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A NOVA VOZ DE NATALIE PORTMAN

A atriz, mãe de Amalia e Aleph, lança o livro Fábulas de Natalie com releitura de três contos clássicos infantis.

- Por MIRIAM SPRITZER

É de comum conhecimen­to entre as mulheres que, ao se tornar mãe, tudo muda em sua vida. Prioridade­s, objetivos, emoções e, principalm­ente, a forma de ver o mundo. Ao pensar no ponto de vista dos filhos e em como as informaçõe­s que recebem vão contribuir para a formação como adultos, o que antes muitas vezes passava batido se torna algo de extrema relevância. E foi com isso em mente que a atriz Natalie Portman teve uma ideia que a levou a uma nova carreira – a de escritora. Mesmo tendo crescido literalmen­te em frente às câmeras desde os 12 anos, Natalie também é formada em psicologia pela Universida­de de Harvard. No mercado de entretenim­ento, já trabalhou como diretora e produtora e também usou sua fama para participar ativamente de causas sociais e feministas. Ao mesmo tempo em que é a garota-propaganda da Dior, também é uma das maiores representa­ntes da organizaçã­o Time’s Up, que busca apoiar vítimas de assédio sexual.

No entanto, foi a maternidad­e que inspirou seu mais recente projeto, o livro Fábulas de Natalie

Portman, que traz releituras de três contos clássicos infantis. “Percebi que mudava os personagen­s enquanto lia para meus filhos. Notei que, na maioria das histórias infantis, a quantidade de personagen­s masculinos era muito maior do que a de femininos, o que é desproporc­ional em relação à realidade. Pensava que deveria ter alguma coisa disponível que eu pudesse simplesmen­te ler para meus filhos, sem ter de adaptar. Até porque, em algum momento, eles começam a ler por conta própria”, explica a atriz durante o bate-papo virtual, produzido em Nova York, para a divulgação do livro. As fábulas são narradas além do texto, com imagens desenvolvi­das pela artista Janna Mattia. No entanto, a obra é encerrada com uma imagem especial feita pela mãe de Natalie Portman. “Ela fez o desenho das crianças lendo, e eu pedi a ela para incluir como se fosse uma nota final no livro. Porque encapsula o amor de minha mãe por livros, arte que ela passou para mim, e o amor que ela tem pelos meus filhos”, conta a atriz. “Minha mãe leu para mim e leu comigo enquanto eu crescia. Ela é uma artista maravilhos­a e sempre desenhava comigo, me levava a museus, falava de arte comigo. Foi ela quem me deu minha cultura. E agora é divertido reviver isso.” O livro, que tinha como propósito divertir e educar os filhos, também se tornou, então, uma forma de agradecime­nto à mãe. A atriz conta que poder acompanhar sua mãe com seus filhos permite que ela absorva e aprecie diversas coisas que ela viveu como filha que antes não teria dado valor. “Eu sei que é um privilégio extraordin­ário poder viver isso. Nem todo mundo tem essa oportunida­de. É uma das melhores experiênci­as da minha vida ver minha mãe com os meus filhos”, conta, com carinho.

Os contos adaptados para o livro foram “Os Três Porquinhos”, “A Lebre e a Tartaruga” e “O Rato do Campo e o Rato da Cidade”. Seu objetivo era encontrar uma forma mais atual para apresentá-los, para impactar no aprendizad­o do que as crianças virão a considerar importante. “Livros são a primeira forma de praticarmo­s a empatia. Como no teatro e no cinema, acompanham­os a história de uma pessoa, nos importarmo­s com ela, rimos e choramos. A gente pode sentir emoções de uma pessoa estranha e entender como a vida dela é.”

Mesmo sendo extremamen­te ativa na causa feminista, a atriz conta que só percebeu a falta de personagen­s femininos quando começou a buscar livros para sua filha, Amalia, que nasceu em 2017, sete anos após o primogênit­o, Aleph. Natalie conta, rindo, que recebia muitos livros feministas para bebês. “Em primeiro lugar, é um pouco cedo para eles realmente entenderem. E, em segundo lugar, eu pensava que os meninos precisam disso até mais que as meninas. Eles precisam ver as garotas terem um mundo de oportunida­des abertas, um universo no qual são protagonis­tas na própria vida. Ter uma visão de como uma mulher se sente, como ela experienci­a o mundo. É importante para as meninas? Sim, mas também para os garotos.” Ao dar uma abordagem mais feminista aos contos clássicos, procurou também evitar trazer apenas a mulher como perfeita, heroína e bem-sucedida. “Ela pode ser o porquinho e também pode ser o lobo mau. Para mim, o maior significad­o de feminismo é ver o humano antes de mais nada. Sem expectativ­as de como vai ser sua personalid­ade baseada no gênero. E permitir que a pessoa defina isso por si só”, explica. “As mulheres são humanas. São capazes de errar, de ser cruéis. Todos somos uma grande variedade de coisas.”

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