Planta da Jeep em Goiana deve abrigar produção de híbridos da Stellantis
Sejamos sensatos. O Presidente da Stellantis para América do Sul, Emanuele Cappellano, não se bandeaia para Pernambuco para receber a Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, na planta de Goiana onde anunciou os novos investimentos de R$ 13 bilhões de 2025 a 2030 se não fosse para sinalizar que o programa de investimentos chamado de Next Level que visa consolidar a liderança da companhia na descarbonização da mobilidade na América do Sul se não fosse para dizer que isso deve acontecer na sua planta no estado.
Como se sabe, a Stellantis investirá R$30 bilhões no Brasil (o maior ciclo de investimentos da história da indústria automotiva do Brasil e América do Sul) e o valor anunciado nesta quintafeira representa 43% de todo o gasto.
NOVAS TECNOLOGIAS
Também se sabe que o Pólo Automotivo Stellantis de Goiana é reconhecido pelo desenvolvimento de tecnologias de ponta, agora somadas aos esforços de inovação em hibridização e eletrificação. Então a questão não é se ali serão produzidos os primeiros modelos híbridos da gigante automobilística, mas quais serão os primeiros.
Certamente Cappellano não antecipou isso à governadora. Preferiu fazer aquele percurso tradicional que todo visitante ilustre faz com uma foto com os funcionários posando na frente de um carro saindo da linha de produção.
MAIS SISTEMISTAS
Mas a anuncio de que o número de sistemistas vai passar de 38 para 100, que vai demandar mais tarefas ao Software Center, sediado no Porto Digital, em Recife, que é referência na produção e exportação de software automotivo dentro do que chama de estratégia de descarbonização, liderando a transição energética para uma mobilidade segura, sustentável e acessível não tem outro destino senão o de produzir ali seus veículos híbridos.
Mas a pergunta continua: O que vai sair da planta da Jeep que hoje já roda entregando cinco modelos de três marcas (Jeep Renegade, Compass e Commander, e as picapes Fiat Toro e Ram Rampage)?
SEGREDO GUARDADO
Segundo os mais bem informados “auxiliares de serviços gerais da empresa” que falaram à Coluna sob condição de anonimato, a questão se o caminho será, por exemplo, a hibridização de modelos como Compass e Commnder, ou se a empresa optará por trazer modelos de outros países. Ou, fazer em Goiana modelos de marcas que não são nativos Fiat e Jeep.
Esse é o grande diferencial da planta concebida e implantada a partir de 2016, pelo lendário, Stefan Ketter que também ocupou o cargo de presidente para América Latina quando a empresa se chamava Fiat Chrysler Automobiles (FCA). Ela pode ser adaptada a produzir um novo modelo sem que seja necessário para a produção.
DIA DE CELEBRAR
Mas ontem a governadora tinha muito que celebrar com essa nova conquista para Pernambuco. Afinal, em qual estado do Nordeste uma empresa que já gastou R$11 bilhões numa planta automotiva anuncia mais de R$13 bilhões?
E Emanuele Cappellano disse isso lembrando que o montante empregado neste novo ciclo é maior em comparação àquele feito na construção da fábrica e que “Esse, com certeza, é o maior investimento da indústria automotiva aqui no Nordeste, superando todo o investimento que foi aplicado para construir o Polo entre 2012 e 2015.
PRODUTIVIDADE
Então, a governadora tem que comemorar mesmo porque essa planta não virou o benchmarking da empresa na América Latina por acaso. Basta ver o nível de escolaridade que carrega e como aquela pessoa é capaz de fazer disparar a produtividade da empresa, mostrando na prática que a questão da produtividade no Brasil está mais ligada à disponibilidade de equipamento de ponta do que à oferta de escolaridade.
Resta saber se na saída Cappellano não a convidou para em pouco tempo não voltar ali para dirigir o primeiro híbrido feito em Pernambuco. Mas isso a gente não vai saber agora.