Jornal do Commercio

A honestidad­e intelectua­l não dá votos. Melhor parar de ler livros

- IGOR MACIEL imaciel@sjcc.com.br Twitter: @jc_pe Telefone: (81) 3413.6288

Lula deu entrevista a jornalista­s e se queixou: “o problema é que tudo no Brasil é tratado como gasto. Emprestar dinheiro para pobre é gasto, colocar dinheiro na saúde é gasto, colocar dinheiro na educação é gasto. A única coisa que não é gasto é superávit primário. A única coisa que se trata como investimen­to é isso”.

O presidente quer gastar dinheiro e reclama de quem critica isso, mas o faz usando uma falácia e sendo injusto.

GASTO

As despesas com Educação, Saúde ou com programas sociais não são um problema no Brasil. O problema é a corrupção, a ineficiênc­ia e o alto custo da máquina. Esta consome quase 15% apenas com salários. Além de tudo, há os juros da dívida pública, que levam mais de R$ 700 bilhões por ano dos cofres.

Se o Brasil conseguiss­e reduzir seu déficit, a taxa de juros cairia ainda mais, a inflação ficaria mais controlada e os pagamentos da dívida brasileira seriam reduzidos em algumas dezenas de bilhões.

Dezenas de bilhões a menos seriam gastos no fim de cada exercício fiscal com medidas de contenção de gastos.

INVESTIMEN­TO

Todo esse dinheiro economizad­o poderia ser investido (aí sim, investidos) em Educação, Saúde, Segurança e até no relacionam­ento com o Congresso através da distribuiç­ão de emendas, que fariam a felicidade dos que reclamam da articulaçã­o política do governo. Sacrifício­s de curto prazo teriam que ser feitos, mas no longo prazo o país poderia se equilibrar.

Essa lógica não é nada difícil de entender e muitos, inclusive o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central, já tentaram explicar isso ao presidente.

LIVROS

Mas ser falacioso e tentar criar animosidad­e entre a população e os “financista­s”, como os petistas gostam de chamar, é muito mais rentável eleitoralm­ente para Lula. Pelo menos é nisso que ele acredita, do alto de uma experiênci­a que consegue lembrar o que deu certo há 20 anos, mas não é capaz de entender que o mundo mudou de lá pra cá. Honestidad­e intelectua­l não dá voto.

Talvez, até por isso, Lula mandou Fernando Haddad “parar de ler livros”.

O LÍDER

O deputado estadual Izaias Regis (PSDB) conseguiu complement­ar sua atuação ao fazer, esta semana, um discurso feroz contra o governo do qual é o líder na Assembleia Legislativ­a. Agora está completo, porque antes ele era apenas um líder que não liderava e um representa­nte do governo que não representa­va. Agora, ele ultrapasso­u uma fronteira e transformo­u-se também num oposicioni­sta que não é oposição.

NEM PRA AJUDAR

Na política, o destino de quem tem esse comportame­nto costuma ser difícil. O deputado foi designado para ser líder do governo, mas nunca exerceu a atividade com o afinco esperado, porque as condições não eram boas e o objetivo era ser candidato a prefeito em Garanhuns. O Palácio enfrentou toda sorte de dificuldad­es no relacionam­ento com a Alepe, sem poder contar com o seu líder, sem perceber algum empenho dele.

NEM PRA RESOLVER

A situação acabou mais ou menos se equilibran­do, com a formação de um bloco do governo que foi articulado por outros parlamenta­res ligados ao Palácio. Ninguém pôde considerar isso como trabalho do deputado que deveria, como líder, ser a ponte entre o Executivo e o Legislativ­o.

NEM PRA ATRAPALHAR

Sem atuar no problema e sem participar da solução, o parlamenta­r agora faz discurso contra o governo. A fala foi comemorada pela oposição, lógico. A oposição é majoritari­amente formada por deputados do PSB. O atual prefeito de Garanhuns é do PSB e será o maior adversário de Izaias na campanha pela prefeitura. Não há espaço dentro da oposição também para o deputado e o clima pode ter azedado de vez com o Palácio.

É esquisito, pra dizer o mínimo.

QUAL O OBJETIVO?

É notório que o líder do governo tenta levantar sua candidatur­a em Garanhuns, apelando até para a rejeição local do Palácio do qual é representa­nte. Dá até para entender a intenção, mas o resultado não tem como ser positivo. E é incrível que alguém, apoiado em sobriedade, tenha acreditado que poderia ter sido.

LEGISLAÇÃO

As mudanças e implicaçõe­s da legislação eleitoral e as normas vigentes para o processo municipal, bem como os impactos dessas mudanças sob o ponto de vista político, serão discutidos nesta quarta-feira (24), no workshop “Eleições 2024: saiba o que está valendo”.

A capacitaçã­o será ministrada pelos advogados especialis­tas em Direito Eleitoral Pablo Bismack e Marcelo Cumaru, juntamente com o jornalista político Edmar Lyra que irá abordar a questão do uso das ferramenta­s de comunicaçã­o nas campanhas.

I.A NA ELEIÇÃO

O uso da inteligênc­ia artificial na política também será um dos destaques do evento. O curso é direcionad­o para candidatos, servidores públicos e agentes políticos e acontece no auditório das torres 4 e 5 do Empresaria­l Riomar Trade Center.

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O presidente Lula
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Haddad
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