Por trás do mau humor
Se o pessimismo, a impaciência e a mania de reclamar forem constantes, você pode estar com um problema de saúde!
Embora possa parecer engraçado em muitas situações, o mau humor crônico é uma condição séria que pode indicar a presença do transtorno distímico ou distimia. Segundo o psiquiatra Caio Magno, esse problema é uma forma de depressão leve, porém crônica. “A distimia pode passar despercebida, porque muitas vezes os sintomas são confundidos com o jeito de ser ou como uma característica da personalidade. Entretanto, o que nos preocupa é a alta taxa de comorbidade, ou seja, os estudos indicam que cerca de 77% dos distímicos irão desenvolver outras doenças psiquiátricas. A maioria, em alguma fase da vida, terá um episódio de depressão maior”, diz o médico psiquiatra.
Muito além do mau humor
O humor deprimido não é o único sintoma característico da distimia. “O distímico costuma ser pessimista, rabugento, reclamão e insatisfeito com a vida. Além disso, costuma gastar toda a energia no trabalho, deixando o lazer e os relacionamentos sociais de lado. Por isso, é comum encontrar mais pessoas solteiras que são diagnosticadas com distimia do que casadas. Quando casadas, é comum ter problemas conjugais”, explica o médico.
Causas
A origem da distimia é complexa. “Do mesmo modo que para outros transtornos psiquiátricos, a distimia tem um componente genético, que em conjunto com fatores fazem parte do desenvolvimento do quadro. Há ainda relação com desregulação dos processos neuroendócrinos e neuroquímicos. Mas cada caso deve ser avaliado individualmente”, afirma.
Mulheres são principais vítimas
A prevalência da distimia é de aproximadamente 3 a 6% da população em geral, sendo duas vezes mais frequente nas mulheres que nos homens. Em geral, os pacientes convivem com os sintomas por muitos anos sem buscar ajuda. “Mal-estar, cansaço, falta de energia, insônia e perda da capacidade de concentração são características típicas da distimia, mas que levam a pessoa a procurar uma explicação física, na maioria das vezes sem sucesso”, detalha o psiquiatra.
Surgimento precoce
A distimia costuma aparecer antes dos 25 anos, inclusive, é comum ter seu início na infância ou na adolescência. Entretanto, de acordo com Magno, ela é crônica e o atraso no diagnóstico impacta diretamente na qualidade de vida, causando prejuízos sociais, acadêmicos e profissionais importantes, sendo considerados ainda piores que nos demais tipos de depressão.
Tratamento
A boa notícia é que a distimia tem tratamento. “Estudos mostram que 50 a 60% dos pacientes com distimia respondem ao tratamento com antidepressivos. Além do uso de medicamentos, o paciente pode fazer a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC). Tratar é essencial não só para evitar o desenvolvimento de outros transtornos, como também para melhorar a qualidade de vida global”, conclui o especialista.