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OUTROS CANTOS

A partir de novas vivências e processos internos, criadores desdobram seus métodos em caminhos inéditos de objetos para casa.

- Por EDUARDO VIVEIROS

EDUARDO POMBAL

Quem acompanha a conta de Instagram de Eduardo Pombal viu que ele passou os últimos meses postando fotos de referência­s bem específica­s – com roupas sinuosas, corseletes e botas repletas de amarrações, da época em que era diretor criativo da marca Tufi Duek. A pesquisa misteriosa ganhou forma em um projeto novo que leva sua visão de moda para outros caminhos: o estilista assina uma série de vasos em parceria com o ateliê da ceramista Paula Sousa. O encontro aconteceu no meio da quarentena, quando Pombal se dividia entre a capital e Avaré, no interior de São Paulo. Depois de sair da Tufi, a partir de uma vontade dele de se exercitar sobre um novo material, veio o convite de Paula, que abria uma oficina em Itaí, município com menos de 30 mil habitantes que fica na região. “Ela me instigou a criar uma coleção em parceria e agora venho botando a mão na massa e fazendo algo pela primeira vez. Estou me divertindo como quando fazia um desfile”, conta. “Assim como na moda em que acredito, há essa vontade de valorizar as coisas manuais e feitas em pequena escala, nada industrial­izado. Sem falar no momento atual, em que a casa da gente ganhou atenção redobrada.” Trabalhand­o ao lado de um oleiro especializ­ado, a mão do novo ceramista criou amassados e recortes nos vasos, que ganham costuras feitas de cordões de couro. Com dez modelos, criados um a um, a coleção tem edição limitada – mas a parceria não pretende findar tão cedo. A dupla já prepara uma segunda entrada com peças de cozinha, como pratos e copos, e está aproveitan­do a empolgação da novidade para imaginar outros projetos a partir do barro.

BIA DAIDONE

Ela é sintonizad­a com um universo próprio – e isso inclui sua casa, pensada nos detalhes. A partir desse processo, a joalheira ampliou suas possibilid­ades e criou uma mesa de metal e mármore. “Inicialmen­te, era um desenho para mim. Eu tinha vontade, precisava de uma mesa. Depois, as pessoas começaram a procurar e acabou se tornando uma linha dentro da marca”, rememora. “Meu foco principal continua sendo a joalheria, mas não me considero uma criadora de uma coisa só.” Depois do móvel de estreia, Bia idealizou uma série de puxadores com pedras brutas, sempre seguindo o design limpo de suas joias. A história muda um pouco no lançamento mais recente, que mantém as formas geométrica­s da designer mas ganha uma presença robusta no ambiente. Pensada como uma mesa lateral que também pode fazer as vezes de banco, a GEO mistura a nobreza natural da imbuia com o brilho do tampo, de latão lixado. Feito sob encomenda, o mobiliário tem 53 centímetro­s de altura. “É minha primeira vez trabalhand­o com madeira, um desafio. Tenho muito interesse nesse contraste dela com o metal”, diz, acreditand­o que, hoje, a linha faz mais sentido do que nunca. “As pessoas perceberam quão importante é você se sentir bem em casa. Não é vaidade, é um processo de bem -estar.” Assim como suas joias, lançadas sem calendário, as peças para o lar seguirão um ritmo próprio. Agora, Bia vem pensando em utilitário­s, como talheres para petiscos, que virão ao mundo quando for a hora. “Sempre tenho algo em mente, mas não forço o tempo de criação. É o segredo para sair um produto melhor e bem desenvolvi­do.”

CARLOS PENNA

Baseado em Belo Horizonte, o designer de acessórios Carlos Penna completou cinco anos de marca em 2020. Se as vontades de comemoraçõ­es foram refiladas por conta da quarentena, a pausa em casa fez com que ele tirasse da mente um desejo já antigo de criar objetos para vestir ambientes. “É um anseio que parte muito do pessoal, de coisas que eu queria para a minha casa. Agora, com tempo para trabalhar sem a pressão do lançamento, essa ideia rendeu”, conta. “Há anos tenho algumas vontades de criar objetos maiores, peças que extrapolas­sem os limites do corpo. É um retorno às origens da marca, quando tínhamos uma pegada mais experiment­al.” Os primeiros testes apareceram nas mãos de amigos próximos, transforma­ndo curvas já conhecidas dos acessórios da marca em utilitário­s, como apoios para hashis e encaixes para controle remoto – sempre com a cara industrial do design de Penna, muito baseado na conversa do metal com outros materiais, em formas orgânicas e minimalist­as. Agora, com lançamento oficial, a linha Home se torna um paralelo que dialoga com as criações principais. Os novos porta-guardanapo­s, por exemplo, carregam sinuosidad­es e pedrarias do último drop da marca, batizado de Perimetria – vantagens de ter produção própria. “Pegamos peças novas ou de linhas anteriores e, no ateliê, vemos até onde podemos transformá-las. Um dos objetos veio de uma pulseira, outra ideia partiu de um anel. É uma liberdade também de criar formas que sejam utilitária­s, mas sem a cobrança da ergonomia”, explica Penna. A experiment­ação, em ritmo lento, tem planos de peças maiores e colaboraçõ­es: ”Quero aproveitar para trabalhar com outras pessoas que conheço durante as viagens de pesquisa de novas matérias-primas. Aumentarem­os o leque gradualmen­te, até chegar a objetos grandes para decoração”.

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