Jornal do Commercio

Parlamento do Reino Unido aprova lei que prevê expulsão de imigrantes

Desde que o plano de deportar imigrantes foi apresentad­o pelo ex-primeiromi­nistro Boris Johnson, em 2022, especialis­tas têm alertado que a lei viola obrigações do Reino Unido em direitos humanos

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Em vitória para o primeiro-ministro Rishi Sunak, o Parlamento do Reino Unido aprovou a controvert­ida lei que prevê a expulsão de imigrantes em busca de asilo para Ruanda. O projeto passou na Câmara dos Lordes à meia-noite (horário local) desta segunda-feira (22), após dois anos de intenso debate político e jurídico.

Sunak e o Partido Conservado­r pressionav­am pela adoção da medida que considera o país africano seguro, contornand­o a decisão da Suprema Corte que declarou o projeto ilegal. Mais cedo, ele estimou que os primeiros voos devem decolar dentro de 10 a 12 semanas, e avisou que o governo tem aviões comerciais reservados para transporta­r os imigrantes.

PLANO DE DEPORTAÇÃO

Desde que o plano de deportar imigrantes foi apresentad­o pelo ex-primeiro-ministro Boris Johnson, em 2022, especialis­tas têm alertado que alei viola obrigações do Reino Unido em direitos humanos, abala a reputação do país e seria impraticáv­el.

Mesmo coma aprovação, as tentativas de expulsar imigrantes provavelme­nte vão enfrentar desafios legais -como tem acontecido- eé improvável que um grande número de solicitant­es de asilo seja envia dopara Ruanda.

Pela lei, eles podem ser colocados em voos só de ida para o país africano, onde devem esperar o processame­nto do pedido e permanecer, caso o status de refugiado seja concedido. Na decisão em que considerou o plano ilegal, em novembro, a suprema Corte concluiu que Ruanda não era um país seguro e que os solicitant­es de asilo corriam o risco de ser devolvidos para os países de onde fugiram.

O governo disse que abordou as preocupaçõ­es do tribunal em tratado com o país africano, mas os críticos afirmam não ser possível garantir que os refugiados não possam ser devolvidos algum dia para os países de origem.

“Não se pode tornar um país seguro apenas dizendo que é seguro”, disse David Anderson, advogado e membro da Câmara dos Lordes que não é afiliado a nenhum partido eques eopôsàl ei.

APROVAÇÃO ACIMA DE CRÍTICAS

Apesar das críticas e dos questionam­entos legais, Sunak vinha pressionan­do e gastando capital político para aprovação na tentativa de explorar o sentimento anti-imigração no momento em que as pesquisas apontam a derrota dos conservado­res na eleição. A discussão expôs divergênci­as dentro do próprio partido, com os moderados alertando que o projeto de lei foi longe demais, enquanto a linha-dura reclamava que não foi longe o suficiente.

O país deve ir às urnas ainda este ano, mas a data da votação ainda não está definida. Com ampla vantagem nas pesquisas, o Partido Trabalhist­a promete que, se chegar ao governo, vai reverter a expulsão de imigrantes.

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DESIREE MARTIN/AFP Pela lei, eles podem ser colocados em voos só de ida para o país africano, onde devem esperar o processame­nto do pedido e permanecer

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