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DIAMANTE DO FUTURO

- POR KARINA HOLLO

Os diamantes são as pedras mais preciosas do mundo – apesar de haver gemas tão brilhantes quanto (como rubi, safira e esmeralda) e outras idênticas a eles (como moizanite e zircônia). O que os torna tão especiais? Enquanto as pedras preciosas são feitas da combinação de elementos, ele é composto apenas de carbono. E os mais remotos datam de antes da vida na Terra – se originaram há 25 milhões de anos e vieram para a superfície por conta de explosões raras e violentas.

A joia mais antiga feita com diamantes é de 300 a.c., e foi encontrada no Afeganistã­o. Desde então – com maior frequência a partir da Idade Média –, as pedras aparecem em coroas, anéis e broches, sozinhas ou com outras gemas preciosas. No entanto, elas se tornaram símbolo do amor quando os depósitos de diamantes foram descoberto­s na África do Sul, e a empresa inglesa De Beers criou o famoso slogan “Os diamantes são eternos”. Então, Scarllet O’hara –interpreta­da pela atriz Vivien Leigh – pediu um anel de diamantes no classicão “...E o Vento Levou” e a musa Marilyn Monroe cravou que eles eram os melhores amigos de uma mulher.

GRANDES MAISONS NO SETOR DE JOIAS ANUNCIAM AÇÕES E PARCERIAS PARA ENFRENTAR A CRISE CLIMÁTICA E PRESERVAR A BIODIVERSI­DADE MUNDIAL

FEITOS PELO HOMEM

A estrutura de um diamante é simples: cada átomo de carbono forma quatro ligações com outros átomos de carbono. Isso o torna tão duro que só pode ser cortado por outro diamante. Até os anos 1950, eles eram encontrado­s somente na natureza. Mas eis que cientistas conseguira­m criar um diamante sintético estrutural­mente idêntico aos extraídos da terra. E não só para anéis, brincos, colares e pulseiras. Diamantes são também o material mais duro encontrado no meio ambiente, o que os torna cruciais para construção de armas, tanques e aviões.

Em 1954, Tracy Roll descobriu como fazer diamantes em laboratóri­o. E eles podem ser gerados com alta pressão e alta temperatur­a, recriando as condições naturais nas quais o carbono se cristaliza como diamante, ou por meio da deposição de vapor químico, permitindo que átomos livres de carbono chovam em uma placa de diamante – resultando em pureza e qualidade extraordin­árias.

Mas como saber qual é natural e qual foi feito pelo homem? Apenas equipament­o laboratori­al muito especializ­ado pode detectar as mínimas diferenças entre os dois. E, analisam os ambientali­stas, diamantes sintéticos são melhores para o planeta, além de mais inovadores.

ORIGEM É TUDO

Hoje, a Rússia é o maior depósito de diamantes no mundo e quem domina o mercado por lá é a Alrosa. Mas a questão é que os diamantes financiara­m guerrilhas em países como Angola, Libéria, Serra Leoa e Costa do Marfim – tanto que foram apelidados de diamantes de sangue.

Ao saber a procedênci­a do diamante, tem-se certeza de que ele foi obtido de fornecedor­es que operam de forma ambiental e socialment­e consciente­s. Por meio de práticas de compra responsáve­l, busca-se promover a proteção dos direitos humanos e do solo, além de criar oportunida­de econômica para comunidade­s da cadeia de produção.

A Tiffany & Co., pioneira no quesito, foi a primeira joalheria de luxo global a divulgar o país onde os seus diamantes são comprados – uma conquista na rastreabil­idade e na transparên­cia. “Nossos clientes merecem saber que um diamante Tiffany foi adquirido com os mais altos padrões, não apenas de qualidade, mas também de responsabi­lidade social e ambiental”, diz Anisa Kamadoli Costa, diretora de sustentabi­lidade da Tiffany & Co.

Membro-fundador do Comitê Diretor da IRMA (Iniciativa pela Garantia da Mineração Responsáve­l), a Tiffany lançou o padrão de mineração responsáve­l. Ao seu lado, Bvlgari, Cartier, Chanel, Chopard, Dior, Gucci, Hermès, Louis Vuitton, Montblanc, Van Cleef & Arpels, Vivara e mais de 150 fabricante­s de joias fazem parte dessa organizaçã­o internacio­nal sem fins lucrativos de padronizaç­ão e certificaç­ão das gemas. Outro protocolo que ajuda a eliminar o fluxo de “diamantes de conflito” é o Processo de Kimberley, um compromiss­o do setor com a remoção do fluxo de diamantes de zonas de conflito da cadeia de suprimento­s global. Na Tiffany, por exemplo, aceitam-se apenas diamantes de países sem queixas sobre direitos humanos em relação aos diamantes como Botsuana, Canadá, Namíbia, Rússia e África do Sul.

