A MODA IMITA A ARTE
Alguns rejeitam a noção de que o que pode ser consumido pode também ser considerado arte. No entanto, ninguém nega que uma peça de roupa bem confeccionada, concebida pelas mãos de um fashion designer, pode causar o mesmo efeito que uma peça criada por um artista.
Durante um século, a L’officiel vem publicando artigos sobre a arte como lifestyle. Fundada em Paris, em 1921, L’officiel surgiu em um momento significativo da história da moda. E sim, é possível muitas vezes imaginá-la lado a lado com a arte. Essa ideia da influência dos movimentos artísticos na moda começou a prevalecer nos trabalhos de alguns estilistas como Paul Poiret e Elsa Schiaparelli. Originariamente, a revista se definia como uma publicação específica da indústria fashion. Mas, com o tempo, começou a aumentar suas matérias sobre artistas. E, no fim do século 20, a arte começou a fazer parte de uma seção integral da revista. L’officiel capturou o zeitgeist de vários movimentos artísticos burgueses por meio de capas com Tsuguharu Foujita, Marc Chagall e Jean Cocteau. No entanto, como a arte e a moda evoluíram nos anos 1920, a exibição do mundo da arte na revista se tornou muito mais conceitual, desenvolvendose além da simples exibição de artistas em capas e seu perfis para apresentar editoriais de moda sob a perspectiva da arte. Museus, em particular, tornaram-se locais populares nos anos 1950 e 1960, mostrando mulheres em seus elegantes tailleurs de Nina Ricci e Maggy Rouff procurando as esculturas de Alberto Giacometti ou quadros na Galeria Denise René. O museu passou a ser um lugar de visitação para mulheres modernas e, de certa forma, elas mesmas eram consideradas um trabalho de arte ao lado das peças expostas.
Com a ascensão da pop art, no fim do século 20, a conexão da arte com a moda foi ressignificada. A roupa em si tornou-se arte, e tanto o designer quanto o stylist passaram a ser considerados artistas. L’officiel passou não somente a cobrir exposições, mas a ser agente criador de arte, ao reunir e produzir imagens das diferentes tendências do momento. A moda começou a ser menos somente sobre roupas em si e mais sobre as fotos, os looks e a narrativa que as peças podem efetivamente comunicar nas páginas da revista.
Em 1990, a moda estava vivendo um momento cultural, ultrapassando os limites do luxo e do sexy, envolta em fascínio. O mundo fashion virou a imagem que melhor conversava com as massas. Na essência, a moda acabou se transformando, com sua visão única, em uma forma própria de arte popular, especialmente nas páginas da L’officiel. Ousada, a revista mostrava looks contemporâneos, como seus homólogos do mundo da arte, fazendo do corpo das modelos verdadeiras esculturas e preenchendo suas páginas como pintura em tela. O turbilhão de estampas das roupas ecoava memoráveis obras de arte pop. E sua construção era associada ao talento e à maestria artística necessária para fazer cada peça.
“A ROUPA em si TORNOU-SE ARTE, E TANTO O DESIGNER QUANTO o stylist PASSARAM A SER considerados ARTISTAS.”
Em 2012, as Edições Jalou lançaram o próprio título de revista de arte contemporânea, L’OFFICIEL Art. No número inaugural, o editor-chefe, Jérôme Sans, fez uma referência clara à incorporação da moda no mundo da arte, acompanhada por uma ampla lista de outras formas de arte visual, performance e culinária, tudo para reforçar a ideia da importância de viver lado a lado com a arte.
Para La Parisienne – protagonista durante todo um século da revista L’officiel –, moda e arte se encontram no centro de sua lifestyle. Afinal de contas, ela domina as ruas de Paris, capital mundial de ambas as matérias. Seus fundamentos tocam cada aspecto de sua vida, interligando sua acurada aparência com suas educadas escolhas fashion e a indiscutível fascinação pela cultura que a rodeia. Para La Parisienne, a arte e a moda devem ser consumidas de maneira igualitária. Hoje, são inseparáveis.