Scream QUEEN
De assombrações a assassinatos, Victoria Pedretti vista aqui na coleção-cápsula de inverno da Fendi — é uma queridinha do terror moderno. E seus papéis na tela são a companhia perfeita para uma noite de suspense.
Considerando seu trabalho em sucessos do terror, como a antologia A Maldição e o seriado de suspense psicológico Você, é possível imaginar que Victoria Pedretti adore esse gênero. Mas a atriz de 26 anos descreve a si mesma como uma “gatinha assustada”. Fato que ela admite em uma videochamada de sua casa, em Los Angeles, enquanto seu verdadeiro gato de estimação, Cayenne, pula em seu colo.
No momento de nossa conversa, a terceira temporada de Você está prestes a ser lançada, e Victoria ainda tem Amor na cabeça – quer dizer, sua personagem, Love Quinn, a agora esposa e parceira de conspirações de Joe Goldberg, o stalker obsessivo e assassino em série interpretado por Penn Badgely. Nessa nova temporada, o casal se muda para o subúrbio para tentar um recomeço com a família, que está crescendo. Mas os impulsos homicidas de ambos inevitavelmente os alcançam. “Amo tanto essa personagem”, diz Victoria. “Ela é interessante, complexa, divertida, alguém com quem a gente consegue se identificar.” A atuação de Victoria como a autoconfiante, ardilosa e sarcástica Love de fato prova que uma assassina pode atrair a empatia do público. Foi sua habilidade em capturar essa complexidade que fez da atriz uma scream queen (ou “rainha do grito”, como são chamadas as atrizes que se notabilizaram por personagens de produções de terror) em ascensão. Depois de sua estreia na TV como Nell, na minissérie A Maldição da
Residência Hill, criada por Mike Flanagan, ela foi escalada para interpretar Dani na sequência A Maldição da Mansão Bly.
As duas séries seguem histórias independentes e personagens distintos, mas os papéis de Victoria compartilham o quadro temático: de uma jovem que luta contra um trauma enquanto tem de lidar com uma iminente atividade paranormal.
Mesmo em sua primeira incursão nas telas, Victoria tendeu para o macabro. No filme de Tarantino Era uma Vez
em... Hollywood, de 2019, ela aparece como a verídica Leslie Van Houten, conhecida como Lulu, assassina convicta e membro da família Manson. Um ano depois, foi coadjuvante em Shirley, drama baseado na vida da romancista gótica
Shirley Jackson, interpretada por Elizabeth Moss. A atriz também foi escalada como protagonista na adaptação para o cinema de Lucky, livro de memórias da escritora Alice Sebold (autora de Uma Vida Interrompida: Memórias de um Anjo Assassinado, que virou o filme Um Olhar do Paraíso).
Embora Victoria admita que esses temas mais sombrios de seu trabalho às vezes pesem bastante, no fim das contas eles foram feitos para entreter. E o desejo coletivo de escapismo durante a pandemia levou muita gente para a ficção de terror vista no cinema e na TV. Mesmo para gatinhas assustadas como ela, existe conforto em deixar-se levar pela emoção causada por sustos e sangue falso. Aqui, a atriz mergulha fundo em seu papel como Love e fala sobre como separa a própria personalidade de sua atuação como assassina.
L’OFFICIEL Na terceira temporada de Você, vemos que Love também é boa de atuação, encobrindo os próprios impulsos violentos, assim como Joe. Essa parte da evolução da personagem a surpreendeu?
VICTORIA PEDRETTI Acho que todos fazemos isso. Todos nós temos impulsos obscuros que não queremos compartilhar com as pessoas. Parece algo meio universal. Muitos de nós fingimos ser algo que não somos. Isso fica muito evidente desde o início. Não acho que alguém seja naturalmente tão confiante e segura quanto ela demonstra ser. L’O Esse é um modelo levado aos outros novos personagens em Madre Linda, o subúrbio fictício onde Love e Joe se estabelecem e formam sua família.
VP Eu cresci no subúrbio, mas não era a mesma coisa – essa fachada pessoal de super-ricos. Não conheço isso, então foi divertido mergulhar nesse drama cheio de dinheiro, sexo e drogas em que pessoas super-ricas, acredito eu, se encontram. Todo mundo tem problemas, mas alguns despendem tanto dinheiro nos seus que acabam criando essa dinâmica muito estranha. Para mim, observar essa situação, tão fora da minha realidade, é parte da graça. Apontar o dedo para isso e dizer “dane-se essa gente”.
L’O Você é do tipo que leva o trabalho para casa e fica pensando nele, mesmo quando não está no estúdio?
VP Isso acontece um pouco, mas eu sempre tento fazer algo para evitar, porque gosto de quem eu sou e não quero ficar assumindo problemas que não são meus. Tenho minhas próprias merdas, sabe? Não quero me distrair delas. Você precisa focar e lembrar o que é seu. Em último caso, trata-se de uma história escrita – e não é real! Acho que é importante lembrar-se disso. Quando você leva muito a sério, pode acabar se comprometendo. E eu levo meu trabalho muito a sério, o que
TODOS NÓS TEMOS ,038/626 2%6&8526 QUE NÃO QUEREMOS COMPARTILHAR COM AS 3(662$6 MUITOS FINGIMOS 6(5 ALGO QUE NÃO SOMOS.