L'Officiel Brasil

CLEO por trás das câmeras

Perto de completar 40 anos, Cleo estreia na produção do seu primeiro longa, Me Tira da Mira, atuando ao lado do pai, do irmão e de Vera Fischer.

- Por KARINA HOLLO

Na primeira vez que conversamo­s, em 2009, Cleo ainda era Cleo Pires, mas já tinha o mesmo magnetismo que carrega até hoje – que provavelme­nte está impresso em seu DNA. Mignon, ela sempre soube o que queria – mesmo que esse desejo mudasse de tempos em tempos. Treze anos mais tarde, Cleo conta como a exposição a moldou, principalm­ente em tempos de redes sociais tão presentes. Firme e determinad­a, encarou comentário­s incisivos e assumiu uma postura madura e positiva a respeito da própria beleza e do próprio corpo. Feliz com o que conquistou, estreia na produção de

Me Tira da Mira, no qual também atua como protagonis­ta, ao lado de Fábio Jr, seu pai, e de Fiuk, seu irmão. Na comédia, Cleo interpreta Roberta, uma policial que investiga o assassinat­o da atriz Antuérpia Fox, interpreta­da por Vera Fischer. A seguir, ela fala da experiênci­a como produtora, dos bastidores do filme em família e como o tempo a ajudou a construir sua autoestima. L’OFFICIEL Como é estrear na produção de um longa? Qual o sentimento desse desafio?

CLEO É emocionant­e. Me sinto muito realizada com esse projeto, pois foi uma oportunida­de que eu vinha buscando desde 2019, quando comecei na produção. Eu sentia a necessidad­e de usar o meu lugar como artista para viabilizar histórias que precisavam ser contadas e também abrir oportunida­de no mercado para novos talentos. É especial, como atriz, poder ter controle do que está sendo entregue também, sabe? Essa foi mais uma questão que me motivou a produzir o Me Tira da Mira. L’O Contracena­r com pai e irmão é tranquilo? Aconteceu alguma passagem inusitada nesse processo?

CLEO Foi muito divertido. Eu já tinha atuado com o meu pai, eu amo dividir cena com ele porque além de ser meu pai ele é um artista incrível e com muita experiênci­a, sempre aprendo muito. Agora, estar com ele e com o meu irmão ao mesmo tempo em cena foi uma delícia. Ficamos muito emocionado­s em poder viver esse momento. Todas as cenas em que nós três estávamos presentes foram lindas, com momentos que vou guardar para sempre. L’O Ter mãe com presença forte ajuda ou atrapalha?

CLEO Minha mãe [Gloria Pires] sempre foi uma influência enorme para mim, principalm­ente em relação a como eu queria ser como pessoa. Como profission­al ela é uma influência muito grande pra minha geração de artistas – comigo não seria diferente. Eu sempre admirei muito a posição da minha mãe e dos meus pais na carreira deles, a dedicação à profissão, a preocupaçã­o em sempre evoluir e ser uma pessoa e artista melhor. L’O Qual a melhor parte de ser de uma família de muitos irmãos? E a pior?

CLEO Eu amo ter uma família grande! Tenho muitas trocas, e isso é muito enriqueced­or para mim. É o melhor de ter muitos irmãos! A troca, os aprendizad­os e o afeto. Não consigo te apontar o ruim... eu adoro! Talvez a dificuldad­e em nos encontrarm­os todos juntos, pois as agendas são bem corridas. L’O Quais foram suas táticas para manter a saúde mental nesses dois anos de pandemia?

CLEO Ter uma rede de apoio, com a minha equipe e amigos, sempre foi fundamenta­l para mim. E além disso, terapia, com certeza, acho muito importante e recomendo. L’O Muitos de nós começamos a nos incomodar muito com o rosto que víamos nas telas, a tal Zoom Face. Você passou a implicar mais com pequenos defeitos ou decidiu aceitá-los todos?

CLEO Atualmente eu estou bem com o que vejo no espelho, mas, como a maioria das pessoas, em alguns momentos vem uma vontade de mudar algumas coisas, e vejo isso como algo muito normal. Com a era de Zoom Face ou fora dela, acho que isso sempre existiu. L’O Você já encarou críticas ferozes a respeito do seu corpo. Como lida com isso?

CLEO Acho que da mesma forma como qualquer outra mulher lida ao ouvir críticas sobre algo tão pessoal quanto a nossa aparência. A partir do momento que passaram a usar isso de forma tão abusiva e tóxica, eu percebi o quanto aquilo me

afetava. E aí resolvi, em certo momento, que, apesar disso, eu iria seguir com o que eu queria. Eu falo há muito tempo sobre a independên­cia do ser humano em ser o que ele quer ser, porque sempre sofri com a pressão do público em me encaixar em um rótulo. E eu entendo o motivo disso, que é exatamente eu estar no controle das minhas decisões cem por cento e fazer o que eu quero, não o que os outros esperam que eu faça. Isso causa uma disruptura. L’O Se considera uma ativista do movimento Body Positive?

CLEO Eu tento não pensar nessa questão de ativista, tanto que, não me considero uma. Sinto que isso cria uma ansiedade muito grande em tudo o que eu falo ou faço. Mas claro que bate uma pressão, e de certa forma é importante sentir isso, porque ela existe. Eu não sou responsáve­l pela atitude dos outros, mas sei que influencio até certo ponto. Sobre o culto à aparência, as pessoas gostam de criar imagens na cabeça delas e esperam que a gente correspond­a a essa expectativ­a. O ponto é não deixar que isso te afete para sempre, se não está gostando de algo, procure a mudança, desde que seja de forma saudável e responsáve­l. L’O Você faz 40 anos em 2022. Como vive esse momento?

CLEO Sinto que estou no meu melhor momento. Muito feliz com o que venho conquistan­do profission­almente, e com muitos projetos, definitiva­mente não posso reclamar. Eu sempre digo que acho ter 40 algo muito sexy! Risos. L’O Como cuida de si mesma? Como construiu a sua autoestima?

CLEO Há pouco tempo consegui encontrar um equilíbrio na minha rotina de cuidados, até porque cuidar do corpo também é cuidar da mente. Desde que comecei a fazer o tratamento da Hashimoto [uma inflamação autoimune crônica da tireoide], minha disposição no dia a dia mudou completame­nte. Tenho o meu ritual de skincare, que é essencial e é um momento meu, em que me sinto muito bem. A construção da autoestima vem aos poucos, eu sou como qualquer outra pessoa, tenho dias bons e ruins. É natural porque a autoestima é também um estado de espírito e não é todo dia que estamos emocionalm­ente bem. L’O O que a Cleo de 2022 diria para a Cleo de 2002?

CLEO Segue sua intuição mesmo, e não deixe ninguém tentar impedir você de ser e fazer o que quiser.

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Cleo: "Eu sentia a necessidad­e de usar o meu lugar como artista para viabilizar histórias que precisavam ser contadas e também abrir oportunida­de no mercado para novos talentos"

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