NOVAS IMPRESSÕES
Usando a arte como meio de registro sobre o mundo de hoje, uma nova geração de artistas plásticos nacionais tem finalmente trazido as realidades do contemporâneo para a pintura — produzindo obras que, apesar das técnicas tradicionais, não poderiam ser de outros tempos. É assim com Maxwell Alexandre, por exemplo, que já inseriu até um tênis Yeezy como símbolo nas tintas das suas narrativas, ou nos cotidianos de Rodrigo Yudi Honda. Esse mesmo movimento alimenta a arte de Antonio Kuschnir (na foto à esquerda), que ocupa o salão principal do MAC de Niterói com a expo Choro. Aos 21 anos, o pintor carioca é o mais jovem a assumir o espaço. A pouca idade pode não denunciar a produção volumosa mas implica um frescor às telas, remetendo aos clássicos para refletir sobre dramas atuais. “O que Antonio tem de mais forte é a capacidade de pegar referências históricas e trazer toda essa carga emocional, fazendo releituras do que vivemos no presente”, define Victor Valery, que representa Kuschnir pela sua galeria Vandl Art e assina a curadoria da mostra. As 73 telas foram produzidas entre 2019 e 2022 e carregam o peso de dissolução social da quarentena, fase que acentuou temas que já pesavam nas cabeças de quem vive num mundo hiperconectado — especialmente o uso intensivo de redes sociais, gatilho de ansiedades, afetos quebradiços e conexões interpessoais fragmentadas. Por isso suas figuras choram copiosamente, celulares nas mãos. Ou dividem aflições entre si pelas telas, com seus corpos retroalimentados pela disforia dos filtros. Antonio entrega uma série de situações impressionistas que geram identificação em qualquer um, com todo o desconforto que a arte tem direito de causar.