Tradição atualizada
Décadas antes de expressões como experiência de compra, upcycling e empoderamento feminino fazerem parte do nosso dia a dia, a Laura Marchi Joalheria, comandada por mulheres, já oferecia estes serviços para famílias inteiras. Um negócio que chega aos 50 anos movido por sensibilidade e dedicação.
No início dos anos 1970, na busca por um anel de noivado para Maria Laura, Luiz Sérgio conhece, em São Paulo, um joalheiro de quem se torna amigo. Nascia assim, a Laura Marchi Joalheria, empresa familiar que faz do atendimento personalizado e do luxo silencioso os seus maiores tesouros.
Maria Laura Marchi logo assumiu a direção da empresa e transformou o seu amor por pedras preciosas em estímulo para criar peças únicas. Nos anos 1990, esse já era o principal segmento de atuação da casa. Daniela Dolnikoff, filha do casal, começou a se envolver na empresa ainda adolescente e, hoje, com o bastão da sucessão em mãos, é a diretora criativa responsável por coleções delicadas, poderosas e exuberantes, como a Alamandra e a Farfalla, lançada em meio à pandemia com referências à natureza. Sua predileção são gemas brasileiras como turmalinas, diamantes e esmeraldas. “Sou uma pessoa colorida na vida, não conseguiria fazer uma coleção que não tivesse nada a ver com o meu mundo”, conta Daniela, que também gosta de injetar pitadas fresh & fun em suas criações, como na collab Send Me, lançada em maio, na qual pedras em forma de bocas lapidadas à mão compõem colares, anéis e brincos em ouro 18K. “São os beijos que nos faltaram durante esse período de isolamento social.”
Apesar de toda a tradição, que se sustenta no atendimento one on one, no serviço de delivery que pratica desde sempre, a joalheria mantém um faro fino para vontades e necessidades de diferentes gerações. “Somos muito abertas e flexíveis, vamos sentindo e criando novidades conforme recebemos feedbacks das nossas clientes que, de tão próximas, se tornam amigas. Esse contato é essencial no processo criativo”, explica Daniela, que também oferece consultoria às famílias para atualizar peças herdadas, transformando o antigo em contemporâneo, com sensibilidade. “A joia sempre vai ser um objeto carregado de emoção, que conta uma história. A mulher atual é muito dinâmica e as peças têm de acompanhar esse movimento.”
Ao mesmo tempo em que valoriza os processos tradicionais na joalheria e na experiência de compra, Daniela personifica essa mulher multifuncional do século 21. Cheia de planos, inaugurou loja durante a pandemia – no novo CJ Shops, em São Paulo.
E se prepara para a nova a coleção Balance, geométrica e de formas mais minimalistas, desenvolvida a quatro mãos com a irmã, Ana Cristina, que é arquiteta. “Fiz um curso de arte e fui influenciada pelo estilo Neo-geo, que trata as cores de modo mais gráfico e pop”, conta. Como resultado, peças modulares, que se encaixam e assumem diferentes facetas. De quebra, Daniela lança em setembro uma collab de alianças genderless com o estilista Samuel Cirnansck e, ainda este ano, uma coleção beneficente com renda revertida para uma instituição. Um ritmo intenso e diverso, que traduz perfeitamente a filosofia cultivada ao longo de cinco décadas.