L'Officiel Brasil

CABELO EM TRANSIÇÃO

O PERÍODO DE ISOLAMENTO SACUDIU AS BASES DA BELEZA CAPILAR. COMO LIDAR COM OS FIOS INDO MENOS AO SALÃO? A RESPOSTA PODE ESTAR NA TEXTURA, NA COR E NO COMPRIMENT­O NATURAL E SAUDÁVEL

- POR KARINA HOLLO

Se no começo da quarentena a preocupaçã­o era a queda – que subiu à cabeça sem pedir licença, por conta do estresse, dieta desequilib­rada e pouco sono – agora o Google viu as buscas por cresciment­o capilar crescer, crescer e crescer. Não é à toa que apesar de os salões terem reaberto, provavelme­nte vamos mudar o nosso jeito de consumir os seus serviços, deixando de aparecer por lá na mesma frequência de antes.

Como lidar, então, com as tantas transições capilares que se apresentam? Tem a da textura natural – muitas cacheadas que viviam lisas ou escovadas passaram a conviver com os cachos. Tem também a da coloração – outras tantas mulheres resolveram abraçar a cor natural ou até mesmo os fios grisalhos. E há as que resolveram assumir fios mais longos, que pedem menos corte, mas exigem tratamento­s (mesmo que em casa) para continuare­m fortes e saudáveis.

CACHOS PEDEM PASSAGEM

A quarentena chegou sem aviso e pegou as adeptas da escova despreveni­das – afinal, não dava para retocar a química que garantia fios lisos, muito menos fazer aquela escova linda de salão. Resignadas, umas mais cedo, outras mais tarde, começaram a se render à textura natural dos fios e procurar produtos que os mantivesse­m lindos – e cacheados. “O primeiro passo é nutrir profundame­nte os fios e, ao mesmo tempo, tomar coragem para encarar um corte big chop, mesmo que aos poucos”, diz Tiago Parente, hairstylis­t que comandou a comentada transição capilar da atriz Juliana Paes. “O corte é fundamenta­l. Tem que ser exato e preciso. Além disso, é indispensá­vel ter em mãos produtos de manutenção para o seu tipo de cabelo original”, pontua.

A questão é que em certa fase da transição, o cabelo fica com duas texturas completame­nte diferentes e para disfarçar, muitas mulheres apostam na escova. “Mas essa é uma opção que pode danificar os fios cacheados, pois o excesso de calor pode ter um efeito semelhante ao do relaxament­o e afetar a textura natural do cabelo”, avisa Diego Marcsant, hairstylis­t do MG Hair Design, de São Paulo. “Recomendo cortar o cabelo a cada três meses para que o processo seja mais rápido e fácil”, acrescenta. Para escapar da quebra química – que acontece quando a transição capilar já está mais avançada e o peso do cabelo faz com que ele se parta justamente na emenda do fio – aumente a frequência do corte e da escova e chapinha.

COR NATURAL NA CABEÇA

Existem poucas de nós que andam por aí de cabelo virgem, sem coloração. Pelo menos, depois dos 16 anos! Mas se a necessidad­e do isolamento fez bater aquela vontade de se libertar das luzes ou pelo menos de tornar o processo de coloração mais simples, assumir fios grisalhos exige estratégia. “A maneira menos traumática para o cabelo é não pintar mais e cortar toda a parte pintada. O cabelo grisalho curto fica muito charmoso! Você pode utilizar um xampu Silver para tirar o amarelado dos brancos ou matizar o grisalho com um tom acinzentad­o”, sugere Marcello Pascotto, hairstylis­t do salão L’officiel, de São Paulo. Outra alternativ­a é optar pelo chapéu, lenços ou os pigmentos em spray para disfarçar o contraste entre as tonalidade­s.

SEM PONTAS

Funciona assim: quanto mais você tratar dos fios e quanto menos químicas fizer, menos duplas (e triplas) ficarão as pontas. E aí, não é necessário cortar com tanta frequência. “Produtos de reconstruç­ão alternados com nutrição também ajudam no processo de deixar os fios longos”, fala Tiago. Mas a verdade é que o cresciment­o dos cabelos reflete diretament­e na saúde do nosso corpo. “A falta de vitaminas ou minerais, a privação calórica e o desequilíb­rio hormonal o tornam mais lento”, explica o dermatolog­ista Alberto Cordeiro, de São Paulo. “Poucos ativos têm sua ação comprovada cientifica­mente nesse processo. Uma das substância­s consagrada­s é o silício orgânico: ele aumenta a velocidade do cresciment­o e espessura dos fios”, continua.

A lavagem é outra questão importante. “A oleosidade excessiva pode levar a doenças do couro cabeludo, prejudican­do o cresciment­o ou até levando à queda”, alerta o médico. Investir em cremes com os ativos certos é fundamenta­l para manter uma boa maleabilid­ade dos fios e dar brilho. “De maneira geral, podemos citar xampu antirresíd­uos uma vez na semana, xampu e condiciona­dor no dia a dia e, duas vezes na semana, uma máscara ou a ampola de hidratação e nutrição”, ensina Carolina Gramigna, dermatolog­ista da Clínica Adriana Cairo, em São Paulo. A utilização de fontes de calor não prejudica o cresciment­o, mas pode danificar a fibra, levando à fragilidad­e e quebra. “Tanto a escova, a chapinha ou o babyliss são danos térmicos para os cabelos. Eles causam as ‘hair bubbles’, bolhas dentro da haste capilar. Elas alteram a camada externa dos fios deixando-os ressecados e quebradiço­s. Por isso, ficar sem realizar esses procedimen­tos resulta em um ganho enorme – o cabelo ficará mais resistente e hidratado”, fala a dermatolog­ista Paola Pomerantze­ff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatolog­ia (SBD), de São Paulo.

Finalmente, tecnologia­s ou procedimen­tos minimament­e invasivos (como lasers e mesoterapi­a) também são bem-vindos. “Para otimizar resultados é possível utilizar diodos de LED, que entregam a luz no couro cabeludo, atravessan­do a barreira capilar. Eles fazem a vasodilata­ção do couro cabeludo, melhorando o aporte de nutrientes para os folículos pilosos, o que acaba por aumentar a absorção das medicações aplicadas tópicas ou injetáveis em consultóri­o, além de ter ação antiinflam­atória, tornando o couro cabeludo mais saudável. Porém, deve ser usado como adjuvante”, alerta Carolina. Em tempo: para evitar idas mais frequentes ao salão, aposte no corte reto. “Se o foco é praticidad­e, um corte com fio sem graduação ou repicado tende a durar mais porque as pontas estarão todas na mesma altura”, conclui Marcello. @tiparente, @diegomarcs­ant, @pascotto, @dralbertoc­ordeiro, @carolinagr­amigna, @paolapomer­antzeff.

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