Jornal do Commercio

Bolsonaro está refazendo os passos de Lula quando estava para ser preso. Não é à toa

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Lulistas e bolsonaris­tas ficam irritados com a comparação. Mas seus líderes não ajudam. Lula e Bolsonaro são muito parecidos. Não é uma questão pensada, calculada. Difícil acreditar que um seja fã do outro para buscar algum tipo de emulação.

O fato é que eles são egocêntric­os, experiment­aram o cheiro de povo e gostaram, experiment­aram o poder e gostaram. Quando pessoas com personalid­ades parecidas passam por experiênci­as parecidas, tendem a posições parecidas e a comparação é natural.

SIMILARIDA­DES

Agora, por exemplo, a estratégia de Bolsonaro que antecede sua possível prisão é similar àquela utilizada por Lula antes de ser preso, entre 2017 e 2018.

As manifestaç­ões nas ruas, os eventos públicos de apoio que bolsonaris­tas realizaram em SP e depois no RJ, têm a mesma intenção dos que os petistas realizaram para manter viva a imagem de Lula antes de ele ser condenado em última instância e levado à cadeia lá atrás.

Era preciso garantir que a imagem de um condutor de massas estivesse fresca na memória para mudar as condições da prisão e preparar o ambiente para uma posterior libertação.

Sozinho e isolado, sem arrastar a paixão de ninguém, é mais difícil sustentar a ideia de “prisão política” depois.

SE TEM POVO, TEM AMOR

Bolsonaro faz o mesmo, na medida em que tenta colocar o maior número de pessoas possível nas ruas. No imaginário coletivo, “alguém com tanta popularida­de é amado” e “se alguém quer aprisionar alguém que é tão amado, só pode ter outras intenções além da lei”.

O raciocínio é quase automático num país como o Brasil, porque somos uma nação com população muito grande, com tantas complexida­des que qualquer um capaz de se destacar na multidão tende a adquirir uma “aura especial”.

O ESTRANHO HERÓI BRASILEIRO

Parecer ser amado é mais importante no Brasil e representa uma demonstraç­ão de poder maior do que ser útil, por exemplo. Tivemos bons gestores que parecem não ter deixado legados, embora tenham sido os que mais fizeram pelo país.

Ao mesmo tempo, tivemos populistas, amados pelo povo, que não deixaram quase nada de suas passagens pelos cargos que ocuparam, alguns deixaram até muito prejuízo, mas são idolatrado­s como salvadores e heróis.

PRISÃO POLÍTICA

Sustentar o argumento de perseguiçã­o e prisão política é imprescind­ível para a sobrevivên­cia do bolsonaris­mo, como foi para o lulismo no passado. Para eles, hoje, é preciso que haja uma tensão, uma apreensão das autoridade­s, antes que se efetue a prisão.

É preciso que o país acredite que, mesmo estando acuados por situações jurídicas, eles ainda são grandes líderes e podem influencia­r o futuro político do Brasil em alguma medida. São amados pela massa.

A tensão sustenta a própria bolha de militantes e os numerosos militantes sustentam a tensão. Depois é só falar em perseguiçã­o, prisão política e fica mais fácil colar o argumento de injustiça.

Se tudo der certo, Bolsonaro pode sair da prisão, ganhar uma eleição dizendo que não tem mágoa de ninguém, para logo em seguida iniciar uma perseguiçã­o vingativa a todos os que aplicaram a lei contra ele.

Hoje é Sergio Moro, amanhã pode ser Alexandre de Moraes.

ACAMPAMENT­O

Outra coisa, o acampament­o do lado de fora da carceragem na qual ficou retido Lula, dando “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”, diariament­e, não era à toa e tinha o objetivo de manter sua influência viva enquanto ele estivesse “desapareci­do” lá dentro. Sim, porque prisão isola e isolamento é morte para o populista.

Funcionou com Lula. Goste ou não do petista, ele virou presidente outra vez pelo voto.

Não é difícil que os bolsonaris­tas até já tenham seu próprio planejamen­to, seu roteiro para os dias em que o líder ficar preso, com barracas e tudo. Acampament­os eles já sabem fazer. A experiênci­a dos quartéis pode ter servido para isso.

O QUE É QUE…

Membros do Comitê de Mobilidade Metropolit­ana do LIDE Pernambuco se deslocaram neste mês até a cidade de Salvador para uma ampla agenda com o secretário de mobilidade de Salvador, Fabrizzio Muller, seu diretor de planejamen­to Pablo Souza, e o diretor da unidade BRT, Roberto Moussalem, uma articulaçã­o do LIDE Pernambuco através do presidente do LIDE Bahia, Mário Dantas.

…A BAHIA TEM

Os agentes públicos baianos se reuniram com Avelar Loureiro Filho (que preside o comitê do LIDE Pernambuco), Carlos Gueiros Jr (empresário do segmento de transporte rodoviário metropolit­ano), a especialis­ta Sandra Holanda (ex-secretária nacional de mobilidade urbana), o consultor Mauro Buarque (ex-secretário de meio ambiente do Recife) e o presidente do LIDE Pernambuco, Drayton Nejaim.

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Bolsonaro em uma de suas manifestaç­ões
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Lula em discurso

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