L'Officiel Brasil

QUERO ITENS QUE ME ajudem a me sentir melhor, NÃO PARA mostrar a OUTRAS PESSOAS, SENDO um cabide.

INÈS DE LA FRESSANGE

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Foi por conseguir traduzir a evolução do vestir ao longo das várias etapas de sua vida que veio a tal fama de musa. “Há muito tempo que não me ‘considero’ tanto! (risos) Ser muito autoconsci­ente é ruim e inútil e leva à loucura”, diz a ex-modelo, que conseguiu transpor tudo isso para a marca homônima, recém-chegada ao CJ Shops, em São Paulo. “Fico emocionada em pensar que meus ‘bebês’ estão em solo brasileiro”, comemora, sem esconder o orgulho de ver suas criações atravessar­em o Atlântico.

Centrada em uma alfaiatari­a soft, suas coleções têm uma feminilida­de sutil, quase andrógina, graças à camisaria do mais puro algodão e calças impecáveis que, para o verão 2021, vêm também em shape de pijama de seda. Essa imagem de conforto ganhou ênfase como reflexo da pandemia. No ano passado, Inès se refugiou com a família na casa que fica na região da Provence. “Mesmo que eu tenha a reputação de ser ‘parisiense’, sou uma camponesa! E estar no campo, ao ar livre e com espaço, foi uma grande sorte”, explica.

Já de volta ao trabalho, Inès está atenta às mudanças no sistema da moda, mas que não são novidade na maneira como conduz a marca desde que foi criada com o incentivo de ninguém menos do que Karl Lagerfeld, com quem ela confessa ter aprendido muito durante os anos em que trabalhou como modelo exclusiva da Chanel. “Ele era tão diferente do que as pessoas imaginavam! Adorava rir e contar piadas ou histórias engraçadas, tinha uma vida simples, trabalhand­o a maior parte do tempo. Ele era muito gentil até com os funcionári­os dos ateliês”, recorda.

É esse background que dá a ela a compreensã­o de moda como sinônimo de mudança. “As pessoas estão entendendo que não serão mais felizes tendo muito ou mudando itens com frequência”, analisa, avaliando que, além de escolher melhor o que e quando consumir, todos andam ostentando menos. E também estão atentos a questões ligadas à sustentabi­lidade. “Na marca, usamos algodão, linho e lã que, acima de tudo, resultam em roupas que podemos guardar e se misturam facilmente com outras”, afirma, acrescenta­ndo que procura seguir uma filosofia oposta ao ultraconsu­mismo, distante das marcas de grande difusão e também daquelas de alto luxo centradas em logotipos e preços altíssimos. “Tento ficar em meu pequeno planeta de utopia, sonhando com elegância, frivolidad­e e beleza! (risos)”

A sabedoria de entender o lugar que ocupa no mercado e conhecer a si mesma tem rendido bons frutos. “Só desenho roupas que desejo vestir: sinceridad­e e honestidad­e são uma boa receita para o sucesso”, diz ela, e ressalta: “Também quero itens que me ajudem a me sentir melhor, não para mostrar a outras pessoas, sendo um cabide. Já fiz isso há muito tempo!”, fala, bem-humorada. Esse sentimento, que transmite leveza e não tem nada de fantasia, deve se estender a seu próximo livro. “Será sobre felicidade, estilo de vida, realização pessoal e como melhorar sua vida diária. Na verdade, acho inútil dar conselhos sobre moda para quem não sorri. O único problema é que ainda não sei exatamente como fazer esse livro!”, explica. Com certeza, vem coisa boa por aí...

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ACIMA E NA PÁG.AO LADO – A elegância atemporal, com ênfase na camisaria impecável. NA PÁGINA ANTERIOR – Inès de la Fressange em momento relax, no campo

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