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UM toque MAIS leve

- Por NATHALIE NORT

Nascido em Milão e baseado em Paris, o designer de interiores Fabrizio Casiraghi rapidament­e se tornou o queridinho da cena europeia do design. Ele trata seu trabalho como uma mistura eclética de passado e presente, altos e baixos, sempre atingindo a essência do desejo de seus clientes.

Desde que abriu seu estúdio, seis anos atrás, o designer de interiores milanês Fabrizio Casiraghi, de 35, construiu um portfólio repleto de projetos de alto nível em Paris, Cannes, Londres e EUA. Casiraghi trouxe prestígio a cada um de seus designs, mantendo uma noção de equilíbrio e fazendo-nos preferir Verbier a Courchevel e Ramatuelle a Saint-tropez. Assim como Achille Castiglion­i e Renzo Piano antes dele, Casiraghi estudou urbanismo e arquitetur­a na Politécnic­a de Milão. Pouco depois de se formar, ele se mudou para Paris onde foi trabalhar com Dominique Perrault, que projetou a Biblioteca Nacional da França. Casiraghi, então, voltou para a Itália e juntou-se a um grupo de voluntário­s no Fondo Ambiente Italiano, uma fundação privada que desde 1975 se envolve com a proteção de cerca de 60 monumentos e parques nacionais italianos – como a Villa Necchi Campiglio, em Milão, construída entre 1932 e 1935 por Piero Portaluppi. A arquitetur­a racionalis­ta da villa, seus jardins luxuosos e a decoração art déco inspiraram o jovem Casiraghi a seguir carreira no design de interiores, e ele passou os dois anos seguintes no Dimore Studio, pelo qual foi enviado a participar de vários projetos ao redor do mundo. Depois de retornar a Paris em 2015, aos 29 anos, Casiraghi abriu sua própria agência, primeiro projetando o design de residência­s e, depois, expandindo o negócio para espaços de varejo e restauran

Meu PAPEL É OUVIR, me adaptar E NÃO IMPOR MINHA ASSINATURA.

tes. Seu trabalho é, notadament­e, influencia­do pelo tempo que ele passou com sua avó na pequena cidade de Brixen, na região italiana de Trentino-alto Adige, na fronteira com a Áustria, bem como por artistas franceses dos anos 1930 e 1940, como Jean-michel Frank, André Arbus, Jean Royère e Émile-jacques Ruhlmann.

A tarefa de renovar o famoso restaurant­e parisiense Drouant foi, ao mesmo tempo, uma honra e um desafio para Casiraghi. Na década de 1920, Ruhlmann já havia renovado o design original da casa, dos anos 1880, e outra famigerada reforma foi feita na década de 1980. Mas o restaurant­e precisava retornar ao seu espírito art déco, para evitar que se tornasse um “salão de época”. “Respeito imensament­e o trabalho de arquitetos como Jacques Garcia, na França, e do Studio Peregalli, na Itália, que, à sua maneira, foram capazes de recompor o passado. Mas prefiro reinterpre­tar códigos históricos com a influência do presente”, diz Casiraghi, que pediu a seu amigo Roberto Ruspoli que desenhasse os afrescos em duas salas do famoso endereço de Goncourt. Foi a mesma abordagem usada em seu trabalho no hotel La Ponche, o esconderij­o das celebridad­es dos anos 1960 e 1970 em Saint-tropez, bem como no The Luigi, um piano-bar a que Cannes inteira vai para reviver uma sensação de glamour vintage.

Fã do movimento de artes e ofícios, Casiraghi costuma testar combinaçõe­s “exóticas”. Para ele, o estilo shaker combina perfeitame­nte com a pureza de uma luminária Noguchi e o estilo graça sueca, com uma cadeira Free Edge de George Nakashima. Se distanciar-se do pastiche é um princípio fundamenta­l do design, também é assim com a adaptação ao contexto e ao cliente. Por exemplo, um amplo apartament­o no bairro dos Invalides, em Paris, projetado para uma família, cujos elementos mais dominantes eram os efeitos decorativo­s do prédio: as chaminés, os folheados e os pisos de madeira nobre Versailles. “Tivemos de ser humildes, de fazer tudo aos poucos, adicionand­o pequenos toques e cores fortes.”

Na própria casa de Casiraghi, em Paris, a Europa Central do século passado é exibida de modo eclético: uma fruteira de Josef Hoffmann, uma luminária de Gabriella Cresi, as rígidas curvas de um Mario Botta e a eloquência de um Gio Ponti, e talvez uma bugiganga barata vinda dos souks de Marrakesh, onde o designer passa as férias com a família. Projetos futuros incluem o Bellevue Hotel, em Londres, e residência­s particular­es em Los Angeles e Miami.

Antenado com o humor de seus clientes, Casiraghi também se sente confortáve­l ao alterar um loft parisiense de estilo Eiffel amplamente iluminado, criando uma “garconière feltrada” com altos painéis ingleses de feltro verde, bem ao espírito de um clube privado. “Um projeto nasce de limitações. Meu moodboard é composto da localizaçã­o, é claro, mas também das imagens que o cliente já tem em mente”, ele diz. “Meu papel é ouvir, me adaptar e não impor minha assinatura. Se eu já tenho um estilo identificá­vel agora, aos 35 anos, o que serei capaz de realizar aos 50?”

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ACIMA, À ESQUERDA – Retrato de Fabrizio Casiraghi, fotografad­o por Romain Laprade.
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