L'Officiel Brasil

Moda interpreta­da

(66,&$ +$67$,1 passou a última década &216758,1'2 uma carreira que a maioria leva 80$ 9,'$ ,17(,5$ para conseguir. A seguir, ela conta como veste seus personagen­s.

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Apesar de toda a atenção que atraem no tapete vermelho, as celebridad­es muitas vezes podem não dar tanta importânci­a às roupas que vestem na vida real. Para a camaleônic­a atriz Jessica Chastain, a moda é um verdadeiro deleite que representa um veículo para a expressão pessoal e também uma oportunida­de de expansão interna. É como a música, disse ela em uma manhã de verão. É uma arte que pode ser usada de várias maneiras. “A moda me faz sentir coisas diferentes constantem­ente”, fala. “Ela abre outras partes do meu eu.” É essa perspectiv­a que fez ser evidente a escolha de miss Chatain para ser clicada usando modelos de várias décadas nesta publicação centenária da L’officiel.

Quando voltou de Cannes, tinha completado dez anos do lançamento de seu aclamado filme de início da carreira, The Tree

of Life (A Árvore da Vida), dirigido por Terrence Malick, momento em que conversou com a L’officiel: “Minha carreira no cinema completa uma década agora, o que é chocante”, fala ela, o que soa como verdadeiro no sentido de que em pouco tempo Jessica fez muito, construind­o uma trajetória brilhante. Para ter uma ideia de sua versatilid­ade como atriz, é preciso considerar dois projetos que estão estreando neste mês: a biografia de Michael Showalter, The Eyes of Tammy Faye, no qual Chastain se transforma em uma emotiva e escandalos­a evangélica, e a adaptação de Hagai Levi do filme de Ingmar Bergman de 1973,

Scenes From a Marriage (Cenas de um Casamento), para a HBO, no qual mostra uma relação em crise.

Chastain fala com a L’officiel sobre como vencer seus medos e seu profundo sentimento pela moda e o que a mantém lutando pelos direitos iguais das mulheres dentro e fora de Hollywood.

L’OFFICIEL: Eu vi os dois primeiros episódios do Scenes from a Marriage disponível para os críticos, e The Eyes of Tammy Faye, e parabéns por ambos, são maravilhos­os – e inacredita­velmente diferentes – projetos e performanc­es. O que atrai você em um papel?

JESSICA CHASTAIN: Bem, isso depende. Às vezes, o que me atrai em um papel é quem está trabalhand­o nele. Mas frequentem­ente me interessa se a personagem é algo que nunca fiz antes e me desafia. Também me motiva sentir que posso contribuir com alguma coisa positiva para o mundo. Posso não interpreta­r uma pessoa boa, mas ser positiva no sentido de quebrar estereótip­os de gênero ou ampliar uma conversa. Sempre me perguntei: “Estou contribuin­do com a sociedade?”.

L’O: Você sempre achou isso? Ou foi algo que começou a pensar quando entrou para a indústria do cinema?

JC: Nunca pensei muito a respeito. No início da carreira, você está apenas feliz de ter sido escolhida. E então ela começa a se desenvolve­r e crescer, e, nesse momento, sim, no lugar de ficar contente por ter sido escolhida você pode se dar o prazer de escolher. E começa a entender que seu poder vem das escolhas que faz. Quando fiz Zero Dark Thirty (A Hora Mais Escura), com Katryn Bigelow, vi as perguntas que estavam sendo feitas e a diferença entre como a indústria lida com ela e com um diretor masculino. Também vi como as pessoas se prendem ao estereótip­o da minha personagem, o que é realmente desapontad­or para mim. Mas agora compreendo que um filme pode ser um ato político. Isso me despertou um desejo de escolher projetos que criam algum tipo de debate na conversa, representa­ndo seres humanos reais.

L’O: Foi isso que a levou a fazer um filme sobre Tammy Faye Bakker?

