A ESTRELA DE CHANEL NO 5
Marion Cotillard conta como foi representar o perfume usado por várias mulheres que quebraram códigos e serviram de inspiração para tantas outras sem jamais terem entrado em espartilhos sociais.
É sempre um grande evento, desde o lançamento do icônico Nº 5, em 1921, a escolha de uma nova musa que o retrate. Desta vez, é a atriz francesa Marion Cotillard que vai simbolizar o perfume lendário.
O famoso perfume Nº 5, de Chanel, festeja seus 100
L’OFFICIEL
anos neste ano. O que ele significa para você?
Para mim, é uma parte da cultura francesa.
MARION COTILLARD
Sua criação foi uma revolução no mundo dos perfumes. Sua singularidade faz com que seja ainda ultramoderno, mesmo com o passar dos anos. Ele tem certo mistério por conta de sua complexidade associada a sua pureza. Da primeira vez que experimentei seu aroma, já era adolescente, e seu lado misterioso me fez sonhar.
O que você sentiu sucedendo Marilyn Monroe, Catherine
L’O
Deneuve, Carole Bouquet, que encarnaram o Nº 5?
Continuar escrevendo a história deste perfume fez vibrar
MC
coisas dentro de mim. Efetivamente, ele foi usado por mulheres que admiro, mulheres livres que quebraram códigos e serviram de inspiração para outras mulheres serem elas mesmas e por não terem entrado em espartilhos sociais. Estou contente de fazer parte deste grupo.
No novo filme Chanel Nº 5, você dança e canta. Foi
L’O
como fazer um musical?
Junto com a equipe criativa de Chanel, exploramos vários
MC
caminhos para encontrar essa mulher, com um desejo de simplicidade e movimento puro, e ao mesmo tempo com essa energia do corpo que é capaz de transmitir muito. A dança é uma forma de arte que fala bastante, sem o uso das palavras. E, quando o coreógrafo Ryan Heffington passou a fazer parte da aventura, fiquei muito feliz, pois admiro seu trabalho, elegante e visceral, que utiliza tanto o corpo quanto as expressões do rosto. Ele me dirigiu para contar essa história de amor e tudo pelo qual passamos quando estamos apaixonados. Em relação à música, não canto de verdade no vídeo, mas a coerência da voz e do corpo nos pareceu um bonito caminho a explorar.
Porém você canta no vídeo de seu próximo filme, Annette,
L’O
de Leos Carax, no qual faz o papel de Anne...
Ainda não falei sobre o assunto... Anne é uma cantora
MC
de ópera. É uma história bem complexa sobre as relações humanas – tem um enredo de amor – e como seres desesperados podem se desviar e se tornar, sobre certos aspectos, monstruosos. É um musical efetivamente, uma ópera, bem profunda e sombria, mas, ao mesmo tempo, com flashes de luz. Como em todos os filmes de Leos Carax, existe uma magia que ilumina essa dimensão obscura da história.
Temos a impressão de que a ideia de desafio guia suas
L’O
escolhas na carreira e em seus engajamentos pessoais – Greenpeace, entre eles – desde sempre...
No cinema, gosto das coisas que me desestabilizam,
MC
sou atraída por papéis que não são confortáveis para mim, que vão me confrontar em relação a minha capacidade de interpretação. Agora, sobre a questão ambiental e social, é um desafio que devemos enfrentar todos juntos, não é apenas pessoal. Tenho dificuldade em ficar quieta ou omissa e gosto de valorizar e colocar em evidência pessoas que fazem coisas formidáveis, tanto no domínio da ecologia quanto no social. Não me considero uma ativista. Para defender causas, sou levada pelas pessoas maravilhosas que encontro. O objetivo é ver o fim desses problemas.
Quem são seus heróis de hoje?
L’O
Primeiramente, Satish Kumar, um pensador indiano que
MC
promove a ecologia espiritual. Ele parte da ideia de que será muito complexo, talvez impossível, mudar o mundo exterior se não fizermos um trabalho individual, no interior de nós mesmos, para uma reconexão com o que está a nossa volta. É alguém muito importante para mim. Há também minha mãe, que não é tão original de ser citada, mas não menos relevante. Ela é uma mulher que passou uma vida de alegrias e tumultos e guardou tudo consigo para conseguir avançar e estar cada vez mais conectada aos outros, uma fonte de inspiração e apoio para todos a seu redor. Essa mulher é uma heroína para mim.