Show de BOLA
Esferas de ouro são o ponto alto da coleção Perlée da Van Cleef & Arpels, que acaba de ganhar novas peças preciosas.
Assim como acontece na moda, o acabamento na joalheria é assunto sério. Quanto mais luxuosa a peça, mais impecável o avesso. Na década de 1920, período em que a Van Cleef & Arpels recebeu o prêmio máximo da Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industrieles, em Paris, com a pulseira Roses, e que Renée Puissant, filha dos fundadores se tornou diretora criativa ao lado do designer René-sim Lacaze, a marca passou a adotar pequeninas esferas de ouro para enfatizar um desenho ou “bordar” uma pedra. A partir de 1948, essas bolinhas ganharam tamanhos diferentes e se espalharam pelas coleções Cuscuz e Bagatelle; e também contribuíram para o toque lúdico nos clipes de animais.
Nos modernos anos 1960, lá estavam elas enfatizando as formas fluidas e flexíveis ou enroladas em tranças na coleção Twist, combinadas com coral, turquesa e pérolas cultivadas. O sucesso expandiu a presença para as peças Alhambra, em 1968. A essa altura, as contas douradas já tinham peso de assinatura nas criações da joalheria parisiense. Em 2008, elas finalmente ganharam holofote com a coleção Perlée que, agora, pela primeira vez, abre espaço para gemas coloridas em anéis, brincos e relógios com opções em ouro amarelo, rosa ou branco.
A estética dos anéis filipinos criados pela Maison também em 1968 inspira cinco novos modelos com um toque ensolarado e pop. No shape tridimensional de cada um deles, salta uma pedra cuidadosamente selecionada por sua cor vibrante e dimensões generosas. Pode ser o preto brilhante do ônix, o raro verde-escuro estriado da malaquita, o azul levemente brilhante do lápis-lazúli ou o refrescante da turquesa e o tom vermelho-alaranjado do coral. Duas fileiras de delicadas bolinhas douradas moldadas através da técnica de fundição por cera perdida compõem a moldura junto com uma linha de diamantes redondos. Para arrematar, a técnica de polimento espelhado confere às criações jogos de reflexos e contrastes.
Já as joias Caroline, lançadas no fim dos anos 1970, foram referência para três novos anéis com shape de aliança larga, design assimétrico e jogos de luz e forma. São cinco fileiras de contas douradas – a mais larga no cume e a mais fina embaixo – de cada lado de uma faixa oblíqua de pedras: os rubis carmim são combinados às delicadas nuances do ouro rosa, enquanto as safiras azuis intensas e as esmeraldas de verde luminoso se harmonizam com o brilho quente do ouro amarelo. As versões em pavês de diamantes redondos lançados há dois anos ganharam brincos que formam conjuntos. Apesar da aparência minimalista, essas joias exigiram destreza dos artesãos, que usaram pela primeira vez a técnica de fixar as pedras utilizando “pregos” de ouro polido posicionados entre elas. Para intensificar o brilho do anel, a montagem foi texturizada em favo de mel.
Para marcar as horas há cinco versões com o mostrador em madrepérola, ônix e ouro amarelo rodeado de contas. A hora é ajustada por meio de um botão na parte de trás da caixa, que fica completamente invisível quando o relógio é usado. Quatro dos cinco novos modelos têm uma caixa de 23 mm de diâmetro, enquanto a caixa do quinto tem um diâmetro de 30 mm. Com pulseiras intercambiáveis, é possível utilizar tecido gros-grain ou uma versão flexível. A mais preciosa é feita inteiramente de elos articulados de contas de ouro.
As mesmas esferas voltam como protagonistas do relógio secreto que traz variações de materiais, como cornalina, pietresita negra e turquesa. Inspirados nas joias “você e eu”, possuem uma pulseira aberta inteiramente formada por contas douradas. Girando delicadamente em 360°, o círculo maior revela um mostrador de madrepérola branca, cercado por uma borda de diamantes redondos. É o tipo de peça que evidencia a expertise da Maison: a pulseira de ouro é produzida em oficinas francesas, enquanto os mostradores e movimentos são montados nas oficinas em Genebra. A colaboração entre estes ofícios resulta em relógios poéticos, que devolvem o encanto à arte de contar as horas.