NÃO HÁ UMA matematica exata entre “EU” E O “SER MÃE”. NÃO ME PREOCUPO O tempo EM ser perfeita de um lado E DO OUTRO.
Para esta edição especial de Dia das Mães, a comunicadora Silvia Braz é entrevistada por suas duas filhas mais velhas, Maria Vitória e Maria Antônia, sobre maternidade e moda, em um bate-papo ímpar entre gerações.
Na maternidade, o que você trouxe da vovó, como
Maria Vitória
herança?
O que eu trouxe da minha mãe, Elizabeth Bussade, foi
Silvia Braz
a resiliência. A força para criar as filhas, para ir vencendo, um dia após o outro, as batalhas da vida. E também o lado multitarefas. Ela sempre trabalhou fora, mas nunca deixou faltar amor e acolhimento – e isso eu tento fazer também. Posso ficar fora, mas a família tem uma prioridade muito grande na minha vida, e eu quero que o amor esteja sempre presente.
Como foi se tornar mãe aos 20 anos? Quais eram os medos
MV
e as apreensões?
Brinco que cresci junto com você. Eu a tive aos 20 anos.
SB
Então, foi uma menina crescendo ao lado de um bebê. Mas, ao mesmo tempo, a mulher, quando tem um filho, adquire uma força muito grande. Ainda que eu fosse muito nova, nasceu dentro de mim uma força, um amor muito grande, que transcende tudo. A responsabilidade de ser mãe e de saber que outro ser humano depende de você exclusivamente. Aquela frase é clichê, mas é verdade: “Nasce um filho, nasce uma mãe”. Obviamente a maternidade tem seus desafios, sim. Quando você é muito nova, vai aprendendo de uma maneira intensa. Ninguém ensina, ninguém prepara para aquilo. Você vai aprendendo diariamente. A maternidade não é só beleza. Ela tem suas dificuldades, e é isso que a faz ser encantadora e única.
Você teve de adiar coisas em sua vida por ter sido mãe
MV
tão nova?
Quando engravidei de você, estava fazendo faculdade de
SB
direito, e não parei. Tranquei por seis meses para ter um fim de gravidez mais tranquilo e estar ao seu lado. Assim que fez três meses, voltei à faculdade e lembro nitidamente de cenas nas quais a amamentava em casa e depois ia fazer prova com o peito repleto de leite – uma situação normal, natural, mas que você não tem controle. Eu tinha de correr de volta para casa pois você tinha bastante cólica e chorava muito. E, além disso, eu precisava amamentá-la novamente. Tão logo você cresceu, terminei o curso e engravidei da Maria Antônia. Fiquei cinco anos sem trabalhar (dos 25 aos 30). Foi uma fase em que eu realmente me dediquei a vocês, à casa, e experimentei momentos muito bonitos. Aos 30, lancei meu blog e comecei a trabalhar com comunicação e moda e não parei mais. É uma jornada muito interessante ser mãe de três meninas.
Como equilibrar o tempo entre o “eu” e o “mãe”?
Maria Antônia
Não há uma matemática exata entre o “eu” e o “ser mãe”.
SB Não me preocupo o tempo todo em ser perfeita de um lado e do outro. Tento levar a maternidade, os cuidados comigo mesma e o meu trabalho de uma forma leve, tranquila, suave, sem me cobrar muito, sendo generosa comigo mesma, me abraçando, acolhendo as minhas imperfeições. Passei por uma evolução e crescimento pessoal que me mostrou, ao longo dos anos, que posso me dedicar a todos os lados da minha vida. O que eu valorizo é viver de forma feliz, plena, e entregar todo o amor que tenho dentro de mim para qualquer área da minha vida.
O que é a moda para você? Qual o poder da peça certa?
MA
Obviamente, ela tem esse caráter funcional, de vestimenta.
SB Mas a vejo como arte, forma de expressão, de comunicação. Moda é expressão, e torna cada pessoa única. Aqui em casa, por exemplo: são três estilos completamente diferentes. É como um “laboratório” dentro de casa. A peça certa traz autoconfiança – em um trabalho, em uma reunião, em uma festa, em um almoço.
Trabalho e família se misturam?
MA
No meu caso, sim! O meu trabalho acontece muito dentro
SB
de casa e (antes da pandemia) em viagens com a família. Estou sempre preocupada em trazer conteúdo para a minha audiência, e principalmente novidades. Então, preciso ficar com o radar ligado o tempo inteiro. Muitas vezes preciso parar, focar só na família ou só no trabalho, porque invariavelmente são dois aspectos da minha vida que caminham juntos.
O que você acha que 2020 nos ensinou?
MV
Ensinou ainda mais que a família é a base de tudo. Que nos
SB
momentos mais difíceis, quando a gente tem apoio de quem ama, fica mais fácil superar os desafios.