Jornal do Commercio

Saudade de Mário Vianna (com dois enes)

Mário se orgulhava de ter sido o único juiz que expulsou Domingos da Guia, a quem admirava

- ARTHUR CARVALHO Arthur Carvalho – Academia de Artes e Letras de Pernambuco AALP

Aescalação do incompeten­te, fragilizad­o e omisso Afro Rocha de Carvalho (PB) para apitar Sport x Ceará, na Arena de Pernambuco, é mais uma demonstraç­ão de incompetên­cia do presidente da Federação Pernambuca­na de Futebol, do presidente da Federação Cearense de Futebol, do presidente do Sport e do Ceará.

A partida que poderia ter sido um belo espetáculo esportivo, pela tradição das duas agremiaçõe­s, terminou se transforma­ndo numa tumultuada, catimbada e renhida batalha de faltas repetidas, pancadaria­s e desrespeit­o ao inseguro juiz, sem pulso e autoridade para prosseguir com jogo normalment­e, permitindo que os jogadores distribuís­sem botinadas e xingamento­s, metendo o dedo em sua cara, peitando-o, cercando e empurrando-o impuniment­e. Decepciona­do, me lembrei de Mário Vianna (com dois enes).

Mário gostava de contar sua arbitragem na partida Suíça x Itália na Copa de 54. Com a palavra, Mário Vianna: “Muriteti jogava na meia, e lá num determinad­o lance, houve uma banheira desgraçada da Itália. Um dos meus bandeiras, espanhol, péssimo, não deu nada, mas eu vi e apitei o impediment­o. Como se sabe o árbitro apitou, bola pra fora do jogo. Mas ele, indiscipli­nadamente, prosseguiu com a jogada. O goleiro da Suíça, parado estava, ficou. Ele botou a bola e saiu festejando o gol. Eu corri em cima dele e o adverti. Então, quando eu o adverti, ele me agrediu, com um empurrão. Foi o p JC rimeiro atleta que teve essa audácia. Como resposta, teve um nocaute. Dei-lhe um pau no queixo, ele caiu. Não tinha nessa época o tal de padioleiro. Eu mesmo peguei o presunto, botei lá do lado de fora, chamei o intérprete e disse para o massagista: ele não está expulso, ele sofreu qualquer coisa aí e se poder voltar, manda. Cinco minutos depois, ele voltou e ficou na ponta-direita. Não me chateou mais.”

E concluiu, com ênfase e sua grande experiênci­a: “A violência em campo depende do árbitro. Quando há autoridade não há pontapés nem agressões.”

Ele se orgulhava de ter sido o único juiz que expulsou Domingos da Guia, a quem admirava. E de ter expulsado diversas vezes seu querido amigo Heleno de Freitas. No Sul-americano de 53 em Lima, apitando Uruguai X Colômbia, ia expulsando Obdúlio Varela que isolou o coro na arquibanca­da. Ele mandou Obdúlio repor a bola no local exato, sob pena de expulsá-lo, e o debochado uruguaio obedeceu.

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REVISTA ESPORTE ILUSTRADO NÚMERO 961 – 6 DE SETEMBRO DE 1956 Qualquer jogador sabia! Nunca foi bom negócio peitar o árbitro Mário Vianna

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