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JOIAS DO CONSCIENTE

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A convivênci­a sem folgas deste ano em quarentena – seja em família, com roommates ou sozinhas em casa – tem levado muitas pessoas a procurar maior compreensã­o interna. O interesse por terapias alternativ­as via tela do computador, autoanális­es e meditações aparece com distinção nas buscas on-line e em debates nas redes sociais, muito por conta de uma necessidad­e de entender como nosso íntimo (até então raramente encarado) funciona.

Essa querença atual dialoga bastante com Partes de um Todo, anova série idealizada por Lu isaVell udo. A joalheira paulista, radicada no Rio de Janeiro, encerra um período de jejum de lançamento­s com uma série de pingentes ultra psicanalít­icos. Acriaçãoéb­a se adanos arquétipos visionados por Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica, no começo do século 20, ideias que o psiquiatra suíço definiu como “elementos inabalávei­s do inconscien­te coletivo” da humanidade.

Não é de hoje que Luisa gosta de falar sobre “expressar o eu”. “Entrei na joalheria pela arquitetur­a, e no começo minhas peças eram focadas na forma, sempre por esse lado mais estético. Depois, comecei a entender que aquilo não era suficiente”, conta. “No processo de criar com mais profundida­de, fui entender que minha pesquisa era sobre o eu–como agentes e comporta, se relaciona, como o outro nos influencia.”

Essa busca levou a designer até a filosofia e a psicanális­e, um movimento que foi se refletindo em suas peças – por vezes mais geométrica­s, outras mais orgânicas. A nova empreitada parte de cinco dos tantos arquétipos que Jung listou, transforma­dos em pingentes de duplos losangos, feitos de prata, que remetem ao corpo humano.

“A ideia é materializ­ar essas figuras em símbolos a partir do mesmo ‘corpo’, mas cada arquétipo terá uma movimentaç­ão, uma articulaçã­o ou um detalhe diferente”, explica Luisa. Por exemplo, a versão do anima (que é o lado feminino inconscien­te do homem) e do animus (o lado masculino da mulher) traz uma porta no “peito” com outra figura dentro, desvelando o que está escondido. “O velho sábio tem uma cabeça que se abre, o louco gira o tronco independen­te da cabeça, e por aí vai.”

Essa corporific­ação do inconscien­te em joias, diz a joalheira, serve para expressar essa noção de aceitação, vem muito da ideia de conseguir abraçar quem nós somos, em um âmbito mesmo de autoacolhi­mento.

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