Polícia apura desvio de remédios de policlínica em Porto de Galinhas para o tráfico
Operação cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de investigados e na unidade de saúde, ontem
APolícia Civil cumpriu, ontem, mandados de busca e apreensão contra suspeitos de participação em um esquemadedesvioderemédios da Policlínica de Porto de Galinhas,emipojuca,litoralsul de Pernambuco.
Ainvestigaçãoapontaque os medicamentos estariam sendo entregues à facção criminosa Trem Bala, que domina o tráfico de drogas no principal cartão-postal do Estado. imagens recebidas pelo JC mostram que um dosendereçosvisitadospelos policiais durante a operação foi a policlínica. Residências de suspeitos também foram alvo de buscas.
Cartelas com comprimidos de várias fórmulas foram apreendidas, além de pomadas, pacotes de fraldas descartáveis e máscaras usadas em crimes.
Um dos investigados é coordenador da unidade de saúde. O servidor público, cujo nome está sendo mantido sob sigilo, estaria, inclusive, fazendo atendimentos de integrantes da Trem Bala de forma clandestina, para evitar que a polícia identifique e prenda os criminosos.
Emtroca,segundoainvestigação, ele estaria recebendo quantias em dinheiro e apoioparaarealizaçãodefestas em Porto de Galinhas.
A Polícia Civil chegou a solicitar as prisões temporárias de investigados, mas o pedido foi negado pela Justiça.
PROCESSO ADMINISTRATIVO
Procurada, a Prefeitura do Ipojuca informou que é “veementementecontraqualquer tipo de delito ou situação que possa refletir na má utilização de recursos públicos”.
“Reforçaaindaquedarátotalapoioàsinvestigaçõesrealizadas pela Polícia Civil para que as devidas providências sejam tomadas pelos órgãos da polícia judiciária. Por fim, internamente, a Secretaria de Saúde também abrirá um processoadministrativopara apurar as denúncias assim que tiver total conhecimento da investigação em curso”, disse a assessoria.
TREM BALA
Investigação da Polícia
Civil aponta que a facção Trem Bala é especializada no tráfico de drogas, comércio ilegal de armas de fogo, tortura e lavagem de dinheiro, também tem ligação com facções do Sudeste, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e, principalmente, o Comando Vermelho. Os líderes estão presos.
Para a polícia, o grupo é bem organizado, com estrutura hierárquica e divisão de tarefas entre os membros: há “olheiros”, vendedores de drogas, gerentes do tráfico, homicidas, “laranjas” que emprestam contas bancárias para a lavagem de dinheiro, chefias e líderes da organização.
A facção tem forte atuação nos municípios de Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho, Sirinhaém, Itamaracá, Escada, Jaboatão dos Guararapes, entre outros.
Nos últimos anos, em outras operações realizadas, foram apreendidos com integrantes do grupo cerca 200 cadernos, onde constavam parte da contabilidade do tráfico de drogas. A polícia acredita que, entre o ano de 2021 e início de 2022, a facção arrecadou quase R$ 10 milhões.
Além disso, o grupo gastou, no mesmo período, quase R$ 300 mil na aquisição de armas de fogo e R$ 114 mil com munições coletes a prova de bala.