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ERIKA HILTON, vereadora de São Paulo

- Por EDUARDO VIVEIROS

Mulher, jovem, preta, transexual e da periferia: a presença de Erika Hilton carrega uma série de atributos que não eram comuns na política brasileira. Isso até ela ser eleita vereadora com admiráveis 50.508 votos nas eleições municipais da capital paulistana, em 2020 – o que deu a ela mais um aposto, o de mulher mais votada naquele pleito (e a décima do ranking nacional). Uma conquista que impression­a, ainda mais para quem se candidatav­a como cabeça de chapa pela primeira vez, aos 27 anos. Mas seu histórico de luta, como tantas mulheres trans, vem da vida toda. Nascida em Franco da Rocha, na região metropolit­ana de São Paulo, Erika sofreu violência religiosa por parte da família, foi expulsa de casa na adolescênc­ia e passou anos convivendo com a realidade da prostituiç­ão até ser reacolhida pela mãe. Envolvida com a militância estudantil, filiou-se ao PSOL e fez parte da Bancada Ativista, candidatur­a coletiva eleita para a vaga de deputada estadual em 2018. Seu posicionam­ento – e seu sucesso nas urnas – encarna uma vontade de tantos corpos que sempre foram ignorados pela sociedade, de reclamar por respeito e dignidade de vida e que agora levam a luta às esferas oficiais do poder legislativ­o. “Eu faço parte de uma história que não começa nem termina agora. Sou a continuida­de de um projeto ancestral, de homens e mulheres que vieram antes de mim”, disse, em discurso histórico no dia da eleição. “A política não será mais lugar exclusivo de homens brancos e cisgêneros. Estamos prontas para contra-atacar, transcreve­r a história e afrontar esse sistema horroroso.”

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