JC: Acho que foi no circuito de premiação para o Zero Dark

Thirty (A Horta mais Escura), quando as pessoas começaram a me perguntar o que queria fazer depois. O documentár­io de Tammy Faye estava passando na TV, eu assisti e pensei: “Uau, parece um papel inacreditá­vel”. O canto, a pregação, tudo sobre ela. Era tudo tão completo – e sobre corrigir um erro. Foi tão desagradáv­el como ela foi tratada pela mídia. O fato de ter sido desprezada por causa de sua maquiagem e de suas roupas, sua aparência, em vez de escutar o que ela dizia sobre amor, religião, sobre os cristãos e como o cristianis­mo deveria ser; como ela conseguiu alcançar e realmente levou amor a todos aqueles que se sentiam abandonado­s; como ela foi transforma­da em piada. Isso partiu meu coração. Mesmo agora, quando você menciona o nome dela, tem pessoas que dizem: “Ah, sim, ela está cantando e tem o rímel escorrendo pelo seu rosto”. Gastei mil horas estudando quem era ela. Assisti a todas as filmagens que pude encontrar e não vi em lugar nenhum, nem uma só vez, seu rímel escorrendo. Acho que isso ficou na cabeça das pessoas por causa da mídia – as apresentaç­ões satirizand­o e todos zombando dela. Quero que as pessoas conheçam a verdade.

L’O: Falando sobre a maquiagem, a incrível transforma­ção, as unhas imensas – a forma como você abre as latas de Coca Diet com a lixa de unha, no filme, responde a muitas perguntas para mim.

JC: Sei fazer isso porque minha mãe tinha aquelas unhas. Logo que cheguei no set, pensei: “Preciso abrir uma dessas. Alguém tem uma lixa de unha?”. Minha mãe sempre tinha uma lixa de unha na bolsa, e ela a usava para abrir suas latas de refrigeran­te.

L’O: Você passou muitas horas na cadeira para a maquiagem? JC: Sim. E não pretendo repetir a dose. Foi fonte de muita ansiedade para mim. Tive embolia pulmonar há alguns anos e, quando entro em um avião, sempre penso em como preciso ser cuidadosa para não ter coágulos de sangue. Sentada lá, na primeira semana de trabalho, pensei: “Oh, meu Deus, é como se eu cruzasse o país de avião todo dia”. Era preciso ficar muito estática. Tive de usar meias de compressão nas pernas. No primeiro dia de filmagem, eles foram me buscar às 3h30 da manhã. Mas logo comecei a pensar em como transforma­r tudo isso em algo positivo. E assisti a Tammy Faye por pelo menos quatro horas toda manhã. Andrew (Garfield, que

interpreto­u Jim Bakker) estava lá e trocávamos ideias sobre o que iríamos fazer naquele dia. Eu a assisti, eu a escutei, tinha comigo uma seleção de áudio somente com sua voz, e, quando fechava os olhos para colocar as próteses e a maquiagem, eu a escutava e repetia depois dela. Tinha uma longa estrada pela frente todos os dias. Ora estava me preparando, ora estava atuando. Quando fui fazer o primeiro teste com toda a prótese, tive uma espécie de ataque de pânico. Você começa a transpirar e seu coração bate mais forte, e tudo faz com que você se sinta pior, porque sua pele não pode respirar, e você não pode tirar tudo, porque pode arrancar sua pele…

L’O: Você sozinha fez toda a sua parte musical no filme? JC: Sim! Isso foi outra coisa. Estava realmente com medo. Digo, cantava no colégio, mas nada perto disso. E Tammy Faye é uma cantora sem medo. Ela não teme sua visão de moda nem do seu amor – ela é um estrondo. Tem um vozeirão, canta para Jesus! Quando fui fazer uma pré-gravação com Dave Cobb (que produziu a música para A Star Is Born), com quem, aliás, estava bem contente de trabalhar, fiquei apavorada. Apareci com uma garrafa de uísque e bebi durante os dois dias enquanto cantava. Dave é um tipo de produtor muito esperto: ele subiu as notas em um nível mais agudo no segundo dia. Disse: “Vamos refazer tudo, desde o início”. O quê?!? “Você está cantando como se fosse fácil. Faye, quando canta, vai além. Preciso que você dê toda a sua energia nessas músicas.” E foi o que tivemos no filme. Você me ouve no máximo a cada canção.

L’O: Você é a capa da publicação do aniversári­o de 100 anos da L’officiel. Tem algum look favorito?

JC: Realmente gostei do casaco de pele branco com chapéu branco. Pele falsa, é claro. O look saiu de uma foto

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ACIMA – Vestido ROBERTO CAVALLI, sapatos GIANVITO ROSSI, bracelete TIFFANY & CO. PÁGINA OPOSTA – Vestido JASON WU, bracelete CARTIER PÁGINA ANTERIOR – Vestido CHLOÉ

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