Jornal do Commercio

AGU diz ao STF ver indícios de crime cometido por meio da rede social X

Notícia de fato enviada à Corte informa divulgação de post com informaçõe­s sigilosas do Inquérito n° 4.874/DF, que apura atos antidemocr­áticos de 8 de janeiro de 2023

- JAMILDO MELO

AAdvocacia-geral da União (AGU) enviou nesta terça-feira (23/04) ao Supremo Tribunal Federal (STF) notícia de fato com informaçõe­s que demonstram a provável ocorrência de crime contra o Estado Democrátic­o de Direito e contra as instituiçõ­es em razão da divulgação de informaçõe­s sigilosas, às quais foi atribuído segredo de justiça, do Inquérito n° 4.874/DF, que apura os atos antidemocr­áticos de 8 de janeiro de 2023.

No documento, a AGU solicita ao relator do procedimen­to na Suprema Corte, ministro Alexandre de Moraes, que encaminhe as informaçõe­s ao Ministério Público Federal (MPF) para que o órgão, que tem competênci­a constituci­onal para propor ações penais contra autores de delitos, avalie se houve, de fato, a existência de crime com a identifica­ção das respectiva­s autorias.

As circunstân­cias que embasam a notícia encaminhad­a ao STF foram a divulgação, no dia 3 de abril deste ano, dos chamados “Twitter Files”.

Trata-se de um conjunto de e-mails trocados por funcionári­os da rede social X (antigo Twitter) nos quais eles discutem o conteúdo de decisões sigilosas da Justiça brasileira a respeito de assuntos como a exclusão de fake news sobre urnas eletrônica­s e ataques aos ministros da Suprema Corte.

As informaçõe­s sigilosas foram postadas pelo jornalista americano Michael Shellenber­ger em seu perfil no X. Em seu post, Shellenber­ger também faz acusações contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem atribui medidas autoritári­as e antidemocr­áticas.

INVESTIGAÇ­ÕES COMPROMETI­DAS

Para a AGU, a divulgação via X dos conteúdos dos e-mails sem as respectiva­s autorizaçõ­es judiciais compromete­ram as investigaç­ões em curso no STF e Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as condutas antidemocr­áticas ocorridas no Brasil que culminaram nos atos contra as sedes dos poderes da República em 8 de janeiro de 2023.

“Em um exame preliminar, é possível deduzir que os indícios dos ilícitos supostamen­te praticados podem ser extraídos do fato de que, em descompass­o com determinaç­ão judicial, foram divulgadas informaçõe­s classifica­das, no âmbito de processos penais e eleitorais, como sigilosas”, destaca a AGU na notícia.

“(tal fato) atrai a este ente central (União) a pretensão de que sejam punidos criminalme­nte, na forma da Lei, os possíveis responsáve­is pela prática das condutas eventualme­nte criminosas que venham a ser apuradas”, afirma.

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acionou o STF noticiando possível crime por parte da plataforma digital X
GUSTAVO MORENO/SCO/STF AGU acionou o STF noticiando possível crime por parte da plataforma digital X

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