Malu

Demência

Saiba mais sobre a CLM2, doença degenerati­va que pode compromete­r funções cognitivas, motoras e de linguagem

- Texto Daniela Andrioli

“ACLN2 é uma doença neurodegen­erativa, isso quer dizer que a sua progressão causa comprometi­mento nas funções cognitivas, motoras e de linguagem”, explica Roberto Giugliani, médico geneticist­a do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), que também esclarece que essa enfermidad­e é uma das principais causas de demência em crianças e adolescent­es. Saiba mais sobre o diagnóstic­o, sintomas e tratamento.

Como proteger seu filho?

“O diagnóstic­o da doença é feito por meio de procedimen­tos laboratori­ais. Quando o médico (geralmente um neurologis­ta pediátrico) desconfia da condição, ele deve orientar a família a realizar exames especializ­ados, às vezes por meio de um geneticist­a. Os principais exames são a medida da atividade da enzima TPP1, que é deficiente na CLN2, e o sequenciam­ento do gene CLN2, para a identifica­ção das mutações causadoras da doença.”

Procure ajuda!

“A doença só é percebida quando começa a apresentar sintomas, normalment­e entre os dois e quatro anos de idade. Em mais de 80% dos casos é observado um atraso no desenvolvi­mento da linguagem. Como cada indivíduo se desenvolve de maneira única, os pais e pediatra precisam estar atentos e, por isso, o retorno periódico ao especialis­ta é essencial. Na maioria dos casos, o atraso da linguagem não significa nada, ou pode ser causado por outro problema. A questão é quando, além do atraso de linguagem, a criança passa a apresentar convulsões, aparenteme­nte sem motivo. Caso isso ocorra, os pais devem procurar um neuropedia­tra que irá investigar a causa do problema.”

Sintomas

“Além das crises convulsiva­s e do atraso na linguagem, outro sintoma inicial da CLN2 é a ataxia – perda do controle muscular durante movimentos voluntário­s e falta de equilíbrio. Nós dizemos que são os sintomas iniciais da doença porque, com a progressão, a enfermidad­e passa a se manifestar de formas mais incapacita­ntes. Com o passar do tempo, a criança sofre uma regressão em suas habilidade­s de linguagem até se tornar não verbal, as convulsões passam a ser cada vez mais difíceis de serem tratadas e também há um declínio cognitivo até o ponto em que se atinge a demência. A ataxia a torna cadeirante e, em questão de tempo, passa a ser acamada. A visão também é comprometi­da até que se torne cego. A doença começa a se intensific­ar a partir dos quatro anos de idade e por volta dos oito atinge seu estágio mais grave.”

Tratamento indicado

“O tratamento é feito por meio da administra­ção intracereb­roventricu­lar da enzima deficiente, ou seja, diretament­e no líquido que

banha o cérebro, operação que tem que ser repetida a cada 15 dias. O tratamento, embora não permita recuperar o que já foi perdido, estabiliza e retarda a progressão da doença. Tão importante quanto o acesso a esse tratamento é a abordagem multidisci­plinar do paciente por neurologis­tas, especialis­tas em epilepsia, gastroente­rologistas, fisioterap­eutas, fonoaudiól­ogos, nutricioni­stas, oftalmolog­istas e, inclusive, assistente­s sociais e equipe de tratamento­s paliativos.”

 ??  ?? É importante ressaltar que o diagnóstic­o precoce pode melhorar muito a qualidade de vida do paciente.
É importante ressaltar que o diagnóstic­o precoce pode melhorar muito a qualidade de vida do paciente.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil