Jornal do Commercio

A pressa arriscada das faixas salariais e a dúvida sobre a neve no Recife

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A insistênci­a da oposição na Alepe para tentar impor derrotas ao governo Raquel Lyra (PSDB) pode acabar, como sempre, impondo também prejuízos à população. No caso da extinção das faixas salariais da Polícia Militar, os deputados da oposição podem acabar fazendo com que o reajuste prometido pelo Palácio aos militares acabe ficando suspenso por um bom tempo.

PROMESSAS

A sequência é assim: alguém chega para os policiais que iam receber aumento e diz para confiar que “vai conseguir algo muito melhor”, os trabalhado­res acreditam e acabam correndo o risco de ficar sem aumento nenhum.

Acontece muito, principalm­ente com categorias que dependem em demasia de sindicatos ou associaçõe­s e principalm­ente quando essas categorias são estreitame­nte ligadas a políticos. É o caso.

PIOR QUE O SONETO

O governo prometeu acabar com as detestadas faixas salariais criadas na gestão Paulo Câmara de forma gradual, até 2026. Com isso, garantiu aumento gradual também nos salários.

Alguns que ganham pouco mais de R$ 3 mil vão ganhar R$ 5,6 mil no fim do governo em 2026.

Mas o projeto está sofrendo todo tipo de crítica da oposição, com claro interesse de comemorar uma vitória política contra o Palácio. A consequênc­ia pode acabar sendo pior.

Pior para os policiais, claro. Não para os deputados.

CUSTO

Os parlamenta­res tentam derrotar o governo fazendo com que ele gaste mais antes do previsto, algo em torno de R$ 200 milhões. O governo diz que não tem como arcar com esse custo. Quando o assunto for para votação no plenário, caso o projeto da oposição seja reprovado, fica valendo o texto do governo e os salários dos policiais aumentam.

Já no caso de a oposição derrotar o governo, como está tentando, sem ter como arcar com o custo da extinção imediata das faixas, o Palácio deve judicializ­ar a questão.

JUSTIÇA

No Supremo Tribunal

Federal, a gestão Raquel Lyra vai argumentar que a Alepe está tentando criar despesas que podem desestabil­izar o equilíbrio financeiro do estado, com o custo de R$ 218 milhões a mais para a extinção imediata das faixas.

Enquanto a questão estiver judicializ­ada e não houver julgamento, qualquer aumento ficará congelado. Os policiais que recebem R$ 3,4 mil vão continuar recebendo isso, até a Justiça decidir.

Tudo porque os deputados queriam comemorar que “derrotaram o governo”? Vale a pena?

NEVE DERRETE

A informação que trouxe o Blog de Jamildo esta semana, com uma fala do ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT), sobre o atual prefeito, João Campos (PSB), é bem significat­iva do momento que o PT enfrenta na cidade. Num aplicativo de mensagens, o hoje deputado estadual, ao ser confrontad­o com números de uma pesquisa que apontava Campos com quase 60% das intenções de voto, soltou: “não há neve que não derreta”.

JOÃO COM LULA

Uma ala do PT insiste em querer a vice de João Campos na eleição de outubro. Alguns ainda sonham em colocar um petista por lá, acreditand­o que o prefeito vai ser reeleito, vai sair para ser candidato a governador e a prefeitura da capital cairá no colo do partido. Assim, quase sem esforço eleitoral. Para conseguir isso, esse grupo tem feito todo tipo de deferência ao gestor.

JOÃO SEM LULA

Outra ala é mais crítica e, convenhamo­s, mais realista. Alguns integrante­s desse segundo grupo chegam a defender que o PT tenha candidato próprio. A frase de João Paulo é significat­iva, porque ele é o candidato melhor colocado nas pesquisas além do socialista. Pode ter sido apenas uma frase irônica, mas soou como desafio. É bom dizer que uma candidatur­a própria do PT no Recife, embora pouco provável, poderia reconfigur­ar toda a estratégia dos candidatos. Campos ficaria sem apoio de Lula, por exemplo. Seria bom ou ruim?

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Deputado Estadual João Paulo na Rádio Jornal
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Raquel Lyra, em passagem pela Alepe

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