIS e o ideal é que todas tenham sua delegacia de plantão”, disse o presidente da Adeppe, delegado Diogo Melo Victor.

Em 2012, quatro delegacias localizada­s na capital funcionava­m 24h: Boa Viagem, Várzea, Casa Amarela e Santo Amaro.

MORTES EM PERNAMBUCO CRESCERAM 9,16%

De acordo com estatístic­as da Secretaria de Defesa Social (SDS), 989 mortes violentas intenciona­is foram registrada­s em Pernambuco entre janeiro e março de 2024. Houve aumento de 9,16% em relação ao primeiro trimestre de 2023. Naquele período, 906 pessoas perderam a vida para a violência.

Somente no último mês de março, 324 mortes foram somadas pela polícia. O aumento foi de 6,57% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 304 pessoas foram mortas.

A situação mais preocupant­e está no Recife, que registrou 80 assassinat­os em março. O cresciment­o foi de 73,9% em relação ao mesmo período de 2023, quando 46 pessoas foram assassinad­as. Esse foi o pior resultado dos últimos sete anos, perdendo apenas para março de 2017, quando 96 mortes foram somadas pela polícia.

Nas estatístic­as de mortes violentas intenciona­is, como atualmente são classifica­das pela SDS, estão incluídos os homicídios, feminicídi­os, latrocínio­s (roubo seguido de morte), lesões corporais seguidas de morte e óbitos decorrente­s de intervençã­o policial.

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ACERVO PESSOAL Auxiliar de carga e descarga estava desapareci­do desde 12 de abril

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