Clássico moderno
Inspirada nos primeiros baús da Louis Vuitton a nova safra da Capucines traz cores alto-astral e detalhes charmosos.
Era 1837 quando Louis Vuitton, com apenas 16 anos, traçou seu futuro. Ele queria fabricar baús. Durante cerca de uma década e meia, trabalhou no ateliê parisiense de monsieur Maréchal até abrir o próprio espaço no número 4 da Rue Neuve-des-capucines, próximo à Place Vendôme – um lugar que, para o escritor Louis Énault, era sinônimo de elegância e luxo já no fim do século 19. É esse endereço mítico, a busca pela excelência e o resgate das primeiras criações da marca que inspiram a bolsa lançada em 2013 e que já virou uma das mais importantes da maison francesa.
A nova safra traz variações sobre o visual original da bolsa. O monograma ganhou opção bordada ou ampliada lembrando tapeçaria; na versão totalmente de couro, a cartela de cores alto-astral traz branco, tonalidades suaves e exuberantes, além de texturas como tressê de ráfia. Da colaboração com o artista Piero Fornasetti, a Capucines Architettura traz desenho em preto e branco da fachada de um prédio italiano clássico. Detalhes charmosos são as alças de mão lembrando um scrunchie, estampa de onça ou pespontos coloridos. A modelo Miranda Kerr e Lauren Santo Domingo, cofundadora do e-commerce Moda Operandi, são os rostos da campanha.
Quando Louis Vuitton lançou as bases da marca, os baús eram projetados para manter os pertences preciosos em segurança durante as viagens mais longas. O requinte de suas criações garantiu sua entrada no mercado de luxo. Não à toa, a imperatriz Eugénie virou cliente, ajudou a difundir seu trabalho e o nomeou embalador oficial, encarregado de acomodar seus vestidos mais bonitos – muitos deles assinados por Charles Frederick Worth – em baús como o Trianon, encomendado pela esposa de Napoleão, em 1865. Desse recorte na história da marca veio a atmosfera feminina, o requinte, os compartimentos que deixam os objetos impecavelmente arrumados e várias outras referências que ligam detalhes da bolsa Capucines ao passado.
QUANDO Louis Vuitton LANÇOU AS BASES DA MARCA, OS BAÚS ERAM projectados para manter PERTENCES PRECIOSOS EM SEGURANÇA DURANTE AS viagens mais longas
1. Croqui da Cupucines, inspirada nos primeiros baús da Louis Vuitton;
2. O tradicional couro Taurillon é manualmente cortado em partes que vão formar a bolsa depois de passar por controle de qualidade, textura e elasticidade;
3. A flor metálica do monograma decora, como um broche, a aba em formato de pétala;
4. A assinatura da marca e a procedência são incluídas em hot stamping dentro da bolsa, cujo forro é feito de couro macio;
5. O “beau geste”: o couro é costurado do avesso e precisa ser cuidadosamente virado para o lado direito. As junções são pintadas manualmente;
6. A logo LV é posicionada;
7. Por fim, entra a alça, que foi projetada para se acomodar perfeitamente na mão ou na dobra do braço.
Os seis rebites dos anéis de metal que seguram a alça, por exemplo, remetem aos originais do século 19, enquanto a aba em forma de pétala – que pode ficar dentro da bolsa ou do lado de fora, como um elemento decorativo – é decorada com a flor do monograma, semelhante a um trevo de quatro folhas, que era o amuleto favorito da mãe de Louis Vuitton.
O design minimalista suaviza um complexo processo feito a mão: cada bolsa requer 250 elementos montados em inúmeras etapas somente pelos artesãos mais experientes da maison. A estrela é o tradicional couro granulado Taurillon, que é curtido a seco e umedecido várias vezes até atingir a textura e a elasticidade perfeitas antes de ser tingido. Primeiro é cuidadosamente moldado e costurado do avesso para então ser rigorosamente virado do lado correto. É quando entra mais uma costura dupla em cada lado, para garantir que a bolsa sempre manterá seu formato, e a aba em formato de pétala. A alça de couro, projetada para caber perfeitamente na mão ou na dobra do braço, só é acrescentada depois que a montagem é finalizada.
A inclusão das peças metálicas lembra a delicadeza da joalheria. A flor do monograma é fixada por meio de furos minúsculos feitos a mão, enquanto as famosas iniciais LV são meticulosamente trabalhadas em metal e incrustadas no couro. Tanto o design quanto a resistência do acessório foram projetados para ser atemporais e acompanhar agendas variadas, dia ou noite. Além das versões de Taurillon, a Capucines vira tela em branco para a série Artycapucines, com edições limitadas customizadas por artistas como Urs Fischer, Zhao Zhao, Jean-michel Othoniel e Tschabalala Self. A de Beatriz Milhazes segue suas pinturas vibrantes e hipnóticas, inspiradas na arte popular brasileira. Para o filme Cruella, a bolsa no tamanho míni ganhou contornos especiais para arrematar um dos looks da protagonista, vivida pela atriz Emma Stone.