O turbilhão da vida
A marca suíça Audemars Piguet acaba de abrir seu novíssimo Museu Ateliê, um lugar imersivo, fora do comum, que faz ritmar o passado, o presente e o futuro de uma maison visionária.
Como um córrego, o vento ou a neve, o espírito transforma a paisagem. Talvez isso explique a capacidade ancestral do povo local do Vale de Joux, há muito tempo confinado em seus casebres, de criar movimentos relojoeiros durante os longos meses de inverno. Agora, são colhidos mais frutos do que nunca nesse local calmo, onde o trabalho com o tempo parece não ter fim.
O Museu Ateliê Audemars Piguet foi inaugurado em junho passado (durante um pequeno hiato na crise sanitária), na cidade de Brassus, berço da alta relojoaria suíça. Surgindo do campo, a construção imponente, criação do escritório dinamarquês Bjarke Ingels Group, parece brotar frescamente da terra. Em uma dupla espiral futurista estão toda a história e a memória da marca, desde 1875 até os dias atuais. Um gesto arquitetônico simbólico, envolvente, simples como a caixa de um relógio, complexo como seu funcionamento. “A ideia foi inventar um instrumento museográfico, ilustrando ao mesmo tempo a complexidade de um relógio e os valores da marca”, explica Sébastien Vivas, diretor do museu e do patrimônio de Audemars Piguet. Entre esses valores estão a família, a herança e o paradoxo. Família? Melhor dizer, as famílias – Audemars e Piguet, fundadoras da marca e sempre na direção da empresa, conservando ferozmente sua independência. Herança? Uma forma de renovar a excelência e a paixão, chaves mestras da ilustre maison. E paradoxo porque é imprescindível unir os opostos e ver jorrar sua força.