ALÉM DO TERROIR
A beleza, a moda e a gastronomia estão sob forte impacto de medidas de sustentabilidade. Elas servem para balancear o consumo global e a preservação do meio ambiente e da saúde humana. Tal caminho não é diferente no mercado de bebidas. Seja através de destilados ou vinhos, o consumidor procura cada dia com mais afinco opções veganas, orgânicas, biodinâmicas e que levem em consideração o equilíbrio do planeta durante todo o seu processo de produção.
NA TAÇA
O vinho é uma bebida obtida através da fermentação de uva sã, fresca e madura, de acordo com o órgão regulador da bebida – o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). “Durante a elaboração do vinho, entretanto, podem ser adotadas diferentes técnicas e filosofias. Com isso, é possível encontrar no mercado produtos com qualificações adicionais, como orgânico, biodinâmico, natural e vegano. É importante salientar que uma classificação não se sobrepõe à outra. Um vinho pode ser orgânico e natural, ao mesmo tempo”, diz Letícia Fensterseifer, especialista em viticultura e enologia, analista de qualidade no Grupo Miolo.
Com tais verbetes surgindo, fica difícil para quem é leigo acompanhar tamanha evolução. Mas entre um nome e outro você descobre características interessantes sobre uma nova forma de apreciar bebidas que fazem parte do cotidiano.
“Orgânicos, biodinâmicos e naturais partem do mesmo princípio do cuidado com a terra. Existe a preocupação direta com o cultivo do vinhedo, não podendo ser utilizados ali metais pesados, inseticidas para controle de doenças ou elementos químicos no solo. Há também o diferencial das leveduras, que são naturais. Ou seja, são as próprias que se encontram nas cascas das uvas”, diz Marina Lo Schiavo, enófila e proprietária da Metapunto Così.
Vinhos orgânicos: são feitos a partir do cultivo em vinhedos onde não existe a aplicação de produtos químicos. Tal informação sempre estará no rótulo, de acordo com as exigências brasileiras. Os produtores de uvas podem adotar as práticas orgânicas, porém, há certificações que garantem ao consumidor se o vinho é realmente orgânico.
Vinhos biodinâmicos: eles seguem os preceitos da agricultura biodinâmica de Rudolf Steiner, que considera o equilíbrio do ecossistema e o movimento dos astros na produção. Semelhante aos vinhedos orgânicos, também não permite o uso de produtos químicos no processo, sendo utilizados os preparados biodinâmicos (reconhecidos mundialmente) à base de materiais orgânicos, como esterco e ervas medicinais. Durante a elaboração dos vinhos, geralmente, não são feitas adições de insumos enológicos, podendo variar de acordo com a escolha da vinícola. No Brasil, há o Instituto Demeter. Ele certifica as produções biodinâmicas.
Vinhos naturais: são feitos como antigamente, quando não existia nenhuma forma de correção. É criado então um microecossistema no vinhedo para que ele se baste. Geralmente, são cultivos à espera da chuva. Ainda não há uma denominação legal de vinho natural na legislação brasileira ou internacional, apesar de a nomenclatura circular no boca a boca de quem aprecia a bebida.
Vinhos veganos: são bebidas preparadas com uvas de cultivo orgânico, biodinâmico ou convencional. O processo de elaboração, todavia, precisa ocorrer sem o uso de insumos de origem animal, como clarificantes à base de gelatina, caseína e albumina.
A PROCURA POR PRODUTOS ORGÂNICOS,
VEGANOS E BIODINÂMICOS SÓ AUMENTA NO
MERCADO DOS VINHOS E DA MIXOLOGIA
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ECO G&T
Para quem prefere uma opção refrescante e contemporânea, o gim também esconde entre os seus mililitros histórias de sustentabilidade. A bebida teve crescimento expressivo de consumo no Brasil a partir de 2018, quando registrou alta de 122,3% em relação ao ano anterior, segundo levantamento da Consultoria de Consumo de Bebidas Alcoólicas International Wine and Spirits Research (IWSR).
Vitória Régia
É um gim brasileiro artesanal, feito em uma destilaria 100% sustentável, movida a energia solar. Destilado a partir de álcool orgânico e cinco botânicos: cardamomo, zimbro, pimenta da jamaica, coentro e casca de limão desidratada. @ginvitoriaregia
Amázzoni Gin
O produto da maior destilaria de gim artesanal da América Latina, o Amázzoni, já tem distribuição bem capilarizada em bares de grandes capitais do país. Entre os seus botânicos, procuram dar cara bem brasileira para a bebida, com cacau, castanha-do-pará, maxixe e cipó-cravo na composição. @amazzonigin
San Basile
É um gim produzido de acordo com o método artesanal dos tradicionais London Dry Gin. Elaborado com 22 botânicos, trazidos de cinco continentes. Possui programa de reciclagem reversa em todo o Brasil. Livre de corantes e conservantes. @sanbasiledestilaria