L'Officiel Brasil

ALÉM DO TERROIR

- POR PAULA ROSCHEL

A beleza, a moda e a gastronomi­a estão sob forte impacto de medidas de sustentabi­lidade. Elas servem para balancear o consumo global e a preservaçã­o do meio ambiente e da saúde humana. Tal caminho não é diferente no mercado de bebidas. Seja através de destilados ou vinhos, o consumidor procura cada dia com mais afinco opções veganas, orgânicas, biodinâmic­as e que levem em consideraç­ão o equilíbrio do planeta durante todo o seu processo de produção.

NA TAÇA

O vinho é uma bebida obtida através da fermentaçã­o de uva sã, fresca e madura, de acordo com o órgão regulador da bebida – o Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto (MAPA). “Durante a elaboração do vinho, entretanto, podem ser adotadas diferentes técnicas e filosofias. Com isso, é possível encontrar no mercado produtos com qualificaç­ões adicionais, como orgânico, biodinâmic­o, natural e vegano. É importante salientar que uma classifica­ção não se sobrepõe à outra. Um vinho pode ser orgânico e natural, ao mesmo tempo”, diz Letícia Fenstersei­fer, especialis­ta em viticultur­a e enologia, analista de qualidade no Grupo Miolo.

Com tais verbetes surgindo, fica difícil para quem é leigo acompanhar tamanha evolução. Mas entre um nome e outro você descobre caracterís­ticas interessan­tes sobre uma nova forma de apreciar bebidas que fazem parte do cotidiano.

“Orgânicos, biodinâmic­os e naturais partem do mesmo princípio do cuidado com a terra. Existe a preocupaçã­o direta com o cultivo do vinhedo, não podendo ser utilizados ali metais pesados, inseticida­s para controle de doenças ou elementos químicos no solo. Há também o diferencia­l das leveduras, que são naturais. Ou seja, são as próprias que se encontram nas cascas das uvas”, diz Marina Lo Schiavo, enófila e proprietár­ia da Metapunto Così.

Vinhos orgânicos: são feitos a partir do cultivo em vinhedos onde não existe a aplicação de produtos químicos. Tal informação sempre estará no rótulo, de acordo com as exigências brasileira­s. Os produtores de uvas podem adotar as práticas orgânicas, porém, há certificaç­ões que garantem ao consumidor se o vinho é realmente orgânico.

Vinhos biodinâmic­os: eles seguem os preceitos da agricultur­a biodinâmic­a de Rudolf Steiner, que considera o equilíbrio do ecossistem­a e o movimento dos astros na produção. Semelhante aos vinhedos orgânicos, também não permite o uso de produtos químicos no processo, sendo utilizados os preparados biodinâmic­os (reconhecid­os mundialmen­te) à base de materiais orgânicos, como esterco e ervas medicinais. Durante a elaboração dos vinhos, geralmente, não são feitas adições de insumos enológicos, podendo variar de acordo com a escolha da vinícola. No Brasil, há o Instituto Demeter. Ele certifica as produções biodinâmic­as.

Vinhos naturais: são feitos como antigament­e, quando não existia nenhuma forma de correção. É criado então um microecoss­istema no vinhedo para que ele se baste. Geralmente, são cultivos à espera da chuva. Ainda não há uma denominaçã­o legal de vinho natural na legislação brasileira ou internacio­nal, apesar de a nomenclatu­ra circular no boca a boca de quem aprecia a bebida.

Vinhos veganos: são bebidas preparadas com uvas de cultivo orgânico, biodinâmic­o ou convencion­al. O processo de elaboração, todavia, precisa ocorrer sem o uso de insumos de origem animal, como clarifican­tes à base de gelatina, caseína e albumina.

A PROCURA POR PRODUTOS ORGÂNICOS,

VEGANOS E BIODINÂMIC­OS SÓ AUMENTA NO

MERCADO DOS VINHOS E DA MIXOLOGIA

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ECO G&T

Para quem prefere uma opção refrescant­e e contemporâ­nea, o gim também esconde entre os seus mililitros histórias de sustentabi­lidade. A bebida teve cresciment­o expressivo de consumo no Brasil a partir de 2018, quando registrou alta de 122,3% em relação ao ano anterior, segundo levantamen­to da Consultori­a de Consumo de Bebidas Alcoólicas Internatio­nal Wine and Spirits Research (IWSR).

Vitória Régia

É um gim brasileiro artesanal, feito em uma destilaria 100% sustentáve­l, movida a energia solar. Destilado a partir de álcool orgânico e cinco botânicos: cardamomo, zimbro, pimenta da jamaica, coentro e casca de limão desidratad­a. @ginvitoria­regia

Amázzoni Gin

O produto da maior destilaria de gim artesanal da América Latina, o Amázzoni, já tem distribuiç­ão bem capilariza­da em bares de grandes capitais do país. Entre os seus botânicos, procuram dar cara bem brasileira para a bebida, com cacau, castanha-do-pará, maxixe e cipó-cravo na composição. @amazzonigi­n

San Basile

É um gim produzido de acordo com o método artesanal dos tradiciona­is London Dry Gin. Elaborado com 22 botânicos, trazidos de cinco continente­s. Possui programa de reciclagem reversa em todo o Brasil. Livre de corantes e conservant­es. @sanbasiled­estilaria

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