BORDADO DELICADO
Se a fortaleza dos Reis Magos é uma imagem icônica de Natal, Rio Grande do Norte, o nome da artesã dona Josa – conhecida pelo primoroso bordado de junco sobre juta – simboliza bem mulheres caiçaras e ribeirinhas do Nordeste brasileiro. Bolsas, almofadas, souplasts e chapéus criados pela artesã vêm de plantas subaquáticas. O junco é comum nas lagoas dos municípios de Nísia Floresta (cidade que leva o nome de uma das líderes feministas no Brasil) e Parnamirim, onde fica a badalada Praia de Pirangi.
A juta é uma espécie subaquática, cujos tecidos e linhas produzidos pela Castanhal Têxtil têm desenvolvimento de baixíssimo impacto ambiental e mantêm populações ribeirinhas nos rios do entorno da cidade Castanhal, no Pará. O trabalho de dona Josa entrou no radar dos fashionistas no ano passado, a partir do Projeto Ciclos e Tramas – Conexão entre Mulheres Caiçaras e Ribeirinhas, ação do selo ABZ LAB, criado pelo jornalista Augusto Bezerril. As criações de junco e juta ganharam oficina de customização, apoiada pela Arezzo no Natal Shopping. Em oficina criativa com a neurocientista Daiane Golbert, dona Josa explicou sobre os “pontos” dos bordados: os motivos geométricos remetem aos desenhos primitivos das tribos de índios potiguares. O ponto estrela é uma criação recente. “A gente só volta da lagoa à noite, quando aparece a estrela Dalva”, conta a artesã. Não à toa, Rafael Morais, coordenador do Brasil Eco Fashion, deseja unir dona Josa e os criadores da edição da semana de moda sustentável, agendada para novembro.