POWER PLAY
O desfile Aria, apresentado em abril, marcou o começo das comemorações de centenário da Gucci, fundada em Florença por Guccio Gucci. Com vídeo dirigido pela cineasta Floria Sigismondi, o diretor criativo Alessandro Michele mostrou a coleção em que furtou (palavra dele) as referências que fizeram a história da casa, dos acessórios de selaria iniciais à fase ultrasexy de Tom Ford, com os próprios modelos de estética retrô. O tal furto não parou por aí: Michele olhou para fora e trouxe Demna Gvasalia e sua Balenciaga para uma collab surpresa e nada sutil. Daí surgiram looks que trabalhavam momentos das duas marcas, absorvendo ícones do estilista convidado, como na modelagem urbana e na alfaiataria oversized. A soma, que pode parecer pouco usual, deu supercerto. As peças estampadas com os logos das duas labels, algo impensável até o dia anterior, são itens de desejo de qualquer fashionista hardcore. Colaborações entre marcas não são novidade na história da moda. Aqui e ali, esses team-ups ajudam a dar uma novidade ao calendário de lançamentos. Normalmente, porém, uma delas sempre ganha brilho extra na parceria. O que chama atenção na soma entre Gucci e Balenciaga é que é uma collab entre duas marcas top of mind, dirigidas por dois estilistas que são estrelas de sua geração, trabalhando de igual para igual. Cria-se assim um novo paradigma de produtos co-branded e, de repente, a moda de 2021 começou a ficar bem mais interessante.