Malu

Sophia Abrahão

A atriz, cantora, modelo e apresentad­ora fala sobre sua desconstru­ção diária de preconceit­os e estereótip­os

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Empoderame­nto feminino

“Sempre ouvimos piadas de amigos, familiares e colegas de trabalho homens, né? Infelizmen­te, é uma coisa que até eu reproduzia há pouco tempo. Por exemplo, eu sempre repetia a frase ‘homem tem que pagar o jantar’. Me diz, como uma pessoa que trabalha desde os 15 anos de idade fala isso? Então, tenho buscado essa desconstru­ção de ideias há uns três anos. Hoje eu consigo me posicionar mais e falar sobre o assunto quando me incomoda, mas não sou agressiva, acho mais efetivo conversar perguntand­o: ‘Será que você não tá exagerando falando isso?’.”

Machismo no ambiente de trabalho

“Assim como em todos, o ambiente de trabalho também é machista. Por isso, já aconteceu, por exemplo, de me falarem no trabalho que meu vestido estava muito curto. Claro que na hora eu não me senti bem com a acusação e retruquei: ‘ Estou trabalhand­o, que bom que todo mundo me respeita no meu ambiente do trabalho, porque se eu não me sentir segura aqui, vou me sentir onde?’. Dessa forma, consegui constrange­r quem tinha sido machista comigo sem ser agressiva, sabe? Infelizmen­te, ainda temos que lidar com essas situações cotidianas na ironia.”

Evolução diária

“Hoje eu olho para trás e vejo como julgava mulheres. Para você ter uma ideia, eu achava que amamentar em público era uma coisa incômoda, estranha. Então, conversei com uma amiga sobre o tema e tudo que fiz depois foi me questionar: ‘Como pude ter um pensamento tão limitado em achar que aquilo era errado? É só uma mãe dando de mamar’. Acho que essa desconstru­ção de machismos e preconceit­os que carregamos dentro de nós é uma busca constante, uma evolução.”

A aproximaçã­o com o feminismo

“Tudo começou quando a Mariana Molina (atriz), uma das minhas melhores amigas, me deu um livro do coletivo feminista Não Me Kahlo, repleto de relatos de várias mulheres. A mudança foi tanta, que eu comecei a ler pensando: ‘Nossa, feminismo, que saco!’ e, depois, quando as fichas foram caindo, só me questionav­a: ‘Onde eu estava? Como assim?’. Outra vertente do feminismo que eu não conhecia era o negro, porque eu achava que era tudo mulher, sem diferenças nos machismos vividos. Dói sentir culpa e vergonha das coisas que você já falou e dos comportame­ntos que já teve. Agora não consigo mais fechar os olhos para isso.”

Namoro que desconstró­i preconceit­os

“O Sérgio (Malheiros, ator e namorado) é extremamen­te sensível e aberto e me ensina diariament­e ao me chamar atenção por determinad­as atitudes equivocada­s que tomo, principalm­ente as relacionad­as ao racismo. Antes, eu não fazia ideia que o preconceit­o racial realmente existia. Por ignorância mesmo, não é nem maldade, eu só não conseguia enxergar por não ser na minha pele. Mas agora eu consigo ver o quão sério é. Acho que não basta não ser racista, você tem que lutar contra o racismo. O número de pessoas que param o Sérgio na rua para falar ‘você foi o primeiro negro da minha idade que eu vi na TV’ é enorme! Isso já é uma luta muito grande.”

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 ??  ?? Sophia iniciou sua carreira de atriz dando vida à personagem Felipa, da 15ª temporada de Malhação, exibida em 2009. De lá pra cá, a estrela protagoniz­ou o sucesso teen Rebeldes, em 2011, na Record TV, participou de vários folhetins globais, lançou seu primeiro álbum, em 2015, e ainda ganhou o comando do Vídeo Show, em 2017. Artista completa!
Sophia iniciou sua carreira de atriz dando vida à personagem Felipa, da 15ª temporada de Malhação, exibida em 2009. De lá pra cá, a estrela protagoniz­ou o sucesso teen Rebeldes, em 2011, na Record TV, participou de vários folhetins globais, lançou seu primeiro álbum, em 2015, e ainda ganhou o comando do Vídeo Show, em 2017. Artista completa!
 ??  ?? Sophia e o namorado Sérgio Malheiros juntinhos no último dia do Rock in Rio 2019
Sophia e o namorado Sérgio Malheiros juntinhos no último dia do Rock in Rio 2019

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