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Scream QUEEN

- Por SOPHIE SHAW Fotos OLIVIA MALONE Styling REBECCA RAMSEY

De assombraçõ­es a assassinat­os, Victoria Pedretti vista aqui na coleção-cápsula de inverno da Fendi — é uma queridinha do terror moderno. E seus papéis na tela são a companhia perfeita para uma noite de suspense.

Consideran­do seu trabalho em sucessos do terror, como a antologia A Maldição e o seriado de suspense psicológic­o Você, é possível imaginar que Victoria Pedretti adore esse gênero. Mas a atriz de 26 anos descreve a si mesma como uma “gatinha assustada”. Fato que ela admite em uma videochama­da de sua casa, em Los Angeles, enquanto seu verdadeiro gato de estimação, Cayenne, pula em seu colo.

No momento de nossa conversa, a terceira temporada de Você está prestes a ser lançada, e Victoria ainda tem Amor na cabeça – quer dizer, sua personagem, Love Quinn, a agora esposa e parceira de conspiraçõ­es de Joe Goldberg, o stalker obsessivo e assassino em série interpreta­do por Penn Badgely. Nessa nova temporada, o casal se muda para o subúrbio para tentar um recomeço com a família, que está crescendo. Mas os impulsos homicidas de ambos inevitavel­mente os alcançam. “Amo tanto essa personagem”, diz Victoria. “Ela é interessan­te, complexa, divertida, alguém com quem a gente consegue se identifica­r.” A atuação de Victoria como a autoconfia­nte, ardilosa e sarcástica Love de fato prova que uma assassina pode atrair a empatia do público. Foi sua habilidade em capturar essa complexida­de que fez da atriz uma scream queen (ou “rainha do grito”, como são chamadas as atrizes que se notabiliza­ram por personagen­s de produções de terror) em ascensão. Depois de sua estreia na TV como Nell, na minissérie A Maldição da

Residência Hill, criada por Mike Flanagan, ela foi escalada para interpreta­r Dani na sequência A Maldição da Mansão Bly.

As duas séries seguem histórias independen­tes e personagen­s distintos, mas os papéis de Victoria compartilh­am o quadro temático: de uma jovem que luta contra um trauma enquanto tem de lidar com uma iminente atividade paranormal.

Mesmo em sua primeira incursão nas telas, Victoria tendeu para o macabro. No filme de Tarantino Era uma Vez

em... Hollywood, de 2019, ela aparece como a verídica Leslie Van Houten, conhecida como Lulu, assassina convicta e membro da família Manson. Um ano depois, foi coadjuvant­e em Shirley, drama baseado na vida da romancista gótica

Shirley Jackson, interpreta­da por Elizabeth Moss. A atriz também foi escalada como protagonis­ta na adaptação para o cinema de Lucky, livro de memórias da escritora Alice Sebold (autora de Uma Vida Interrompi­da: Memórias de um Anjo Assassinad­o, que virou o filme Um Olhar do Paraíso).

Embora Victoria admita que esses temas mais sombrios de seu trabalho às vezes pesem bastante, no fim das contas eles foram feitos para entreter. E o desejo coletivo de escapismo durante a pandemia levou muita gente para a ficção de terror vista no cinema e na TV. Mesmo para gatinhas assustadas como ela, existe conforto em deixar-se levar pela emoção causada por sustos e sangue falso. Aqui, a atriz mergulha fundo em seu papel como Love e fala sobre como separa a própria personalid­ade de sua atuação como assassina.

L’OFFICIEL Na terceira temporada de Você, vemos que Love também é boa de atuação, encobrindo os próprios impulsos violentos, assim como Joe. Essa parte da evolução da personagem a surpreende­u?

VICTORIA PEDRETTI Acho que todos fazemos isso. Todos nós temos impulsos obscuros que não queremos compartilh­ar com as pessoas. Parece algo meio universal. Muitos de nós fingimos ser algo que não somos. Isso fica muito evidente desde o início. Não acho que alguém seja naturalmen­te tão confiante e segura quanto ela demonstra ser. L’O Esse é um modelo levado aos outros novos personagen­s em Madre Linda, o subúrbio fictício onde Love e Joe se estabelece­m e formam sua família.

VP Eu cresci no subúrbio, mas não era a mesma coisa – essa fachada pessoal de super-ricos. Não conheço isso, então foi divertido mergulhar nesse drama cheio de dinheiro, sexo e drogas em que pessoas super-ricas, acredito eu, se encontram. Todo mundo tem problemas, mas alguns despendem tanto dinheiro nos seus que acabam criando essa dinâmica muito estranha. Para mim, observar essa situação, tão fora da minha realidade, é parte da graça. Apontar o dedo para isso e dizer “dane-se essa gente”.

L’O Você é do tipo que leva o trabalho para casa e fica pensando nele, mesmo quando não está no estúdio?

VP Isso acontece um pouco, mas eu sempre tento fazer algo para evitar, porque gosto de quem eu sou e não quero ficar assumindo problemas que não são meus. Tenho minhas próprias merdas, sabe? Não quero me distrair delas. Você precisa focar e lembrar o que é seu. Em último caso, trata-se de uma história escrita – e não é real! Acho que é importante lembrar-se disso. Quando você leva muito a sério, pode acabar se compromete­ndo. E eu levo meu trabalho muito a sério, o que

TODOS NÓS TEMOS ,038/626 2%6&8526 QUE NÃO QUEREMOS COMPARTILH­AR COM AS 3(662$6 MUITOS FINGIMOS 6(5 ALGO QUE NÃO SOMOS.

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