Claudia Ohana
A atriz de Sol Nascente já não se incomoda com os rótulos: “me chame de bonita que eu adoro!”
Você é uma atriz experiente, com vários sucessos na carreira. O que pesou para aceitar dar vida a essa personagem?
“O que mais me chamou atenção foi viver essa linha italiana na novela. Eu quero que a Loretta seja bem passional, bem italiana. Eu não tenho ascendência italiana, mas é a minha cara, não? (risos).”
Loretta é uma mulher que trabalha no programa Médico Sem Fronteiras. Você já conhecia o programa?
“Eu conheço porque já vivi uma psiquiatra que trabalhava no Médico Sem Fronteiras. Na época, eu fiz curso de enfermagem, por isso posso dizer que já estava preparada para viver a Loretta.”
Na trama, Mário (Bruno Gagliasso) guarda mágoas de Loretta por ela ter abandonado a família. Como era a relação de Cláudia Ohana com a mãe?
“Eu e minha irmã fomos criadas pela minha tia. E essa minha irmã mais velha brigava muito com a minha mãe, que morreu muito nova, com apenas 35 anos. Geralmente, o filho mais velho fica com a carga maior para superar o abandono. Eu conheço bem o tema abandono, é complicado. A pessoa que é abandonada sempre tem uma marca.”
A atuação ajuda a superar traumas?
“O ator tem essa sorte de viver vários personagens e você bota muita coisa das experiências de vida em cena. Ele tem que ter experiência de vida, quanto mais carga emocional, mais verdadeira será a atuação. Isso não é uma regra porque existem atores, como os mirins, que você vê e se pergunta como eles fazem aquilo tudo em cena... O ator é um grande observador e, claro, exorcisa um pouco de tudo no trabalho.”
Como assim?
“Um exemplo disso é a Loretta. Hoje estou falando sobre a minha história de vida, talvez algo que nunca tenha falado antes, porque a personagem pede isso, traz isso na trama, onde estou me identificando com abandono e lidando com o tema. Estou tentando entender, por meio da Loretta, a atitude da minha minha mãe.”
Você sempre foi considerada uma mulher sexy e bonita. Esses rótulos chegaram a incomodar em algum momento da vida?
“Quando eu comecei as pessoas falavam da minha beleza e eu ficava incomodada. Isso porque, quando a gente é nova, quer mostrar que, além de bonita, é inteligente. Mas hoje eu não ligo. A mulher de 50 anos não é como antes, ela ainda está no jogo, a gente está na pista. Me chame de bonita que eu adoro! (risos).”