Malu

Uma mulher e tanto!

Conheça Marcella Maia, a atriz que venceu o preconceit­o e se tornou reconhecid­a internacio­nalmente

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De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuai­s (Antra), apenas em 2017, 179 travestis e transexuai­s foram assassinad­os no Brasil. Isso significa uma morte a cada 48 horas, deixando o Brasil no topo do ranking de países com maiores registros de homicídios de pessoas trans. O dado é assustador, mas não é novidade para essa parcela quase invisível da sociedade, que precisa resistir a uma vida de exclusão e violência. Felizmente, a modelo e atriz Marcella Maia conseguiu vencer os obstáculos e hoje tem uma carreira de sucesso internacio­nal. Conheça a história dessa estrela!

Descoberta da transexual­idade

“Eu me descobri trans aos dezessete anos, quando eu parei de lutar contra minha realidade e me aceitei. Mas a sensação de estar aprisionad­a em um corpo que não condizia com minha identidade me segue desde que me conheço por gente. Então, a minha cirurgia de readequaçã­o de gênero me permitiu tirar um peso das costas e uma agonia interna”, conta Marcella. Apesar de representa­r um alívio, o processo não foi nada fácil para a modelo: “A cirurgia é extremamen­te invasiva e dolorosa. Eu tive que ser forte nesse período, mas faria tudo outra vez sem pensar duas vezes”.

Preconceit­o

“Durante a vida, sofri muitos ataques de pessoas preconceit­uosas, não gosto nem de lembrar”, revela a atriz. E, mesmo depois da transição, as coisas continuara­m difíceis. “Depois que me assumi como mulher trans, o preconceit­o deixou de ser explícito e passou a ser mascarado. É aquele preconceit­o que todos nós enfrentamo­s diariament­e, seja ele de gênero, social ou racial”, conta.

Trajetória

Marcella conheceu o universo das passarelas ao trabalhar como agente de modelos em Brasília e, a partir daí, não parou de crescer. “Eu tinha uns quinze anos quando recebi a proposta de trabalho por meio de um olheiro na época em que eu era vendedora ambulante. Fiquei três anos na empresa, onde aprendi muita coisa. A partir daí, tentei minha carreira de atriz no Brasil, mas não tive sucesso. As portas estavam fechadas e, depois de receber ‘não’ de algumas agências, resolvi tentar a carreira internacio­nal. Foi aí que tudo começou. No início, foi muito difícil. Meu primeiro contrato foi em Istambul, na Turquia, em seguida Milão (Itália), e hoje passo maior parte do tempo em São Paulo”, relembra.

Grandes trabalhos

A primeira grande campanha da modelo foi para uma marca alemã, num momento em que tudo parecia dar errado: “Minha temporada em Istambul tinha sido um fiasco. Eu estava descrente, mas ver meu rosto estampado pela Europa toda me reanimou. Então as coisas começaram a melhorar, trabalhei com marcas como Versace, Missoni, Calvin Klein... Desfilei em Londres, Milão, Singapura e ainda protagoniz­ei editoriais de moda do mundo todo”. Foi nesse período que Marcella aprendeu três idiomas novos sem frequentar nenhum curso de línguas. Mas o ponto alto de sua carreira foi a atuação no filme Mulher Maravilha, no qual a atriz viveu o papel de uma guerreira.

Mensagem às leitoras

“Acho que muitos conflitos teriam sido evitados se eu tivesse abertura para conversar de tudo com meus pais. Talvez eu não teria fugido de casa por busca de respostas que eu não tinha, sem contar toda a re- pressão. Então, o primeiro passo para tentar compreende­r esse universo é conversar muito com os filhos. A transexual­idade não é uma escolha, e os filhos estão tão assustados quanto os pais durante essa descoberta. Meu conselho é: peguem leve e amem seus filhos incondicio­nalmente, pois a família é essencial.”

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