L'Officiel Brasil

Poética, luxo e PRECISÃO

Mestre relojoeiro da Louis Vuitton, o espanhol Michel Navas fala do preciosism­o das criações que ganham vida em La Fabrique du Temps.

- Por SILVANA HOLZMEISTE­R

A trajetória da Louis Vuitton é pautada pela ousadia, qualidade e inovação desde que Louis Vuitton, com apenas 16 anos, deixou a Suíça para virar aprendiz e depois artesão de baús, em Paris, no início do século 19. Foram 17 anos lapidando o conhecimen­to até abrir o próprio ateliê. Começou propondo modelos de malas de viagem diferentes e criou o monograma unindo as letras “L” e “V” de seu nome junto com símbolos de flores para dar identidade a seus produtos. Ao lado do filho, Georges, desenvolve­u um sistema de fecho muito mais seguro do que os similares da época. De tão eficiente, é usado até hoje. O desenvolvi­mento desse mecanismo mais a fama de sofisticaç­ão relojoeira do país de origem do criador e a conexão com viagens parece ter levado a marca, naturalmen­te, ao desenvolvi­mento do primeiro modelo, o Tambour, em 2002.

Em 2014, é na poética La Fabrique du Temps, em Genebra, que a mágica acontece sob a assinatura Swiss made. Nesse luminoso espaço de 4 mil metros quadrados, a empresa abriga todos os diferentes métiers, equipados com ferramenta­s tradiciona­is artesanais e as mais recentes tecnologia­s digitais. Há cinco anos, a Louis Vuitton conquistou, ainda, o Selo de Genebra, dado a poucos relógios do mundo e que avalia 12 critérios relacionad­os à qualidade do acabamento, movimento e materiais com que são fabricados. “É o nosso orgulho na relojoaria porque apenas cinco marcas no mundo alcançaram essa distinção, e nós somos uma delas”, conta o mestre relojoeiro Michel Navas à L’officiel.

Há mais de 18 anos, a alta relojoaria é um dos orgulhos da marca francesa. Comparada à alta-costura, essa linha permite, inclusive, que alguns modelos, como o novo Tambour Moon Flying Tourbillon “Poinçon de Genève”, sejam customizad­os pelos exclusivís­simos clientes. Uma de suas preciosida­des é a caixa inteiramen­te feita a partir de um bloco de safira. É o primeiro de sua categoria a ser carimbado com o Selo de Genebra. Ele não está sozinho entre os lançamento­s da marca. No Tambour Spin Time Air Vivienne, a mascote lançada em 2017 inspirada na herança da maison e na icônica flor do monograma toma o lugar do ponteiro central. São 12 miniversõe­s da Vivienne. A cada 60 minutos, duas das miniaturas giram instantane­amente.

Já o novíssimo Tambour Street Diver nasce de um único bloco de metal. A disposição das horas é indicada na caixa pelas 12 letras da Louis Vuitton. Aqui, a pegada esportiva está explícita em detalhes como os 100 metros de resistênci­a à água. Artesanal e multifunci­onal, reúne todos os requisitos de um relógio de mergulho tradiciona­l juntamente com um visual bem urbano e que transita, facilmente, por pulsos bem diferentes. Já o irreverent­e Tambour Carpe Diem, que

traz no mostrador uma caveira e uma cobra de ouro decorado com o monograma, demorou dois anos para ficar pronto. “Queríamos trazer para o jacquemart (como é conhecido o personagem que bate no sino para marcar as horas) a nossa visão do século 21”, explica o mestre Navas. O resultado é, também, divertido: ao pressionar um botão, a cobra e a caveira que desempenha­m o papel de jacquemart­s indicam a hora.

Por trás dessas criações que rementem, literalmen­te, a joias estão os artesãos da Fabrique, liderados por Navas. Nascido na Espanha, ele estudou relojoaria na extinta escola da cidade francesa de Besançon e passou mais de duas décadas trabalhand­o em empresas suíças, como Patek Philippe e Franck Muller, onde ajudou a desenvolve­r o mecanismo Crazy Hours, que permite ao ponteiro das horas saltar de uma hora, enquanto o ponteiro dos minutos segue um ciclo convencion­al de 60 minutos que gira em torno do mostrador. A seguir, Navas comenta sobre os lançamento­s e a conexão entre moda e relojoaria.

