As cores do homem
entre em uma escala industrial. A ideia é respeitar o tempo das artesãs, que se dividem entre o bilro e a rotina familiar. Existe peça que demora quase 300 horas para ficar pronta”, conta. “E também é uma forma de mudar esse paradigma na cabeça de quem compra, fazer repensar os modelos de consumo e produção. Propomos uma aposta no tempo do fazer.” Deu certo: nos primeiros 15 dias, a meta, que era vender 100 peças, foi ultrapassada em 50%. O resultado é que o grupo de rendeiras envolvidas já cresceu, e novas entradas estão nos planos, incluindo aí uma coleção de moda praia.
Muito disso é resultado da história da Catarina Mina, que desde 2005 se propõe um esforço de trazer o saber do artesanato tradicional para a moda, mas sem se sobrepor a quem faz e detém o conhecimento. A marca, que ficou conhecida pelas bolsas de crochê, tem proposto formas contemporâneas de comercialização e capacitação, apostando em parcerias e transparência. Foi a primeira empresa brasileira de moda a trabalhar com custo aberto — ou seja, quem compra sabe exatamente quanto aquela peça custou para ser feita e, o mais importante, que porcentagem do preço está indo para as mãos da artesã que a fabricou.
É por esse motivo que, nos últimos anos, Celina tem tocado a marca mais como uma rede de conexões, construindo minicoleções a partir de oficinas e experimentos locais com comunidades. A ideia do Olê, por exemplo, é que o projeto se aproveite do know-how e dos contatos da Catarina Mina para que, no futuro, seja tocado pelas próprias mulheres de maneira independente. “Já estamos começando a desenhar um modelo de transição, para que elas possam criar essa autonomia”, comemora, explicando que o processo não fica só nas roupas, mas passa por treinos de gestão e comunicação.
Até lá, quem compra as peças recebe um QR code para acessar minibios afetivas sobre a rendeira que fez sua roupa. E pode conhecer, por exemplo, dona Dorinha, uma sorridente senhora que aprendeu o ofício aos 4 anos, observando sua mãe trabalhar. E que está prestes a se tornar, como suas colegas, uma empresária de moda independente.