Inovação & savoir-faire
A história da Louis Vuitton é bem bonita porque passa pela realização de um sonho, o empenho para alcançar a maestria e o empreendedorismo. Em 1837, o jovem Louis Vuitton, com 16 anos de idade, chegou a Paris a pé e conseguiu virar aprendiz de Monsieur Maréchal. Lá, ele aprendeu a fabricar os baús que transportavam bens pessoais em viagens. Dedicado, seu aprendizado foi rápido e permaneceu como artesão por 17 anos, até abrir seu próprio espaço no número 4 da Rue Neuve-des-capucines, próximo à Place Vendome. Apenas cinco anos mais tarde, seu sucesso já era tão grande que ele precisou transferir os ateliês para Asnières, uma vila há poucos quilômetros da capital francesa, em 1859.
O casarão que chegou a abrigar 225 funcionários, por volta de 1914, está em funcionamento até hoje. O savoir-faire dos artesãos é tão particular que é onde a marca produz alguns dos seus produtos mais preciosos, como baús rígidos, itens em couros raros e pedidos especiais. Apesar de ser o espaço mais charmoso de produção, a Louis Vuitton é hoje uma das marcas mais poderosas da moda e, para dar conta da demanda, precisa de várias outras fábricas e ateliês. São 18 oficinas de artigos de couro na França, quatro na Espa
nha e três nos Estados Unidos, além de uma de calçados na Itália, de relógios na Suíça e uma joalheria na França.
É a busca da excelência nesses espaços que recheiam o livro Louis Vuitton Manufactures, com lançamento em fevereiro. Com texto de introdução assinado pelo jornalista e historiador Nicholas Foulkes, a publicação traz fotos exclusivas das oficinas e dos artesãos. A ideia é mostrar que seus ateliês desafiam a ideia tradicional de como um espaço como esse funciona, que podem ser um lugar de realização e individualidade, onde o savoir-faire pode ser aprendido, respeitado e transmitido. “Não é sobre bagagem, é sobre inovação”, diz Michael Burke, CEO da marca, referindose à outra característica que fez toda a diferença na trajetória do fundador da maison: a criatividade para encontrar soluções originais. Em 1886, Louis e seu filho Georges adotaram um sistema único de trancas formadas por duas fivelas com molas. Patenteado, é usado até hoje.
Louis Vuitton – Manufactures, introdução de Nicholas Folkes. Editora Assouline, 400 páginas.