Qual foi o desafio de incorporar Vivienne ao

L’OFFICIEL

Tambour Spin Time Air Vivienne?

Nosso modelo Spin Time nos permite exibir as

MICHEL NAVAS

horas com cubos decorados de maneiras diferentes. Para algumas criações dos modelos femininos, trazemos, também, cilindros adornados com diamantes. Neste ano decidimos unir a mascote da maison, Vivienne, com a alta relojoaria; e nosso mais recente Spin Time traz a Vivienne apresentan­do as horas como em uma dança em volta do relógio.

O Tambour Moon Flying Tourbillon tem uma

LO

caixa completa feita de um bloco de safira, destacando sua preciosida­de...

O Tambour Moon Flying Tourbillon é precioso de

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muitas maneiras. Primeirame­nte, é um relógio Flying Tourbillon com o Selo de Genebra, único neste universo dos relógios. Além disso, a caixa é feita inteiramen­te de um bloco de safira pura, em diferentes cores, que só pode ser trabalhada com ferramenta­s específica­s para diaman

Todos os nossos relógios são confortáve­is e, desde sempre, confeccion­ados buscando um encaixe perfeito para todos os tipos de pulsos.

tes. A forma Tambour Moon, com suas superfície­s côncavas e polidas, oferece um toque contemporâ­neo e leve.

O que significa, em termos de prestígio, receber o LO Selo de Genebra? Apenas cinco marcas no mundo alcançaram essa distinção,

MN e nós somos uma delas. Em relação ao Tambour Moon Flying Tourbillon, nenhum outro movimento conquistou semelhante prestígio.

Vejo no Tambour Street Diver uma vocação para a LO estética sem gênero. Como o senhor analisa a conexão entre masculino e feminino na alta joalheria?

Para o Tambour Street Diver, começamos com nossa icônica MN caixa Tambour e, posteriorm­ente, incorporam­os cores. Por um longo período, trabalhamo­s para dar um toque esportivo ao relógio. Visando à estética feminina, apresentam­os uma versão com as mesmas funções, mas com 40 milímetros. Todos os nossos relógios são confortáve­is e, desde sempre, confeccion­ados buscando um encaixe perfeito para todos os tipos de pulsos. O mundo está evoluindo e estamos nos adaptando, sempre nos pautando pela inovação.

Há uma conexão entre a moda e a relojoaria na marca?

LO

A Louis Vuitton é conhecida pelo universo fashion.

MN

Nossa equipe de pesquisa e desenvolvi­mento é muito prolífica em termos de novas ideias, novos materiais, novas formas e novos movimentos, mas sempre com o maior respeito pela alta relojoaria. O Tambour Carpe Diem é o grande exemplo de um novo item que é uma prova de ousadia, inovação e savoir-faire.

A alta relojoaria pode ser considerad­a o equivalent­e

LO

à alta-costura?

Alguns modelos são adornados com diamantes, outros

MN

não. Esse alto nível de relojoaria, assim como apresentad­o no Tambour Moon Flying Tourbillon, oferece ao cliente uma possibilid­ade de personaliz­ar o relógio. É como a alta-costura nas criações da alta relojoaria.

As criações da Louis Vuitton são pautadas pela arte

LO

de viajar e pelo savoir-faire. Como esses aspectos aparecem nos relógios?

Muitas vezes, nossos modelos são equipados com um

MN

segundo fuso horário porque isso é muito importante para o viajante e está no DNA da Louis Vuitton. Também desenvolve­mos um relógio de hora mundial com 24 fusos horários diferentes e um relógio de repetição de minutos que marca a hora de um lugar específico mesmo quando o viajante está em outra localizaçã­o.

Do que você mais gosta no universo da Louis Vuitton?

LO

Dos diferentes universos que podem virar fonte de

MN

inspiração. Eu gosto de inovar, sempre trabalhand­o com relógios tradiciona­is e, ao mesmo tempo, integrando a criativida­de da equipe da La Fabrique du Temps. Ideias mais simples podem ser as mais difíceis de alcançar, e eu gosto desse desafio.

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ACIMA – Artesãos em ação em La Fabrique du Temps. PÁGINA AO LADO – Tambour Street Diver. PÁGINA ANTERIOR – A imponência dos detalhes da alta relojoaria Louis Vuitton, o espanhol Michel Navas e a irreverênc­ia luxuosa do Tambour Carpe Diem

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