A Bvlgari trabalha continuame­nte para garantir que toda a cadeia de fornecimen­to use matérias-primas de origem responsáve­l, com a mais alta consideraç­ão pela ética e pelo meio ambiente. "Bvlgari faz

grandes esforços para garantir que seus diamantes jamais sejam contaminad­os por conflitos geopolític­os. A empresa só compra diamantes polidos de fornecedor­es confiáveis e de países que aderem ao Processo Kimberley, uma iniciativa conjunta do governo, da indústria e da sociedade civil criada para conter o fluxo de diamantes de conflito por meio de um esquema de certificaç­ão internacio­nal”, conta Eleonora Rizzuto, Diretora de Sustentabi­lidade e Responsabi­lidade Corporativ­a do Grupo Bvlgari e LVMH. Em 2019, a label obteve 99% de seus diamantes de fornecedor­es certificad­os pelo Conselho de Joalheria Responsáve­l – e o objetivo é atingir 100% até 2020. Além disso, todos os fornecedor­es da Bvlgari são membros de associaçõe­s comerciais, como o World Diamond Council, que visa implementa­r o Processo Kimberley por meio de um sistema de autorregul­ação.

EM DEFESA DA BIODIVERSI­DADE

A responsabi­lidade social vem ganhando relevância também no mercado do luxo. Aqueciment­o global e escassez de recursos naturais faz, inclusive, com que muitas empresas modifiquem os seus processos de produção – o consumidor se preocupa com o meio ambiente e se interessa pela origem do produto que vai comprar.

A Cartier, por exemplo, se uniu ao Lion’s Share Fund para combater a crise ambiental. Liderado pelo Programa de Desenvolvi­mento das Nações Unidas (PNUD) e por uma coalizão de empresas e parceiros da ONU, o fundo visa arrecadar mais de US$ 100 milhões de dólares por ano, até 2025, para impedir a destruição de ecossistem­as e proteger os habitats naturais – um milhão de espécies de animais e plantas estão em risco de extinção nas próximas décadas, devido à atividade humana.

O acordo com as marcas envolve o repasse de 0,5% do seu investimen­to de mídia toda vez que os seus anúncios apresentar­em uma figura animal. “A beleza do mundo natural sempre foi uma fonte de inspiração e de criativida­de para as peças atemporais da Cartier”, afirma Cyrille Vigneron, presidente e CEO da Cartier Internacio­nal. “Acreditamo­s que é o nosso dever proteger a biodiversi­dade e promover um impacto na conservaçã­o da vida selvagem.” Lançado em setembro de 2018, o Fundo ajudou a Reserva Nacional do Niassa, em Moçambique, a acabar com a caça de elefantes. Também cofinancio­u a compra de terras para orangotang­os, elefantes e tigres em perigo em Sumatra do Norte, na Indonésia, e está expandindo seu trabalho, criando uma equipe feminina de guardas florestais e o primeiro santuário de rinoceront­es da ilha.

Já a Fundação Tiffany & Co. definiu uma meta de redução de 15% na geração dos gases de efeito estufa entre 2013 e 2020 e, nos últimos 15 anos, doou mais de US$ 20 milhões para promover práticas de mineração responsáve­l, remediar áreas impactadas pela mineração e preservar regiões com significad­o cultural ou ambiental. Finalmente, sua coleção Tiffany Save the Wild, lançada para ajudar a levantar fundos e aumentar a conscienti­zação para a proteção de elefantes, rinoceront­es e leões reverte 100% dos lucros à Wildlife Conservati­on Network. Uma verdadeira prova de amor ao planeta.

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ABAIXO, CONTROLE DE QUALIDADE, LAPIDAÇÃO E POLIMENTO DAS PEDRAS, TIFFANY & CO.; NA PÁGINA AO LADO, COLAR, TIFFANY & CO. E BRACELETES, CARTIER
NA PÁGINA DE ABERTURA LADY GAGA COM COLAR DE DIAMANTES, TIFFANY & CO.; ABAIXO, CONTROLE DE QUALIDADE, LAPIDAÇÃO E POLIMENTO DAS PEDRAS, TIFFANY & CO.; NA PÁGINA AO LADO, COLAR, TIFFANY & CO. E BRACELETES, CARTIER
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